É verdade! O processo de nascimento, o trabalho de parto, dói! A dor faz parte da fisiologia do nascimento e do parir, mas não é porque faz parte que você precisa passar por essa experiência sozinha e sem auxílio!
Primeiro é importante pensarmos que na nossa sociedade o parto normal é sempre associado a dor, sendo essa uma sensação negativa. Essa atribuição da dor ao parto como algo ruim é tão presente na nossa cultura, que numa passagem da bíblia encontramos: “Multiplicarei as dores de tuas gravidezes, na dor dará à luz filhos”. Além dos aspectos culturais acerca da dor no parto, é importante saber que a dor é uma sensação muito particular de cada mulher… O limiar de dor varia de mulher para mulher e de gestação para gestação.
Muitos aspectos estão ligados à dor no parto, como: relacionamento (confiança) da gestante com a equipe; o ambiente em que ela está, a relação com a/o acompanhante; os medos, crenças e expectativas em torno do parto; história de vida e experiências de outros partos…. Enfim! Muita coisa pode influenciar na dor do parto como podemos observar no esquema abaixo:
O objetivo principal de qualquer método de alívio da dor é tornar o ambiente calmo, seguro e tranquilo.
Por isso, aqui vão as 6 dicas de como aliviar a dor no parto!
Nesse post você vai encontrar
Além do apoio emocional, a doula será a pessoa que durante a gestação conversou com você sobre todos os medos, expectativas acerca do seu trabalho de parto e também, ela é a pessoa que conhece seus desejos e te ajudará como e com quais métodos de alívio da dor você pode contar.
Assim como a doula, é interessante que o(a) acompanhante escolhido seja uma pessoa em que você confia e se sente acolhida. Ele(a) também conhece seus medos e desejos e estará lá no momento em que você precisar de apoio.
Fotos Arquivo Pessoal
Dentre as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma experiência positiva de parto, temos a recomendação da livre movimentação e posições verticais durante o trabalho de parto para mulheres de risco habitual ou baixo risco. É seu direito ser informada sobre as posições de parto e escolher a que achar mais confortável para parir!
Imaginem um tubo, que ao longo dele, os diâmetros são diferentes… ora maiores, ora menores. Este tubo é a bacia da gestante que, junto ao canal vaginal, formam o caminho que o bebê precisa percorrer até nascer. As posições verticalizadas ajudam o bebê a descer percorrendo esse caminho, porque a gravidade ajuda nessa descida, fazendo com que o trabalho de parto evolua mais tranquilamente!
Essas posições representadas nas fotos podem ser utilizadas tanto no decorrer do trabalho de parto, quanto no momento do nascimento. A posição tradicional: deitada com as pernas abertas e pra cima não ajudam nesse processo de descida e movimentação do bebê para o nascimento. Acontece que quando deitada de barriga para cima, o sacro (osso do bumbum) fica imóvel, sem espaço para mobilizar-se, o que diminui o diâmetro (lembram do tubo?), dificultando a saída da cabeça do bebê.
Portanto, o trabalho de parto seria a descida por esse caminho: o bebê procurando posições e fazendo movimentos para se adequarem aos diferentes diâmetros (tamanhos) da bacia materna. As mudanças de posições ajudam na mobilidade da bacia e no aumento dos diâmetros, facilitando assim, a descida dos bebês.
Segundo a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, os benefícios de adotar posições verticalizadas durante o trabalho de parto são:
Podem contar ainda com o uso da bola de pilates, cavalinho, banqueta e caminhar durante o trabalho de parto.
Durante essa leitura, você verá imagens do meu arquivo pessoal de gestantes que utilizaram posições diversas em seus trabalhos de parto!
Também são recomendadas pela OMS, caso você queira! A massagem pode ser feita pelo(a) acompanhante, pela doula ou outro profissional que esteja com você. Ela pode ser feita em qualquer lugar do corpo que estiver mais tensionada, como forma de relaxamento. Normalmente, na fase ativa do trabalho de parto, as mulheres sentem dor com maior intensidade na lombar. Além desses exemplos da imagem, movimentos circulares na lombar também são efetivos no alívio da dor.
A compressa quente pode ser feita com bolsas térmicas, pano esquentado no ferro de passar roupa, enchendo uma luva de procedimento com água quente… Como der e puder! Normalmente as mulheres sentem dor na lombar e/ou no “pé da barriga”. A compressa quente pode ser usada nos dois lugares!
O banho de imersão (banheira) está associado à redução efetiva da dor durante o primeiro estágio do parto e a redução da necessidade de analgesia. Além disso, aumenta a satisfação com a experiência do nascimento. Se for da sua escolha e estiver disponível no local de parto escolhido, pode ser usada!
Faltam pesquisas que comprovem o uso do banho de chuveiro como técnica que alivia a dor, porém na prática, a maioria das mulheres dizem que ficar algum tempo no chuveiro, com água morna caindo no corpo, ajuda a relaxar e consequentemente, alivia a dor. Por ter esse efeito relaxante, o banho de chuveiro ajuda na evolução do trabalho de parto. É importante lembrar que apesar de não existirem evidências científicas recomendando o banho, também não há evidências mostrando que é contra-indicado ou que causa algum mal para a mãe e/ou o bebê.
São duas técnicas de relaxamento também indicadas pela OMS, simples e fáceis de usa-las. Algumas mulheres dizem que a respiração alivia a dor porque ajuda a concentrar no momento e na vivência do parir; outras mulheres dizem que a respiração ajuda no relaxamento da tensão do corpo e isso faz reduzir a percepção de dor. A musicoterapia seria o uso de músicas, mantras, cantos ou qualquer variação de canções da sua escolha que te proporcionem um ambiente calmo e tranquilo.
Fotos Arquivo Pessoal
Outras técnicas como acupuntura e aromaterapia também podem ser utilizadas para o alívio da dor, porém requerem um estudo mais aprofundado pelo profissional sobre as técnicas e suas utilizações!
Portanto, não posso dizer que não terá dor. Terá! Mas você tem todos esses métodos para alívio da sua dor para que você possa ter uma experiência mais positiva no seu parto!
Referencias Bibliográficas
Lizandra Martins Souza. A dor no parto: uma leitura fenomenológica dos seus sentidos. Brasília, 2017 https://bdtd.ucb.br:8443/jspui/bitstream/123456789/1877/1/trabalho_parte1.pdf
Folder da Lei do acompanhante http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/lei_acompanhante.pdf
WHO recommendations: Intrapartum care for a positive childbirth experience, 2018. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/260178/9789241550215-eng.pdf
Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, 2016. http://conitec.gov.br/images/Consultas/2016/Relatorio_Diretriz-PartoNormal_CP.pdf
Métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto: revisão integrativa, 2014. file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/v18n2a18.pdf
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