Não há no mundo uma mulher que não sentiu medo do parto em algum momento da gestação. Dentre as muitas emoções que envolvem todo o processo de gestar e parir, o medo em maior ou menor medida, é a que mais aparece no discurso das mulheres.
Nesse texto vou abordar alguns aspectos que moldaram estes temores e dar algumas dicas de como se preparar para um parto sem medo!
Nesse post você vai encontrar
Até meados do século XX, o parto acontecia majoritariamente nos domicílios, acompanhado por parteiras – leigas ou não – e por outras mulheres do círculo social/familiar da gestante. A figura do médico era secundária e só era acionada em casos de complicações que as parteiras não eram capazes de resolver.
A progressiva transferência dos nascimentos para dentro dos hospitais e a intensa medicalização dos partos decorrentes disso promoveram mudanças profundas nas práticas de assistência obstétrica. Atualmente, temos consolidado um modelo hierárquico, pautado na figura do médico e intervencionista na sua origem.
Dentro do hospital a mulher passou a ser separada das figuras de sua confiança durante o parto e a ser submetida a intervenções de rotina de forma padronizada, é como se o corpo da mulher passasse a ser visto como “defeituoso” para parir naturalmente e precisasse da interferência do médico para funcionar melhor, ou mais rápido.
Este modelo estritamente medicalizado de assistência, claramente não atendia as demandas emocionais das mulheres e ajudou a moldar uma percepção negativa sobre o parto ao longo dos anos.
Aliás, é importante saber que algumas das intervenções utilizadas rotineiramente dentro dos hospitais como: manobra de Kristeller (pressão na parte superior do útero para “facilitar” a saída do bebê), episiotomia (incisão cirúrgica no períneo), amniotomia (ruptura artificial da bolsa), exigência de posição litotômica (posição ginecológica), tricotomia (depilação dos pelos da vulva), ocitocina venosa contínua, entre outras, estão ou podem estar no escopo do que consideramos violência obstétrica, fenômeno que nasceu dentro dos hospitais e que também é determinante na percepção negativa das mulheres em relação ao parto.
Tendo este modelo de assistência – intervencionista e centralizado no médico – se aprofundado e se intensificado nos últimos 70 anos no Brasil, não é difícil imaginar que ele faz parte do imaginário coletivo e que ajudou a moldar a construção social da percepção das mulheres e casais grávidos sobre o parto nas últimas décadas.
É muito comum que as mulheres sejam influenciadas ao longo da gestação por relatos negativos sobre o parto ou que a maioria das suas conhecidas ou familiares tenham ganhado seus bebês por cesariana. Na cabeça das pessoas, o parto normalmente está associado a dor, sofrimento, angústia, violência e muitos riscos para a vida da mãe e do bebê.
São histórias passadas de geração a geração por pessoas leigas – também culturalmente influenciadas por mitos e conceitos pré estabelecidos acerca do parto -, que geram medo e ansiedade na mulher ou casal grávido.
Não é lá muito encorajador passar a gravidez ouvindo coisas como “Você não vai aguentar”, “Você é corajosa de querer um parto normal”, “A dor é insuportável”, “A dor do parto é equivalente a 20 ossos se quebrando”, “Pra que sofrer, faz uma cesárea que é mais fácil/seguro/rápido”. São palpites que minam a confiança das mulheres, que não se sentem suficientemente preparadas para vivenciar o parto de maneira tranquila e segura.
A dor do parto certamente é uma das principais causas do medo do parto. Mas mesmo temendo a dor, a maioria das mulheres ainda manifesta o desejo pelo parto normal. Porque será que isso acontece?
Ouvindo mulheres ao longo do tempo, suas expectativas e temores, arrisco dizer aqui que o que essas mulheres temem na verdade não é a dor do parto em si, mas sim um parto extremamente medicalizado e intervencionista, as histórias sobre parto que escutaram ao longo da vida, estar num local frio e impessoal, desacompanhadas e inseguras num momento de grande vulnerabilidade, temem a sensação de despreparo para a vivência do parto, a violência obstétrica e principalmente, temem colocar a vida do seu filho em risco.
Quem não teria medo condições? Principalmente se não souber que existe escolha, que existe outra forma de nascer, uma forma segura e respeitosa, que atende aos anseios e medos das mulheres com acolhimento e suporte na preparação para o parto.
