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São muitas questões envolvidas – onde, como, com quem, por quanto tempo, com dor, sem dor, na rede pública ou particular, e por aí vai. E são muitos os modelos de parto disponíveis hoje em dia também, embora haja tantas limitações de acesso para a grande maioria das mulheres. Enquanto doula, mulher, mãe, meu desejo é que todas nós tenhamos a oportunidade de escolher o parto que desejamos a partir de informações de qualidade e garantia de respeito na assistência, seja ela qual for.
E onde encontrar essa informação de qualidade? A primeira coisa a se saber é – essa informação não pode estar em um só lugar. Ela precisa vir de fontes variadas. Leitura, estudo, filmes, troca com mulheres que já tiveram seus bebês, rodas de gestantes e os profissionais/equipe que irão assisti-la. Mas fique atenta! Como pra tudo na vida, é necessário analisar todas essas informações com pensamento crítico, questionar. E filtrar. Informações que a fazem se sentir mal, duvidar da sua capacidade e da potência do seu corpo, não deveriam fazer parte deste momento.
Algumas mulheres já têm uma imagem bem definida do parto que desejam, outras não – e essas mulheres, na maioria das vezes, acabam indo por seguir o caminho indicado pelo médico ou instituição que a acompanha.
Levando em consideração a realidade obstétrica brasileira, muitas dessas mulheres acabarão em uma cesariana – ao que tudo indica, sem indicações reais. Isso porque, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil detém a segunda maior taxa de cesáreas do planeta, com 55%, perdendo apenas para a República Dominicana, que possui a taxa de 56%, segundo dados de 2016. Desde 1985, a taxa ideal recomendada pela comunidade médica internacional é de 10 a 15% de cesarianas. Muitas dessas cesarianas são agendadas de acordo com a comodidade para o profissional e família, sem levar em consideração que uma cirurgia sem reais indicações representa riscos desnecessários para mãe e bebê. Essa taxa varia na rede pública ou privada.
Segundo a Agência Nacional de Saúde, a taxa de cesariana na rede privada brasileira em 2017 foi de 83%. Em 2017, de acordo com o Ministério da Saúde, foram realizados 41,9% de cesarianas no Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, as taxas variam bastante de acordo com a assistência disponível – ainda assim, as taxas de cesariana brasileiras ultrapassam em muito as recomendações mundiais. Assim, é possível assumir que uma mulher com gestação de risco habitual que não se engaje ativamente na busca de um parto vaginal, muito provavelmente acabará em uma cesariana.
Nesse post você vai encontrar
Dicas assim podem ajudar muito e tudo que puder fazer nesse sentido somará na sua busca. Mas, se você chegou até aqui, há algo sobre o que precisamos falar – voltando àquela pergunta do começo do texto – será que dá pra garantir o parto que a gente deseja?
Pois é. Sabe qual o maior desafio da gestação e da maternidade? A entrega.
Passar a perceber a vida como algo que não controlamos é parte fundamental desse processo. Podemos fazer tudo o que está ao alcance, mas não sabemos o que nos espera lá na frente. Não é por isso que deixaremos de buscar tudo o que está ao alcance para aquilo que desejamos – mas precisa haver sempre uma boa dose de entrega. O descontrole é parte e sempre será. Aceitar essa realidade não é fácil. Muitas mulheres engravidam no auge de suas carreiras, ou em momentos em que uma gestação não era esperada. Sair do lugar de quem aparentemente está no controle da própria vida para entender que não controlamos nada é dolorido, envolve muita transformação, angústia, desconstrução. Afinal, o controle que acreditávamos ter antes era uma grande ilusão, as coisas só estão mais claras agora. Aproveite o momento de profundo poder e potência e solte o corpo. Vá com o fluxo, deixe aos poucos a tensão ir embora. Conecte-se com a sua essência, e saberá do que você e seu bebê precisam.
Trilhe o caminho de sua gestação com esses recursos na manga, e no final, não restará outra coisa a se fazer senão aceitar e acolher aquilo que a vida ofereceu, sem idealizações, sem romantizações. E tudo ficará bem <3
Declaração da OMS sobre taxas de cesáreas – https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/161442/WHO_RHR_15.02_por.pdf;jsessionid=BC4B51D6EA2122A9C50E8BA01A2048EC?sequence=3
Taxas de partos cesáreos por operadora de plano de saúde – ANS – http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-operadoras/informacoes-e-avaliacoes-de-operadoras/taxas-de-partos-cesareos-por-operadora-de-plano-de-saude
Ministério da Saúde fará monitoramento online de partos cesáreos no país –http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42714-ministerio-da-saude-fara-monitoramento-online-de-partos-cesareos-no-pais
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