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A vagina larga após o parto normal

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Ainda é muito comum que uma das preocupações das mulheres em relação ao parto normal seja a vagina larga ou frouxa.
Pode ser que já tenham te dito que isso de vagina larga é mito, mas sendo falácia ou não, você se questiona e se preocupa com essa possibilidade.

É certo que a vagina passa por diversas modificações durante a gestação e parto. Se você está grávida pela primeira vez talvez tenha observado algumas mudanças nessa região. Maior lubrificação, pontadas durante o dia, dores ou desconfortos na relação sexual, e por aí ainda vai uma infinitude.
Por isso, precisamos falar sobre a vagina larga e o parto normal,que foi colocado como o vilão desse processo!

Então, vamos conversar um pouquinho sobre a passagem do bebê pela vagina e a anatomia da mesma após o parto.

Quem é o quê?

Para entendermos melhor do que estamos falando, vamos tentar visualizar as partes do corpo que são importantes para essa compreensão.

Primeiro, o ASSOALHO PÉLVICO.
Imagine mesmo um assoalho, mas esse formado por um conjunto de músculos e ligamentos, capazes de sustentar os órgãos da parte baixa do abdômen. Útero, bexiga, reto, intestino. São os órgãos pélvicos!

Importante dizer que o assoalho pélvico não é apenas um músculo isolado com a função de sustentação dos órgãos. Essa musculatura faz parte de um conjunto que interliga parede abdominal, diafragma e coluna lombar. Ou seja, é responsável pela estabilidade da postura, pela continência, e pelos movimentos e forças abdominais.

Esse é o assoalho pélvico! – acervo wikimedia

E, como qualquer músculo, podemos exercitá-lo com frequência para que ele fique mais forte.

Segundo, o PERÍNEO.

Compõe o assoalho pélvico. É a área que se encontra entre o ânus e a vagina. É o local onde pode acontecer as lacerações naturais ou provocadas (episiotomia) durante o parto.

Esse é o períneo! – acervo flickr

Terceiro, a VAGINA.

É a parte interna do órgão sexual que se estende do colo do útero até a vulva (parte externa do órgão). A vagina é composta pelos músculos do assoalho pélvico.
Ou seja, quando falamos em “vagina larga” estamos falando dos músculos dessa região.

Essa é a vagina! – acervo biologianet

A Vagina no Parto

Sabendo agora que a vagina é um órgão composto por um conjunto de músculos e ligamentos, podemos visualizá-la melhor e tentarmos encontrar o porque do termo “vagina larga após o parto” foi tão difundido em nossa sociedade.

Primeiro, onde é que a vagina entra nesse processo de nascimento!

pensando…

É durante o período expulsivo que o bebê passa pelo canal de parto até o nascimento. É nessa descida, até que se veja a cabeça do bebê, que a vagina se abre. E para o bebê nascer ele terá que passar através do assoalho pélvico que pode ser dividido em duas partes. A da frente, ligada a uretra, e a de trás, ligada aos ossos do bumbum – cóccix e sacro- . E durante a passagem do bebê essas duas partes se afastam, permitindo a abertura.

Essa parte de trás do assoalho pélvico, conhecida como porção sacral, tem quase 90% de todos os músculos que o formam. É o períneo. E durante essa passagem do bebê o períneo deve estar em estado de relaxamento!
Se a mulher estiver deitada de costas há a compressão do sacro o impedindo de se deslocar para trás, não deixando que o períneo relaxe. Enquanto, em uma posição verticalizada – em pé, cócoras ou ajoelhada -, a pelve fica livre para movimentação, permitindo um relaxamento na região perineal e assim, uma menor pressão contra a cabeça do bebê.

Quando a cabeça do bebê está prestes a sair há uma distensão máxima do períneo, e nesse momento pode vir a sensação de forte ardência, parecido com quando se empurra o canto das bocas com o dedo. Essa sensação pode vir acompanhada de lacerações espontâneas, ou não, na região. Quando há essas lacerações elas podem se curar sozinhas, ou precisarem de suturas.

