Um dos maiores medos em relação ao parto é a dor. Sobretudo a dor da “saída do bebê”. O chamado período expulsivo uma das etapas finais, quando o bebê “coroa” (ou seja a cabeça aponta na saída da vagina) até sua saída final.
É preciso investigar profundamente a origem deste “medo da dor”. E também o medo e mitos da saída pela vagina.
Colecionamos histórias de partos muito dolorosos em nossas famílias que mascaram que o parto, desde os tempos mais remotos, está associado com a violência.
Quando participei da edição da Voz das Brasileiras, retrato da violência obstétrica, entendi que o medo da dor está ligado ao ambiente hostil e ao tratamento violento vivido pelas parturientes.
Mesmo “antigamente”, quando os partos eram realizados por parteiras em ambiente familiar, a falta de amparo nas evidências científicas por parte destas profissionais do parto acabavam levando-as a condutas desnecessárias e invasivas (como manobra de Kristeller e episiotomia) feitas sem as devidas condições de higiene e instrumentos inadequados, gerando marcas nos corpos – como ausência de sutura vaginal e sobretudo nas almas destas mulheres.
Dos mais dos 400 partos que acompanhei, nunca encontrei uma mulher que tenha se arrependido da dor. Aquelas que tomaram anestesia, num Feedback posterior, admitiam que davam conta de mais um pouco e em uma nova gestação optaram por um parto sem anestesia.
Mesmo aquelas que precisaram de uma cesárea compreenderam que todo o trabalho de parto e tentativa de um parto o mais natural possível, trouxe uma série de vantagens para elas e para o bebê (com os hormônios, a descida do leite é mais rápida, o bebê nasce mais vigoroso e apto a mamar, além dos hormônios do trabalho de parto contribuir para uma melhor recuperação). Sem contar que entrar em trabalho de parto espontâneo é a única garantia que o bebê está pronto para nascer, uma vez que o pulmão maduro libera um hormônio – o sulfactante- que desencadeia o trabalho de parto. Nesse link você pode conhecer a campanha da UNICEF para informar as brasileiras sobre a importância do trabalho de parto.
O que gostaria de reforçar é: separar a dor do parto da violência obstétrica é fundamental para eliminar mitos. (Que fica parameu próximo artigo).
A dor do parto é uma dor de vida. São hormônios incríveis atuando sobre o corpo da mulher e do bebê.
O corpo dilata, as contrações aumentam. Mas há intervalos regados a endorfinas e seratoninas que faz a mulher relaxar.
Aí entra o trabalho da doula: criar um ambiente físico e emocional para amenizar as interferências negativas, que fazem com que a mulher produza adrenalina, rompendo com a dança da ocitocina.
Massagem, água quente (de chuveiro ou banheira), palavras de encorajamento, ajudam a mulher a passar pelo trabalho de parto.
E a saída? O tão assustador expulsivo não é tão ruim assim para a maioria das mulheres.
Novamente é fundamental separar a dor da violência, porque é quando o bebê está quase nascendo que os piores procedimentos e violências obstétricas se mostram arraigadas no ambiente hospitalar: puxo dirigido (orientar a mulher fazer força, falta de liberdade de posição – a mulher em geral fica na maca, com perneira), muitas pessoas na sala, episiotomia (corte do períneo), Manobra de Kristeller, fazem desta chegada do bebê um verdadeiro TERROR.
Por isso é fundamental escolher uma equipe humanizada, um ambiente que ofereça a possibilidade que você, seu companheir@ (se tiver) e o bebê nasçam de uma maneira plena e respeitosa. Se alguma intervenção fizer necessária, que também seja conduzida com seu protagonismo.
E a saída?
Com uma posição mais verticalizada, a mulher sentindo seu corpo e fazendo a força involuntária (não é preciso que ninguém diga quando fazer força – puxo dirigido – em partos em que a mulher não está anestesiada), a saída do bebê costuma ser o momento mais curto, emocionante e transformador.
O cansaço do parto se vai e uma força gigante toma conta do nosso corpo. O bebê vem descendo. Há uma pressão que se sente no ânus.
A força involuntária convida para empurrar. O bebê gira e vem para o mundo. Há um ardor no períneo e em seguida um grande alívio com a cabeça que nasce e o corpo que escorrega para o mundo. Choro de felicidade, palavras de amor invadem a cena inesquecível.
A saída? É como a lembrança de uma primeira boa noite de amor. A dor se vai com a lembrança de que valeu a pena.
Algumas vezes não é preciso fazer nada no períneo. Algumas outras alguns pontinhos feitos com anestesia local. Em geral as mulheres são sentem o tecido rasgando, uma vez que a cabeça do bebê no cócix promove uma “anestesia” natural intensificada pelos hormônios.
E para você? Como foi o expulsivo?
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