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Existe parto sem dor? A analgesia no parto normal

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Medo do parto? É possível um parto sem dor? Esse post é para você.

Via: giphy

Antes de tudo, acho importante partir do ponto que, qualquer intervenção quando necessária é bem vinda, e a analgesia é considerada uma intervenção invasiva, mas também uma ferramenta importante no alívio da dor e pode ser um coringa ou até mesmo um amuleto valioso para encarar o parto.

Crédito de imagem: Fotógrafa Paulina Riquelme.

Como contei antes aqui, eu tinha medo da dor parto. Quem não tem? O parto natural é possível (super), é prazeroso (excitação com T grandão), é transformador (com certeza), experiência única (também), mas contração dói, e não existe demérito nenhum pedir recursos para alívio dessa dor. Quando falamos em parto normal as pessoas associam a um parto sem recursos e pouca assistência, ao contrário disso, nós estamos em defensa da segurança da mulher e bebê e isso inclui, informação atualizada e poder de escolha. A analgesia faz parte dessa escolha, por ser um direito de toda mulher segundo a Lei 15.759/2015 e não diferente orienta também a diretriz na assistência ao parto de janeiro/2016.

E o que você precisa saber sobre a analgesia?

Crédito de imagem: Fotógrafa Paulina Riquelme.

É chamada assim por fazer um bloqueio sensorial e não motor, dessa forma, ocorre o bloqueio da sensação de dor, mas não deve limitar os movimentos. Diferente da anestesia que tem o objetivo do bloqueio sensorial e motor. Existem três tipos:
Raquidiana, tem ação imediata e é considerada uma anestesia mais forte, é feita mais profundamente na coluna lombar, no espaço raquiadiano, onde circula o líquido cefalorraquidiano. Causa o bloqueio motor imediato, mas mantém a gestante consciente. É muito usada na cesariana.
Peridural, é uma anestesia mais superficial, é aplicada por punção lombar e administrada em baixas doses de anestésico através de um catéter, sendo assim a gestante continua tendo contrações, mas permanece sem dor e consegue se movimentar.
Duplo bloqueio, a duplo bloqueio é a mais comum em parto normal, é chamada também de anestesia combinada por conter a anestesia peridural junto com a raquidiana, combinando o efeito das duas. Da raquidiana que tem efeito imediato e a peridural que garante a durabilidade da anestesia. Nessa combinação, a gestante recebe uma punção lombar e uma agulha é inserida dentro da outra para fazer a anestesia combinada.

Vantagem do uso

  • O alívio da dor.

Possíveis desvantagens do uso

  • Alguns profissionais defendem que a analgesia influencia na progressão do trabalhado de parto, principalmente quando não é feita na dosagem certa, é o caso da Ginecologista e obstetra Melania Amorim, que deixa claro em um trecho do seu estudo em seu blog: “Ora, a revisão sistemática disponível na Biblioteca Cochrane deixa bem claro que, apesar de oferecer alívio efetivo da dor do parto, analgesia de parto está sim associada com aumento de morbidade materna e de intervenções: analgesia peridural aumenta o risco de bloqueio motor, de parto instrumental, hipotensão materna, febre materna, retenção urinária, acarreta maior duração do período expulsivo, maior utilização de ocitocina e se associa a risco aumentado de cesariana por sofrimento fetal”.

  • Além disso, existe a possibilidade da analgesia diminuir a liberação de hormônios, como ocitocina* e beta endorfina*, ou até mesmo causar um relaxamento no músculo uterino, aumentando assim as chances de necessidades de intervenções, como o uso de ocitocina sintética.
  • Percepção das contrações, é comum que com o uso da analgesia exista a necessidade de puxo dirigido, ou seja, ao invés da mulher empurrar o bebê para baixo conforme o corpo faz naturalmente no período expulsivo, ela necessite que o médico a guie para fazer a força necessária para expulsar o bebê.
  • Pelos puxos serem guiados e não acontecerem de forma natural, pode aumentar o tempo do período expulsivo.
  • Parto instrumental: aumenta a chance de fórceps e vácuo extrator.
  • Para a mulher: febre, pressão baixa, tremedeira e coceira.

Melhor momento para a aplicação

Quanto mais avançada a dilatação estiver no momento da aplicação, melhor. Quando ela é introduzida muito cedo, há um risco maior de desacelerar a evolução. Por outro lado, se essa evolução estiver estacionada, a analgesia pode ajudar a relaxar, já que o trabalho de parto pode causar certa tensão.

Quem deve pedir

Crédito de imagem: Fotógrafa Paulina Riquelme.

A mulher, ela que deve solicitar quando achar que chegou ao seu limite. Não é aconselhável ofertar a analgesia a todo o momento, pode ser sugestivo, e uma hora a mulher aceitara mesmo que não esteja em seu real limite. Mas precisamente, é como a Doula Jéssica Scipioni coloca em seu vídeo sobre analgesia: “é como oferecer banana para macaco”. É preciso levar em consideração que muitas vezes a dor não é o maior motivo para o pedido de analgesia, e sim o medo, a insegurança de todo o processo do trabalho de parto, pois naturalmente temos medo do desconhecido. Porém, sabendo que mulher e o bebê estão bem, devemos incentiva-las e mostrar que esse é o processo natural e quanto menor for à interferência nesse processo, melhor.

Se buscarmos estudos sobre o uso de analgesia e o desfecho em cesárea, chegamos à conclusão que, o uso não aumenta a chance de cesariana, mas é importante saber que esses estudos foram feitos em países que o parto normal é comum, ou seja, a chance do médico ter experiência em analgesia para parto normal é muito grande.

Levando em consideração não só as desvantagens, mas também quão grandiosa pode ser a experiência de vivenciar todo o trabalho de parto, com as suas ondas e hormônios, é importante conhecer outras opções de alívio da dor menos invasiva como: água quente, aroma terapia, massagem e um acompanhante que te incentive nas suas escolhas.

Em uma conversa com uma parteira ela me disse algo que confortou: “seu corpo não é capaz de produzir mais dor do que você pode suportar”. Hoje entendo que essa dor foi mais que minha amiga, foi parte de mim.

Crédito de imagem: Fotógrafa Paulina Riquelme.

Mas ainda assim, se a caminhada estiver longa não esqueça que o parto não é o ponto final, e sim o começo. O uso da analgesia não irá diminuir a beleza de suas decisões, afinal, é isso, parir com recursos e segurança, fazer as suas escolhas, escrevendo a sua historia.

Pois tão importante quanto o parto é receber seu bebê de colo e peito aquecido.Crédito de imagem: Fotógrafa Paulina Riquelme.

 

*Ocitocina natural: no trabalho de parto é responsável pelas contrações uterinas
*Beta endorfina: produzidas pelo organismo materno são analgésicos naturais que aliviam as dores do parto. A famosa “partolândia”.

Até mais

Alê Menezes Doula

Você pode ler mais em estudos científicos sobre. Essas foram minhas referências:

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Doula Alê Menezes (São Paulo-SP)

Doula, facilitadora do aleitamento materno, mãe do Heitor e parceira do Erê.

Uma mulher em construção que descobriu na maternidade e no parto verdadeiras paixões e grandes desafios. Apaixonada por parto desde que pari o Heitor de forma primitiva e calorosa, uma experiência que me tirou o folego, mudou o meu olhar para o mundo e em especial para as mulheres. Cada mulher que acompanho de certa forma mantém viva essa paixão e me permiti que o parir dela me dê um pouco desse abrir os olhos e renascer.

Atuo em São Paulo

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