O cordão umbilical começa a se formar entre a 4ª e 8ª semana de gestação, ele conecta o bebê à placenta que por sua vez está ligada a parte interna do útero materno. Esse cordão é constituído por três canais (vasos sanguíneos) –duas artérias e uma veia- todas imersas na geleia de Wharton (tecido mucoso) que deixa o cordão resistente e impede que ele se enrosque.
Além disso, o cordão umbilical é a maior fonte de conexão mãe-bebê durante toda a gestação e é através dele que o bebê recebrá oxigênio, sangue e todos os nutrientes filtrados pela placenta durante toda a vida intra-uterina.
A natureza é muito perfeita, não é mesmo?
Depois de nove meses “morando” em um ambiente quentinho e acolhedor como o útero materno e receber tudo o que era necessário para se desenvolver através do cordão umbilical esse bebê que passará com a mãe pela grande transição do parto merece e precisa que esse momento de primeiro contato pele a pele ainda conectado ao cordão seja respeitado. É justamente o cordão umbilical que ajudará para que essa transição que o bebê fará a partir do seu nascimento seja mais sutil.
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Durante o parto a passagem do bebê pelo canal vaginal estimulará a saída de líquido pelas vias aéreas. Quando o bebê sai, seus pulmões se expandem e a mudança de temperatura estimula a respiração. Porém, o cordão umbilical ainda está pulsando e passando oxigênio, sangue e nutrientes para o bebê.
A Organização Mundial de Saúde recomenda o clampeamento tardio do cordão umbilical esperando de 1 a 3 minutos em todos os nascimentos. Mas, aguardar o cordão umbilical parar de pulsar garantirá que todo o sangue que ainda estava circulando na placenta retorne para o bebê. Em muitos casos, o clampeamento do cordão umbilical só é feito após o nascimento da placenta.
Existem muitos benefícios do clampeamento tardio do cordão umbilical, um deles é a transferência de 30 a 150 ml de sangue circulante na placenta que é fundamental para o aumento dos níveis de hemoglobina e de ferritina que protege o recém-nascido contra o risco de anemia na primeira infância.
Outro benefício é que enquanto o bebê ainda estiver recebendo oxigênio através do cordão umbilical ele terá a chance de aprender a respirar suavemente sem o corte abrupto dessa fonte que o obrigaria a expandir os pulmões num choro forte de desespero.
O cordão umbilical também tem o tamanho perfeito para o bebê ir direto para o colo da mãe que é o único lugar onde ele deve e precisa estar assim que sai do Universo uterino. Nesse primeiro momento o contato pele a pele, a conexão do olhar e a primeira mamada devem ser prioridades e beneficiarão mãe e bebê.
Um detalhe interessante é que entre outros mamíferos o corte do cordão umbilical só é feito após o nascimento da placenta ou até mesmo horas após o parto, pois sem o clamp para fazer o clampeamento e prevenir a saída do sangue pelo coto umbilical provavelmente os filhotes teriam hemorragia. A natureza é muito sábia e temos muito a aprender se escutarmos e respeitarmos o processo do nascimento.
A prática do clampeamento imediato priva em até 25% o volume de sangue circulante no bebê. É uma quantidade alta se considerarmos o peso e o tamanho do recém-nascido.
Estudos mostram que mesmo em casos de cesarianas ou até mesmo de bebês prematuros o clampeamento tardio do cordão terá benefícios contribuindo para uma menor incidência de transfusão de sangue, menor risco de anemia e melhor estabilidade cardiorrespiratória.
A médica Melania Amorim, defende que o clampeamento tardio deve ser feito especialmente em casos onde a respiração espontânea do bebê ainda não tiver iniciado e que os bebês que necessitam de reanimação podem ser ventilados com o cordão intacto ao lado da mãe.
Não há nenhum estudo científico que comprove ser necessário o clampeamento imediato do cordão umbilical.
O cordão umbilical é fonte de vida e união entre mãe e bebê, fazer peças decorativas e amuletos pode ser uma maneira linda de honrar a primeira fonte de conexão que existiu entre vocês.
Colocar em seu plano de parto sua escolha pelo clampeamento tardio do cordão umbilical é seu direito. Por você e por seu filho(a)!
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ACOG Recommends Delayed Umbilical Cord Clamping for All Healthy Infants https://www.acog.org/About-ACOG/News-Room/News-Releases/2016/Delayed-Umbilical-Cord-Clamping-for-All-Healthy-Infants
Clampeamento Tardio Do Cordão Umbilical: Estudo De Coorte https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/26357/2/juliana_goes_iff_mest_2017.pdf
Early versus delayed umbilical cord clamping in preterm infants https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003248.pub2/abstract
Efeitos do clampeamento tardio do cordão umbilical sobre os níveis de hemoglobina e ferritina em lactentes aos três meses de vida https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2008001400017&script=sci_arttext
Tempo de clampeamento e fatores associados à reserva de ferro de neonatos a termo https://www.scielosp.org/article/rsp/2014.v48n1/10-18/
Além da sobrevivência: Práticas integradas de atenção ao parto, benéficas para a nutrição e a saúde de mães e crianças http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alem_sobrevivencia_atencao_parto.pdf
O clampeamento tardio do cordão umbilical reduz a anemia infantil https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/120074/WHO_RHR_14.19_por.pdf;jsessionid=4EB7F055441BA2BFC2A3A20263F31786?sequence=2
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