Então, parto normal alarga a vagina?

Lígia Vilela, fisioterapeuta pélvica em Franca – SP atua trabalhando com toda a parte funcional de assoalho pélvico, incluindo o tratamento e prevenção de disfunções, como perdas urinárias, prolapsos genitais; e também na obstetrícia, preparando o corpo e a mulher para a gestação, o parto e o puerpério. Ela nos explica um pouquinho dessa relação “vagina larga x parto normal”

O parto normal e a vagina larga. Existe mesmo alguma relação ou é um mito?

L.V: Podemos considerar um mito! Devemos entender que a gestação em si envolve muitas mudanças fisiológicas e que, para a passagem de um bebê pela região íntima, a musculatura local precisa se distender. Então, não é de um dia para o outro que tudo volta ao seu estado anterior.
Mas, NÃO quer dizer que a vagina fica “larga”, afinal é uma musculatura “feita” para o parto, para essa distensão (ela tem capacidade de se alongar em 200 vezes).
Pode acontecer, pois é uma disfunção pélvica relacionada a vários fatores, e assim precisar de uma reabilitação específica, mas não é ligada exclusivamente a via de parto. Por isso a mulher deve se preparar para esse momento, preparar o corpo e principalmente a musculatura do assoalho pélvico.

O que pode ser feito para evitar lacerações no parto normal?

L.V: Não podemos impedir que haja uma lesão durante o parto, mas podemos preparar essa musculatura para que possamos evitá-la. Através da preparação do assoalho pélvico com exercícios específicos e técnicas como a massagem perineal e o Epi-no, geramos mais consciência corporal e evitamos força e contração em momentos e de forma inadequados. Essas práticas devem ser realizadas e acompanhadas por um fisioterapeuta especializado na área. Exercícios físicos durante a gestação são muito benéficos, e muita informação para entender o que está acontecendo e como conduzir cada momento do parto, é essencial para essa prevenção.

A cesárea é uma opção para prevenir o enfraquecimento da vagina?

L.V: Não. A gestação em si já é fator de risco para disfunções do assoalho pélvico, pois há uma grande sobrecarga dessa musculatura. Também temos como causa a obesidade, ganho excessivo de peso na gestação, entre outros.

Como a fisioterapia pélvica pode ajudar na preparação para o parto?

Lígia Vilela – Fisioterapeuta Pélvica (acervo autoral)

L.V: Como já citado anteriormente, a fisioterapia pélvica irá atuar em toda a preparação do corpo da mulher para o parto. Desde o tratamento e prevenção de desconfortos gerais e disfunções, preparo para disposição durante o trabalho de parto e período expulsivo, até a preparação da musculatura para evitar lesões. A fisioterapia prepara, fortalece e alonga a musculatura do assoalho pélvico, dá maior percepção corporal para a região, ensina e trabalha respirações ideais e relaxamento da musculatura para o momento e fornece muita, muita informação acerca de todo o processo. Tudo que a mulher pode passar e como acontece cada fase do trabalho de parto.
Vamos combinar, uma mulher que vai para o parto sabendo o que está acontecendo e o porquê de cada sintoma, vai muito mais confiante, segura e preparada, né?

A posição no parto e o trabalho da vagina

 

up!

Já sabemos que para relaxar o períneo é preciso que ajudemos com a posição. E que a mulher deitada para parir só contrai o canal de parto e dificulta a passagem do bebê.

As recomendações da Organização Mundial da Saúde é que a posição durante o trabalho de parto seja aquela escolhida pela mulher, devendo ser estimulada por profissionais capacitados. Também que sejam realizadas técnicas para reduzir o trauma perineal e facilitar o parto espontâneo (massagem perineal, compressas mornas, e proteção do períneo com as mãos) com base nas preferências e opções disponíveis da mulher.

