Se você trocar um dedo de prosa com as mulheres mais velhas que tiveram bebês através de parto normal, será comum ouvir relatos que tenha acontecido aquele “piquezinho”
Esse “piquezinho” era dado, principalmente nas mães de primeira viagem, para que a cabeça do bebê não relaxasse a vagina da mulher e diziam os médicos que também evitava que a cabeça do bebê machucasse a mulher.
Hoje, as mulheres já podem e devem escolher se querem ou não que o médico faça esse piquezinho na hora do parto.
E, se feito sem o consentimento da mulher, é considerado violência obstétrica. Bom, mas o que fariam as mulheres escolherem não ter mais essa ajuda do médico? Informação e evidências científicas.
Vamos então por partes:
Nesse post você vai encontrar
A episiotomia é uma incisão cirúrgica realizada no períneo da mulher no expulsivo, no momento que a cabeça do bebê está quase saindo já.
Houve um primeiro relato sobre, em 1742, e ainda não era feito como hoje, com o tempo foram melhorando – mudando, aperfeiçoando – as técnicas, mas ainda não era feito em todas as mulheres.
No início do século XX, a episiotomia começou a ser adotada como procedimento de rotina.
Acreditando-se que assim, acelerava o trabalho de parto, ajudava a cabeça do bebê a sair com mais facilidade, preservava a musculatura pélvica, evitava laceração de quarto grau e podia dar o ponto do marido (deixar a mulher mais apertadinha ?? para o marido).
Pode ser usado bisturi ou tesoura para fazer o corte.
A episiotomia atinge a pele, a mucosa e são habitualmente seccionados os músculos transversos superficiais do períneo e bulbocavernoso.
A laceração perineal é a laceração espontânea, natural, que pode ocorrer durante o parto.
Existem vários graus de laceração, sendo eles:
Grau 1: quando afetam pele e mucosa. É uma laceração bem superficial, costuma não precisar nem dar ponto, pois é um corte que naturalmente se regenera; e se tem uma recuperação rápida.
Grau 2: É uma laceração que além da pele, se estende para os músculos perineais, esse tipo de laceração costuma dar alguns pontos para ajudar na cicatrização, mas também pode acontecer de não precisar dos pontos.
Grau 3: Essa laceração, costuma precisar de um pouco mais de cuidados para reestruturação, visto que atinge o esfíncter anal.
Grau 4: Quando a lesão do períneo envolve também o conjunto do esfíncter anal e exposição do epitélio anal. Precisa de uma atenção maior e cuidados médicos para uma reestruturação.
Dificilmente as lacerações atingem os graus 3 e 4, sendo mais comum os graus 1 e 2.
A episiotomia por si só, já é considerada uma laceração grau 2 e já tem sido comprovado que ela não previne lacerações, pelo contrário, ela aumenta as chances de se ter laceração grau 3 ou 4.
Muitas mulheres pós episiotomia relatam: perda de sensibilidade, demora para sentirem prazer no ato sexual e/ou nunca mais terem tido prazer no ato sexual. Uma recuperação demorada e bastante dor, dificultando até amamentação para algumas.
Enquanto na laceração, se tem uma recuperação mais rápida e menos dolorida, por ser algo que foi feito de forma natural.
Estima-se que apenas 10% a 15% das mulheres, precisarão da episiotomia, mas estudos também mostram que no Brasil, praticamente 90% das mulheres tiveram episiotomia. Muita das vezes, sem serem consultadas.
Se formos parar para analisar, o fato é que não iríamos querer nenhum e nem outro, é até meio assustador em pensar neles.
Antes da escolha, é também preciso entender que a possibilidade do períneo íntegro, existe; que é não machucar nadinha.
Não necessariamente a mulher terá uma laceração. Então, existem exercícios de fortalecimento da musculatura, posições e a mulher seguindo o seu próprio corpo para fazer força, que evitam bastante as lacerações.
Visto isso, podemos nos preparar para um períneo íntegro e a episiotomia já nos tira essa possibilidade.
Outra questão que devemos pensar, é que a lesão quando ocorre naturalmente, respeita os contornos da anatomia do nosso corpo, sendo fácil a recuperação e se desviando de órgãos, glândulas e nervos.
“Rasga” apenas o que se é mais fácil de cicatrização. Enquanto a episiotomia faz um corte reto, que não importa o que está na frente. Podendo atingir até um pedaço da perna do clitóris…
A decisão deve e sempre tem que ser da mulher.
E você, já havia pensado sobre isso? Já teve alguma experiência e gostaria de compartilhar conosco?
Um beijo e um pão de queijo (como uma boa mineira) e até a próxima!
Abaixo segue alguns links para você poder ler e se informar mais:
Frequência de traumas perineais ocorridas nos partos vaginais em uma instituição hospitalar.
Realização da Episiotomia nos dias atuais.
Episiotomia, laceração e integridade perineal em partos normais: análises de fatores associados.
Avaliação e tratamento da dor perineal no pós-parto vaginal
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