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Afinal, o que é um parto humanizado?

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Muitas pessoas me perguntam o que é um parto humanizado, se são apenas os partos domiciliares, que acontecem na banheira, ou aquele em que a mulher pari de cócoras, na banqueta, etc. Não. Não é isto que caracteriza um parto ser humanizado, pode sim envolver estas escolhas, porém vai muito além disso.

 

Foto: Ancient Roman relief carving of a midwife

Pensando em uma perspectiva histórica, o ato da parição foi constituído como um saber da mulher, guiado pela intuição e por experiências herdadas por antepassados. Porém com o surgimento das Escolas de Medicina, após a Segunda Guerra Mundial, surge a institucionalização do parto prevalecendo assim o parto hospitalar. Com isso, criaram-se condições para a entrada de instrumentos, cirurgias e, consequentemente, o afastamento das parteiras no momento do parto. E todo este processo acarretou na medicalização da mulher na sociedade.

É aí que entra a humanização do parto!

O termo humanização do parto está relacionado com um apoio baseado nos direitos humanos das mulheres, de suas famílias e também do bebê. Essa humanização postula ações que promovem a autonomia, a liberdade de escolha, a equidade e a não violência nos serviços de saúde. Neste processo, é importante haver uma afinidade entre cliente-profissional, por meio de promoção de acolhimento e um intenso cuidado e sensibilidade às necessidades sociais, psíquicas e culturais. Humanizar significa conduzir a mulher para que experiencie o seu momento e atue ativamente nas implicações em relação ao seu próprio cuidado, e a partir disso, a equipe deve servir em prol de facilitar o processo.

Parto como um “pecado”

Foto: Adrian Van Den Spiegel

A assistência humanizada representa uma mudança na percepção do parto como uma experiência humana e, aos profissionais, a compreensão de saber o que fazer na presença das possíveis dores, cansaços e incômodos da mulher, pois por anos e anos todos esses desconfortos na parição eram caracterizados como uma “penalização”, e com isso as mulheres não recebiam amparo na hora do parto. Com as mudanças assistenciais, a obstetrícia médica começou a se preocupar com as parturientes, auxiliando-as no processo, anulando o julgamento de que o parto é algo perverso, atribuído há séculos pela tradição religiosa para o momento da parição (sabemos que temos muito para avançar em relação a isso, mas estamos no caminho!).

E então… essas mudanças precisam partir de onde?

Foto: Marcelo Min – Parto com Amor

Para termos mudanças no processo de institucionalização do parto, é necessário que os profissionais coloquem como prioridade a humanização na assistência ao parto, e que esta assistência possa ser segura, proporcionando a cada parturiente os benefícios dos avanços científicos, bem como as evidências científicas atualizadas, sendo de suma importância o resgate da autonomia da mulher no seu processo de parto, retomando assim o respeito ao parto, privilegiando o bem-estar da parturiente, e com o olhar mais humano e integral de todo o processo.

 

Foto: Phillie Casablanca

O seu parto humanizado poderá acontecer na banheira, no hospital, em casa, na banqueta ou deitada. O que realmente se torna humanizado  é a assistência recebida e o seu protagonismo neste processo.

 

 

Quer saber mais sobre este trabalho que realizo, entre na minha página @psiannaiza.

Deixo aqui todas as referências utilizadas nesta pesquisa:

Castro, J. C., & Clapis, M. J. (2005). Parto humanizado na percepção das enfermeiras obstétricas envolvidas com a assistência ao parto. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 13(6), 960-967. http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n6/v13n6a07.pdf

Diniz, C. S. G. (2005). Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciência & Saúde Coletiva, 10(3), 627-637. http://ref.scielo.org/632d9z

Pereira, A. L. de F., Moura, M. A. V., Souza, I. E. de O., Tyrrel, M. A. R., & Moreira, M. C. (2007). Pesquisa acadêmica sobre humanização do parto no Brasil: tendências e contribuições. Acta Paulista de Enfermagem, 20(2), 205-215. dx.doi.org/10.1590/S0103-21002007000200015

Silva, L. M. da, Barbieri, M., & Fustinoni, S. M. (2011). Vivenciando a experiência da parturição em um modelo assistencial humanizadoRevista Brasileira de Enfermagem, 64(1), 60-65. dx.doi.org/10.1590/S0034-71672011000100009

Wolff, L. R., & Moura, M. A. V. (2004). A institucionalização do parto e a humanização da assistência: revisão de literaturaEscola Anna Nery, 8(2), 279-285. http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=127717713016

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Doula Annaiza Rozeno (MG)

Autor: ANNAIZA DE SOUZA ROZENO

Psicóloga Clínica, Doula e pós-graduanda em Acupuntura. Ofereço consultoria na gestação, acompanho parto domiciliar e hospitalar, proporciono à mulher e família um acolhimento no processo de transição pós-parto. Facilito Chás de Bençãos como fechamento para o nascimento do bebê e (re)nascimento de uma nova mulher.

Cidade de atuação: Uberlândia, MG.

Instagram: @psiannaiza

Whatsapp: (34) 9 9229-7447

Email: annaiza.udi@hotmail.com

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