É consenso entre os profissionais de assistência humanizada ao parto que as posições verticalizadas estão nas evidências de menor desconforto e dificuldade dos puxos, diminuição das lacerações vaginais ou perineais, diminuição das dores e tempo do período expulsivo (momento de passagem do bebê pelo canal vaginal).

“Na posição deitada, o parto acontece com uma distensão desigual dos tecidos perineais às custas da porção posterior, o que causa estresse, dor e aumenta o risco de uma laceração ou da necessidade de uma episiotomia.”(Balaskas, J. 1982)

As posições verticais no trabalho de parto durante o período expulsivo ajudam nas movimentações e condução do bebê na passagem pelo canal vaginal. A posição verticalizada diminui a pressão sobre a cabeça do bebê em relação ao períneo. A contração do útero de cima para baixo empurra o bebê pelo canal de parto, que é curvo, sob o arco pubiano até atingir o períneo.

passagem do bebê – acervo wikimedia

Durante o Yoga realizamos posições e exercícios que fortalecem o assoalho pélvico e o períneo. Traz consciência para essa musculatura e treina a relaxar para o parto.
Também a respiração consciente é parte importante da prática. Ao fazer o movimento respiratório, contraímos e relaxamos o períneo na manutenção da postura.

Posições de cócoras durante a prática trabalham e trazem diretamente a consciência ao períneo. Além de ser uma postura, muitas vezes, escolhida pela mulher no momento expulsivo do parto.

Acervo pessoal

Concluindo…

Agora você já sabe que o assoalho pélvico é um conjunto de músculos e que, como qualquer outra musculatura do nosso corpo, sofre efeitos do tempo, da idade, e da falta de exercícios.

Podemos dizer que as maiores alterações nos músculos pélvicos e perineais estão ligados à alterações fisiológicas durante a gestação, e a procedimentos técnicos realizados durante o parto. Que são intervenções como o uso do fórceps, a posição deitada, e a episiotomia (corte no períneo), sendo essa última a causa mais comum do trauma perineal.

Assim:

-> uma mulher que passa pela cesárea pode ter a vagina frouxa
-> uma mulher que passa pelo parto pode ter a vagina frouxa
-> uma mulher que nunca esteve grávida pode ter a vagina frouxa

Vagina larga não está diretamente ligada ao parto, e sim aos cuidados com essa região. Por isso, conheça seu corpo, cuide do seu assoalho pélvico e o mantenha sempre forte!

Acervo Pinterest

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Referências

Efeito da via de parto sobre a força muscular do assoalho pélvico

Avaliação do efeito do tipo de parto sobre a força muscular do assoalho pélvico de primíparas

Influência da posição de parto vaginal nas variáveis obstétricas e neonatais de mulheres primíparas

Manifesto Parto Ativo

Relação entre posição adotada pela mulher no parto, integridade perineal  e vitalidade do recém-nascido

OMS. Cuidados intraparto para uma experiência de parto positiva Organização Mundial da Saúde, 2018

BLANDINE. C,G. O Períneo feminino e o parto. Manole, 2005

 

 

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Doula Ana Clara (Natal - RN)

Jornalista, instrutora de yoga para gestantes, Doula, e mãe da Lisbela que veio ao mundo em 2018 após uma cesárea intraparto.

(Re)nasci doula em 2017, quando fiz o curso de formação para lidar com a gravidez recente e encarar o luto de uma perda gestacional anterior.  Acredito no poder da mulher sobre seu corpo e seu parto, e sigo no caminho pela humanização da assistência à gestantes e parturientes.

Ofereço acompanhamentos durante o período perinatal (antes e depois do nascimento), práticas de consciência sobre seu corpo e a si mesma através do yoga, suporte físico e emocional no parto.

Cidades de atuação: Natal -RN Instagram: @doulaanaclara Facebook: @doulaanaclarafonseca Contato: (16) 99307 -5061 / doulaanaclarafonseca@gmail.com

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  • Já tive duas filhas normal mais na segunda tive hemorragia quase morro perdi muito sangue

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