Mulheres que se preparam para o parto e que têm suas demandas emocionais atendidas com escuta atenta e informação, relatam que apesar da dor ser grande, foi superada com o apoio recebido ao longo do processo.
Antes de qualquer coisa tenha em mente que a dor do parto é inevitável, mas o sofrimento é opcional. A dor é um caminho a percorrer. A dor é você e seu corpo trabalhando juntos para trazer seu bebê ao mundo. A natureza é sábia demais para produzir uma dor maior do que você pode aguentar e com apoio e técnicas variadas é possível aliviá-la ou até mesmo interrompê-la por algum tempo. Mentalize que cada contração é uma a menos para o momento do tão esperado encontro e confie na capacidade do seu corpo.
Mas acima de tudo, se prepare emocionalmente para o parto! Como?
A doula vai te oferecer suporte emocional através de escuta empática, encorajamento e transmissão de calma para o momento do parto. Vai ouvir suas demandas, sanar suas dúvidas e conversar sobre seus medos, te tranquilizando sobre o processo e consequentemente diminuindo a ansiedade e as angústias que envolvem esse período.
Quer saber um remédio que doula pode receitar sem medo? Informação de qualidade e acolhimento para sanar medos e inseguranças.
A doula vai te dar suporte na escolha da melhor assistência dentro da sua realidade, compartilhar conhecimento sobre a fisiologia do parto, os sinais do seu corpo e o que vai acontecer com ele ao longo do trabalho de parto, o momento mais apropriado de ir para a maternidade, dentre outras coisas. Vai te ensinar massagens, posições e técnicas de respiração para alívio da dor, te oferecer um olhar confiante e tranquilizador e estar 100% focada nas suas necessidades.
As trocas de vivências e experiências com outras mulheres e casais na mesma situação podem ser muito enriquecedoras e encorajadoras. A preparação do casal para a vivência do parto pode inclusive, diminuir os riscos de complicações no pós parto e auxiliar no sucesso da amamentação.
Através do diálogo com pessoas de diferentes realidades e visões, mas que tem um interesse em comum, é possível desmistificar e rever crenças relativas à gestação, parto e pós parto, ressignificar a dor e o medo do parto, refletir sobre as condutas da sua assistência, exercer o protagonismo nas escolhas, podendo mudar o caminho caso seja necessário e ainda ampliar o conhecimento sobre a importância e as formas de participação do companheiro/acompanhante no parto.
Entre os inúmeros benefícios que os grupos de gestantes e casais grávidos podemos destacar os sentimentos de pertencimento e identificação. Aquela mulher ou casal, que se sentia sozinho e sem apoio, não se sente mais um peixe fora d’água, é uma mulher/casal que tem confiança nas suas decisões.
Essa é uma dica que, a princípio, pode parecer não ter muita relação com a preparação emocional, mas acredite, tem tudo a ver!
Antes de mais nada, você PRECISA saber que a lei que garante a gestante/parturiente o acompanhante durante todo o parto é nacional e está vigente desde 2005. Você pode e deve exigir a presença do seu.
É esperado e inclusive encorajado que a mulher se “desligue” do racional no trabalho parto e possa estar focada apenas na escuta ao sinais e demandas do seu corpo. Um acompanhante bem informado e preparado pode ser o apoio e a tranquilidade que a mulher precisa para conseguir se desligar. O acompanhante pode inclusive questionar a conduta médica e tem muito mais autonomia para garantir que as escolhas da mulher sejam respeitadas.
Informação de qualidade é o remédio para todos os medos. Procure fontes confiáveis de informação baseada em evidências sobre: fisiologia do parto, intervenções necessárias ou não, indicações reais ou fictícias de cesárea, segurança do parto normal, como fazer um plano de parto ou sobre qualquer assunto que te cause medo ou ansiedade. Uma mulher bem informada faz melhores escolhas e tem mais confiança em si.
Não se esqueça que nosso medo é influenciado pela percepção que temos das coisas, então nada melhor do que se munir de informação para perceber que o parto não é esse monstro assustador que a maioria das pessoas pinta.
Não deixe que o medo faça escolhas por você, se prepare para o que está por vir e se aproprie do seu prórpio parto com segurança e autonomia!
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