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Acompanhante na hora do parto: como ajudar

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Toda pessoa grávida tem direito a um acompanhante na hora do parto. Ter um acompanhante na hora do parto desde o trabalho de parto até o pós-parto imediato é um direito das gestantes desde 2005!

Contar com um acompanhante na hora do parto é tão importante que até a Organização Mundial de Saúde se posicionou sobre o assunto: segundo a OMS, garantir à gestante a presença integral de um acompanhante escolhido por ela é uma conduta que colabora para uma experiência de nascimento mais positiva.

Na foto, Cínthia é acolhida pela doula (@maludoula) e por seu acompanhante, o maridão Thiago. Foto: Ingreti Santos (@poringretisantos)

No Brasil, a lei nº 11.108/05 garante as grávidas o direito a livre escolha de seu acompanhante em maternidades públicas e conveniadas ao SUS e, em seguida, essa conquista chega à rede particular de saúde pela Agência Nacional de Saúde.

Mas quem pode ser esse acompanhante na hora do parto? Como essa pessoa pode ajudar de verdade? Ela também está preparada para o parto? Ela sabe o que você espera do acompanhante na hora do parto?

Você encontrará algumas respostas aqui, além de saber como teu ou tua acompanhante pode te ajudar de verdade no nascimento do teu filho – seja em um parto normal ou numa cesárea.

Quem pode ser acompanhante na hora do parto?

Pode ser acompanhante da grávida qualquer pessoa maior de 18 anos, escolhida pela gestante para estar ao seu lado durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Ou seja, qualquer pessoa maior de idade que a grávida escolher – independente de parentesco ou sexo.

Companheiro ou companheira, pai, mãe, avó, avô, amiga, amigo, vizinho, colega de trabalho… Qualquer pessoa!

  • Lembrete 1:  isso inclui parto normal, indução de parto e cesárea.
  • Lembrete 2: No caso de pai adolescente, ele pode estar ao lado da gestante.
  • Lembrete 3: Doula e acompanhante são papéis diferentes no parto. Em algumas cidades e estados do Brasil existe a Lei da Doula, possibilitando a presença integral da doula e acompanhante durante todo o processo.

Qual é a função do acompanhante na hora do parto?

O acompanhante na hora do parto tem como papel ouvir, acolher e respeitar os desejos de quem está parindo. Atenção especial: é respeitar os desejos da gestante. Seja em um parto normal ou numa cesárea.

Acervo pessoal de Hannah e Rodrigo.

É importante que o acompanhante esteja alinhado com os desejos da gestante, para que sua presença seja agradável no parto. Uma forma de favorecer isso é convidar o acompanhante a se preparar para o parto ainda durante a gestação: informar a ele os desejos de quem está gestando e o que se espera da pessoa ao lado no nascimento é um bom começo. Se possível, convidar o acompanhante a frequentar rodas de conversa de grávidas e famílias. Estar em espaços de troca é um diferencial nessa preparação.

O acompanhante na hora do parto: como ajudar?

O acompanhante no parto pode fazer muita coisa: tanto para aliviar como para incomodar. Abaixo seguem algumas dicas bacanas para o acompanhante tornar mais leve a vida de quem está para ter bebê:

  • Massagear: Não precisa ser um massoterapeuta profissional! É só saber alguns movimentos simples para aliviar a tensão do corpo. Em um parto normal, a massagem nas costas e quadril é a mais pedida. Em um parto cirúrgico, um carinho na testa, nas bochechas também ajuda a manter o clima.
  • Ser uma pessoa positiva! Lembrar a quem está parindo como ela é forte, é potente e como ela está cada vez mais perto de ter sua cria nos braços! Inclusive em uma cesárea.
  • Saber falar: No trabalho de parto, é bacana saber quando falar e quando (se) calar. Falar com afeto sempre é o diferencial aqui! E, ao falar usar frases curtas e objetivas, que exijam respostas simples de quem está parindo. Em uma cesárea, a comunicação deve ser de atenção, cuidado e carinho também. Nada de amenidades do dia-a-dia (a menos que seja um pedido de quem está passando pela cirurgia).

    Acervo pessoal de Dharma e Júlio.

  • Perceber os sinais do corpo: Em um trabalho de parto, a pessoa parindo falará menos e conectará mais consigo. Às vezes, a expressão facial reflete se aquele toque ou palavra aliviou ou trouxe mais incômodo. É também uma questão de sensibilidade, de estar aberto a entender e atender as necessidades da gestante – às vezes, sem falar nada. Durante uma cesárea, é possível ver sinais de reação aos efeitos da anestesia, coceira, enjoo, sonolência, tremedeira. É interessante que o acompanhante saiba ler esses sinais para acalmar a grávida e transmitir tranquilidade – e na dúvida, de forma serena, perguntar ao anestesista.
  • Lembrar que nada é pessoal: No dia do nascimento de um bebê, quem está gestando tem passe livre no “palavriado”. Em um parto normal o desconforto e sensibilidade podem falar alto, uma pessoa com dor pode ser hostil a toques e falas. Durante uma cesárea, é de bom tom saber que aquele momento é de quem está deitada e anestesiada sobre a mesa. Se essa pessoa não quer ouvir, não é para falar. Então, é importantíssimo que o acompanhante não leve as respostas para o lado pessoal.
  • Facilitar a comunicação: O acompanhante tem poder de voz com a equipe de assistência: que isso seja usado na busca pela calma e respeito ao momento. Uma forma de lembrar aos profissionais que veem o nascimento como rotina diária que aquele momento é único e exclusivo para aquela família.

O dia do nascimento é um dia especial: nele nascem um bebê e uma família. Não há nada mais importante do que tornar aquelas horas as mais agradáveis e confortáveis possível para a família.

Então, ao acompanhante, seja Luz nesse dia. Auxilie de forma gentil e acolhedora.

Gostou das dicas? Mostra para aquela pessoa que tu queres ao lado na hora do nascimento do teu bebê.

Referência bibliográfica:

Lei do Acompanhante no na rede pública e conveniada (clique aqui)

Direito a acompanhante na rede privada de saúde (clique aqui)

Presença do pai adolescente no parto (clique aqui)

Recomendação da OMS para os cuidados durante o parto, para uma experiência de parto positiva (clique aqui)

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Doula Malu Moraes (Recife - PE)

Sempre fui encantada pelo parto normal e amamentação. Quando tive meu primeiro filho eu queria viver isso plenamente, mas tive um parto roubado sem esforço e daí começou a inquietação que trago comigo até hoje. Estudei, conheci, vi as possibilidades do nascer humanizado. Meu caçula chegou de uma forma diferente: um vbac domiciliar planejado. Com a chegada dele transformei a inquietação em energia para ser suporte para outras pessoas que desejam e acreditam, como eu, num gestar e parir com respeito, amor e acolhimento.

Em 2017, comecei minha jornada profissional e hoje sou doula, educadora perinatal, apoiadora em aleitamento. Meu objetivo é levar informação de qualidade numa linguagem simples e clara para as pessaos que desejam experiências positivas na chegada de seus filhos. Você pode conferir no instagram Malu Doula um pouco mais desse trabalho.

Também integro a Rede Koru, coletivo de doulas que trabalha com rodas de conversa abertas ao público e também com doulagem coletiva, uma modalidade especial do acompanhamento.

Gostasse? Clica aqui que te falo como trabalho presencial e virtualmente.

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