Se chegou a este texto antes de ler as outras partes, pode clicar aqui para inteirar-se de como começamos essa conversa. Temos também a parte 2 aqui que fala sobre o diagnóstico de uma gravidez ectópica.
Nesse post você vai encontrar
Sim, é altamente provável voltar a engravidar, após passar por uma gravidez ectópica. Seja ela uma gravidez tubária ou não.
A primeira coisa a pensar é qual foi o resultado desta gestação anterior? Algumas perguntas podem ajudar a levantar e entender questões ligadas a esta gestação:
São questões que poderão ser respondidas através da ajuda de seu médico e de exames feitos anteriormente e no momento presente também.
Alguns estudos feitos fora do Brasil, nos trazem ótimos dados, no que diz respeito ao desejo de ter uma futura gestação:
Mulheres que passaram por uma gravidez ectópica com cirurgia radical de retirada de uma das trompas, por exemplo, teriam hoje 64% de chances de voltar a engravidar, já as mulheres que tomaram apenas medicação, teriam 67% de chances e as que fizeram uma cirurgia sem extração das trompas teriam hoje 70% de chances. Na prática quer dizer que uma mulher que engravidou uma vez, pode engravidar outra vez facilmente, mesmo estando com apenas uma trompa neste momento e isso pode ocorrer menos de um ano depois.
Se o desejo de engravidar for forte e passar mais de um ano do ocorrido, as questões envolvidas deveram ser investigadas com mais atenção.
O grande dilema após um diagnóstico de gravidez tubária é a questão da possível retirada ou não da trompa onde ocorreu a gravidez.
Questões como preservar ou não a trompa doente ou retirar uma trompa talvez saudável deixam muitas dúvidas nas gestantes. Nesses casos conversas com a equipe médica são essenciais e devemos pensar que é sim uma decisão que pode impactar em toda uma vida. Pode significar o sucesso ou não de novas tentativas para engravidar. A primeira coisa a fazer é sempre checar como está a trompa que ficou e ao engravidar novamente, realizar acompanhamentos suficientes para verificar a evolução dessa gestação, garantindo o bem estar da mãe, do bebê e a integridade desta trompa.
Fonte: Pixabay
Pacientes jovens que não tinham histórico de infertilidade anterior, em geral, voltam a engravidar sem necessidade de qualquer ajuda ou tratamento.
Já pacientes de mais idade ou com intercorrências anteriores podem vir a precisar de uma fertilização in vitro para engravidar.
É preciso lembrar que o que falamos acima não é uma regra geral, existem controvérsias na área médica em relação as novas possibilidades de gestação.
Até obtermos um consenso na literatura médica, pacientes desejosas de uma futura gestação devem ser bem orientadas para decidirem conscientemente a conduta a tomar quando ocorre uma interrupção na gestação, seja ela por uma gravidez ectópica ou outra intercorrência.
Mulheres com endometriose correm maior risco de sofrerem um aborto espontâneo ou desenvolverem uma gravidez ectópica. Quando a gestação das mulheres com endometriose ultrapassa as 24 semanas, elas têm maior risco de desenvolver complicações, como hemorragia antes e após o parto e parto prematuro. Isto é o que aponta a pesquisa realizada pela Sociedade Europeia de Reprodução e Embriologia.
Ou seja uma mulher que teve uma gestação ectópica deve realizar exames para verificar se existe a chance ou não de sofrer de endometriose e caso positivo seria ideal primeiro realizar um tratamento para isso, para depois tentar uma nova gestação, seja de forma natural ou por uma fertilização, por exemplo.
Fonte: Pixabay
Aparentemente após lermos tudo isso acreditamos que não é possível que um bebê nasça saudável numa gestação ectópica, mas existem sim, raros casos, mais existem. “A gravidez ectópica [fora do útero] acontece em 1% de todas as gestações do mundo e dentro deste 1% das ectópicas, a possibilidade de nascer no ovário é de 1%”, explica o médico Romulo Mullerue que acompanhou uma cesariana bem sucedida no Pará em 2013: “O risco de mortalidade materna é 90 vezes maior que uma gestação normal e o risco do bebê falecer é de 95%”, afirma o médico. Mas mesmo com tanto risco, há minima chance de uma nova vida, já nos emociona por demais!
Fonte: Pixabay
Obvio que para uma mulher que passou por uma perda gestacional, seja ela em decorrência de uma gravidez ectópica ou não, o medo pode ser uma constante. Medo de estar fazendo algo errado, de ter feito algo errado de estar acontecendo algo errado durante anova gestação. São vários medos.
