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Posso comer e beber durante o trabalho de parto? – Parte 1

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“Saco vazio não para em pé” é um ditado bem popular, mas bem verdadeiro. Dificilmente conseguimos fazer algo produtivo se estamos com fome. Não seria diferente durante o trabalho de parto. Infelizmente alguns hospitais ainda impedem que a mulher coma alimentos ou beba líquidos durante o trabalho de parto, por mais que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomende o contrário.

Por que se alimentar durante o trabalho de parto?

Parir é considerado por muitos como um exercício pesado e pode variar de 2 horas até 15hs, 23 horas. Durante todo processo grandes músculos do nosso corpo são requeridos para que trabalhem no seu melhor desempenho, alguns deles são:
-o útero: formado basicamente por músculos e ele precisa ter força para agüentar as contrações e ajudar no expulsivo do bebê;
-o canal vaginal: outro músculo que precisa de tônus para conseguir realizar a passagem e suportar o peso do bebê;
-o coração: músculo mais forte do nosso corpo, que durante o trabalho de parto precisa trabalhar mais rápido para bombear o sangue que já tem um volume maior (mulheres grávidas tem 2 litros a mais de sangue correndo no corpo) e assim oxigenar mais a mulher que está realizando o “exercício físico” e bebê.

arquivo pessoal

Para tudo isso acontecer, o corpo precisa de “combustível”, ou seja, de glicose. E são nos carboidratos (alimentos) ou no soro com glicose que conseguimos isso.

Alguns estudos sobre a importância de se alimentar durante o trabalho de parto

Foi estudado que atletas que consumiram carboidratos durante o treino (aqui podemos imaginar um parto de horas e horas a fio) tiveram seu desempenho melhorado e evitaram a fadiga e a Cetose – que é quando o corpo começa a utilizar a gordura que já existe no corpo como forma de energia, isso acontece quando há um a dieta com pouca quantidade de carboidrato ou quando há jejum -, por mais que não haja estudos conclusivos sobre os efeitos e conseqüências (nem pra mulher quanto para o bebê) da mulher apresentar Cetose durante o parto.

Aline Amaral

Há estudos que mostram que quando é permitido que a gestante se alimente durante o processo houve uma diminuição de 16 minutos no tempo médio de duração do trabalho de parto comparado com mulheres que não puderam comer. Outros estudos comprovam que a desidratação durante o trabalho de parto aumenta o tempo médio de duração e o índice de indicação de cesária por qualquer motivo.

 

 

Não comer durante o trabalho de parto x diminuição dos batimentos cardíacos fetais

Agora vamos pensar na seqüência: A mulher não pode se alimentar e faz exercícios constantes durante o trabalho de parto (não necessariamente exercícios de agachamento, me refiro aqui às contrações uterinas), ela fica mais fraca e cansada.

Aline Amaral

A gestante se desespera e sente que está perdendo o controle da situação e aí se esquece de respirar. Se ela não respira direito, pouco oxigênio vai para o bebê, conseqüentemente os batimentos cardíacos do bebe caem e logo os médicos indicam uma cesária. Muitas vezes não é levado em conta o tempo que a mulher esta sem se alimentar. O que poderia ser evitado se a mulher comesse algo ou bebesse um suco, por exemplo.

Em casos que gestante esta com muita ânsia ou vomitando, o soro glicosado pode ser uma saída (vale ressaltar que há estudos que apresentam controvérsias sobre essa conduta).

Continuaremos falando sobre a importância de se alimentar durante o trabalho de parto.

No próximo texto falarei sobre o motivo que ainda há hospitais que proíbem que parturientes comam e bebam durante o trabalho de parto e porque isso já não tem mais embasamento algum. Lembra que eu disse sobre as controvérsias sobre soro glicosado? Pois bem, no texto seguinte explicarei sobre o uso dessa prática e efeitos, não tão bons, que tem aparecido nos bebês e a influência disso na amamentação.

Aqui estão as referências e estudos que me baseei para escrever esse texto:

https://evidencebasedbirth.com/iv-fluids-during-labor/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646103
https://evidencebasedbirth.com/evidence-eating-drinking-labor/
https://www.sns.gov.pt/noticias/2018/02/20/parto-novas-recomendacoes-da-oms/
https://www.birthful.com/podcasteatingduringlabor2/
http://www.cochrane.org/pt/CD003930/comer-e-beber-durante-o-trabalho-de-parto
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20585208

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Doula Gabi Gavioli (São Paulo-SP)

Sou nascida em São Paulo e os 21 anos vi a vida virando de ponta cabeça com a chegada do meu primeiro filho, Bernardo. 1 ano e 5 meses depois, com o VBAC(parto normal após cesária) domiciliar do Miguel, tive certeza que o lado aveso era o lado certo.

Me formei doula em 2015 e desde entao venho me atualizando e agregando competencias a minha formação, tais como laserterapia na amamentação e pós parto, aromaterapia, spinning babies, rebozo, manipulação de placenta e drenagem linfatica para gestantes.

Amo tricotar e tenho a cozinha-terapia como filosofia de vida:"nada que um bom pão caseiro com manteiga e um café fresquinho nao resolva".

Atendo SP e Grande SP. Você pode me encontrar no:

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