Não é de hoje que escutamos histórias cabulosas de mulheres que entraram em um estado incomum de consciência durante o trabalho de Parto.
“Eu lembro que tinha a impressão de estar la há umas duas horas. Quando me disseram que tinha passado 20 min não acreditei!” Carol, mãe da Julie – SC
“Quando o médico falou que a cabeça do Richard estava saindo eu fiz força e gritei “Vaaaaaaaiii cabeção “!!”
“Eu dei um soco na lata de lixo. As mães que estavam internadas devem ter pensado que eu era doida. A gestante do lado se mordia inteira, então a enfermeira falou: “Mãezinha você vai ficar roxa”, e ela berrou: Fodaaa-seeeeee”. Mari, mãe do Richard – SP
“Eu levantei pelada e falei que ia embora! Catei a bolsa da maternidade e briguei com a enfermeira chefe, eu ia embora porque não estava aguentando mais!” – Vick, mãe do Humberto – RJ
“Rosnava, xingava o mundo, era sarcástica ao extremo, aí de repente eu comecei a ficar super introspectiva e esquisita.” Laís, mãe da Laura – SP
Nesse post você vai encontrar
A mudança de comportamento da mulher durante o trabalho de parto está relacionada aos hormônios liberados durante o processo. A ocitocina relaxa e dá prazer, sendo que efetivamente provoca contrações uterinas para a expulsão do bebê, da placenta, evita hemorragias, e é o que causa a maior sensação de bem estar no momento em que a mãe faz o primeiro contato com o bebê.
As endorfinas são liberadas em grande quantidade pois são os analgésicos naturais, ajudam a mulher a aliviar a dor. Essa quantidade excessiva é a principal causa dos estados incomuns de consciência, no momento que conhecemos como Partolândia. Acontece uma “sedação” que muitas gestantes também relatam como transe, após o nascimento do bebê age como relaxante pós parto, traz a sensação de prazer pelo momento e de paixão.
A adrenalina quando aparece no final do trabalho de parto é bem vinda pois traz a energia necessária para finalizar o expulsivo. Porém se for produzida em grande quantidade antes deste momento pode desacelerar ou mesmo interromper o trabalho de parto, diminuindo a ação das endorfinas (aumentando a sensação dolorosa uma vez que acaba com a sedação natural)
e diminuindo o fluxo sanguíneo para o útero, o que consequentemente diminui a oxigenação do bebê.
Se entregue. Isso mesmo, não existe receita melhor do que se deixar interiorizar e entender que neste momento a entrega é essencial. A luta contra tabus, conceitos e instinto corporal apenas dificultam a ação dos hormônios. Deixe a natureza agir!
A mulher precisa se sentir segura no ambiente que está parindo, com pessoas que ama, sem sofrer intervenções que considere desnecessárias para acelerar o trabalho de parto. Caso se sinta ameaçada produz adrenalina com o instinto de fugir ou lutar e proteger seu bebê. Com o aumento da Adrenalina e consequentemente aumento de dor, a gestante fica susceptível à emoções como raiva, medo, tristeza e sentimentos negativos os quais formará a lembrança negativa do seu parto no futuro.
Alguns fatores podem ser incluídos ou observados durante o processo para que ajudem na permanência de estado e manutenção do bem estar da gestante, tais como auxílio da Doula para exercícios físicos, massagens, banhos em água morna e o cuidado afetivo das pessoas que escolheu para estar alí. Algumas vezes vejo o marido discutindo com a mulher por exemplo, e esta não é a hora, agora é o momento de apoio.
Os relatos sobre a partolândia quando criado o contexto favorável para a mulher, falam de momentos positivos com alterações de consciência, estado de transe, sensação semelhante ao uso de drogas alucinógenas, descontrole sobre a ato de parir, “parir diferente”, “estados outros de existência, que aconteceram entre gritos,gemidos, suor, posturas e atitudes impensadas socialmente”. Para a maioria dos médicos, essas situações conotariam
risco e instabilidade, porém para as mulheres representaram
positividade e fruição de seus desejos positivos relacionados ao parir.
Referencias:
O Antes e o Depois: Expectativas e Experiências de Mães sobre o Parto
http://www.scielo.br/pdf/prc/v18n2/27476.pdf
Estados incomuns de consciência em parturientes: a partolândia enquanto potencial para o desenvolvimento da mulher
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/38816/27163
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