Mas a primeira coisa é entender o que se passou no passado, neste caso a gestação anterior que se descobriu ser ectópica. Se você soube a causa, por exemplo se ocorreu uma gestação ectópica em decorrência de alguma infecção anterior. O primeiro passo é checar se está tudo certo com novos exames e acompanhamento do médico. Estando tudo certo, e já estando liberada para tentar engravidar novamente, não tem porque acreditar que vai dar errado.
Outra coisa importante é não se culpar, nada aqui tem a ver com o que você fez ou deixou de fazer, lidamos aqui neste momento com algo fora do normal conhecido. Cerca de 30% das mulheres perdem seus bebês no início da gestação e um grande número desas mulheres nem sabe que isso aconteceu de fato.
Mas é importante sabermos, que muitas mulheres ficarão tranquilas, apenas a partir do segundo semestre, quando possivelmente o bebê já estiver mexendo mais e outras, só dormirão sossegadas após o nascimento de seu bebê.
Ansiedade, ressentimentos, culpas e estresses podem aparecer em algum momento. As vezes todos esses sentimentos juntos inclusive. Tudo isso é normal, mas além de aceitar esses sentimentos, seja bondosa com si própria, se abrace, se perdoe, se ame mais ainda e aceite também outros sentimentos bons das pessoas que tiver por perto, permita-se rira também além do choro. Ser acolhida, ser cuidada. Busque amparo nas pessoas próximas ou em grupos de pessoas que já passaram por isso.
Dedico um texto que li de uma colega aqui da Casa da Doula para você que está lendo esse texto e passou por algo assim, leia aqui!
Um grande abraço e aguardo seu comentário, para saber o que achou deste “grande” texto!
Se desejar saber mais sobre os fatos que abordei no texto, deixo alguns links que usei como referências para escrever esse material:
Intercorrências na gravidez em puérperas brasileiras atendidas nos sistemas público e privado de saúde http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/pt_0104-1169-rlae-25-e2949.pdf
Gestação de Alto Risco – Manual Técnico – 5º Edição – Ministério da Saúde http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf
LIVRO: O Que Esperar Quando você está Esperando (Heidi Murkoff, Arlene Eisenberg e Sandee Hathaway, B.S.N.) 14º Edição, 2011 (páginas 45, 192-193, 662-665, 669, 676-678) – Editora Record http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=20202
Semana de Mobilização pela Saúde das Mulheres http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43325-ministerio-da-saude-investe-na-reducao-da-mortalidade-materna
Gravidez ectópica não rota – diagnóstico e tratamento. Situação atua https://www.researchgate.net/profile/Julio_Elito/publication/250986310_Gravidez_ectopica_nao_rota_diagnostico_e_tratamento_Situacao_atual/links/5565c34f08ae06101abea852.pdf
Gravidez abdominal com recém-nascido vivo: Relato de Caso https://periodicos.set.edu.br/index.php/saude/article/download/1922/1154
Gestação ectópica abdominal: relato de caso com feto vivo http://rmmg.org/exportar-pdf/1880/v25n4a23.pdf
Informações da Wikipédia com Fontes Diversas https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ectopic_pregnancy_on_laparoscopy.png
Bebê de gestação abdominal nasce saudável no Pará http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/01/bebe-de-gestacao-abdominal-nasce-saudavel-no-para.html
Vídeos Relatos de pessoas que passaram por uma gravidez Ectópica:
GRAVIDEZ ECTÓPICA | SINTOMAS, COMO SUPEREI https://www.youtube.com/watch?v=YXWGzEwh-nw
NOSSA PERDA GESTACIONAL “Grávidos a Série” Tiago e Gabi https://www.youtube.com/watch?v=1v8APi6kOM0
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Aline, parabéns pelos textos!!!! Muito completos... quando escrevi o meu sobre perda gestacional no primeiro trimestre, vieram me pedir para escrever sobre perda por gravidez ectópica!
Vou passar seus textos adiante!
Um grande beijo!
Oi Querida Jana, Muito obrigada...penei duas semanas entre escrever meu texto e ter coragem mesmo de postá-lo. Como o seu texto já tinha me feito chorar, lendo mais ainda para escrever o meu, fiquei com medo de parecer fria passando as informações, por isso achei muito válido acabar citando seu texto. Obrigada por passar adiante! Beijo grande tb!
Ainda não tenho filho e já passei por uma operação , gravidez octopica, estou com muito medo de não poder ter filho.Ja estive grávida mais mesmo assim sem sucesso,o que vou fazer pra dar tudo certo,alguma de vocês passou por isso?se sim o que fizeste pra super está situação?