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Tive uma gravidez ectópica, será que poderei engravidar novamente? (PARTE 2)

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Você veio ler sobre gravidez Ectópica, mas se chegou a este texto antes de ler a parte 1, clique aqui agora para se inteirar de como começamos essa conversa. Agora se desejar apenas a resposta da questão central, pode ir direto ao último texto clicando aqui. ?

 Como é feito o diagnóstico de uma gestação Ectópica?

 A dor e o sangramento vaginal são os sintomas mais recorrentes no diagnóstico de uma gravidez ectópica. De qualquer forma é importante saber que em quase todos os casos há presença de dor, mas o sangramento nem sempre ocorre em grande quantidade, e as vezes é inexistente por fora. Podendo ser facilmente confundido com início de menstruação ou até quando não ocorre o sangramento, a gestante pode apenas achar que teve um atraso menstrual, ou então vir aí a suspeitar de uma gestação. É importante então notar que, dores fortes, cólicas intensas, câimbras no abdome, pequenas manchas marrons de sangue ou grandes hemorragias, náuseas e vômitos, fraquezas, enfim, sintomas aparentemente até comuns em gestantes, mas que juntos ou mesmo separados podem indicar motivos para preocupações. Por isso é sempre importante consultar o serviço médico quando algo está fora do comum e chamar o serviço de emergência se assim for necessário.

Para fechar o diagnóstico, será preciso uma avaliação clínica, muitas vezes associadas a exames físicos, ginecológicos que poderão por exemplo, evidenciar presença de sangue no canal vaginal, útero menor do que o esperado para a idade gestacional, amolecimento do colo uterino e dor pélvica, as vezes mais localizada em alguma região.  Exames laboratoriais também são importantes já que através da dosagem de hCG por exemplo, no sangue materno pode-se fechar ou não um diagnóstico de gravidez, ou seja um exame negativo descarta gravidez e um positivo confirma a gravidez. Além disso, acompanhando durante 48 horas por exemplo, as taxas desse exame, confirma-se o desenvolvimento normal da gestação ou não; podendo descobrir assim um possível aborto ou a existência da gravidez ectópica.

Fonte: Pixabay

A ultrassonografia também pode ser indispensável na investigação dos casos suspeitos de gravidez ectópica. A presença de gestação intrauterina praticamente afasta essa possibilidade, já a visualização do saco gestacional e embrião com (BCF) batimentos cardíacos fetais fora do útero confirma gravidez ectópica.

 

O que ocorre após esse diagnóstico?

 Após fechado o diagnóstico de uma gravidez ectópica, há algumas possibilidades de conduta, de acordo com a gravidade do caso. Há conduta expectante ( quando se decide esperar os acontecimentos), tratamento clínico ou cirúrgico como a laparoscopia (exame endoscópico da cavidade abdominal e de seu conteúdo, realizado sob anestesia geral e após insuflação do abdome com um gás inerte) ou laparotomia (abertura cirúrgica da cavidade abdominal).

Fonte: Pixabay

Tirando casos de emergências médicas, onde muitas vezes a ação imediata se faz necessária, a equipe médica deverá decidir junto da gestante qual melhor conduta a seguir. Ao menos hospitais e equipes médicas que trabalham de acordo com a humanização, agem desta forma, quando é possível aguardar o consentimento da gestante em relação as decisões a ser tomadas.

 

Condutas possíveis:

A conduta expectante (onde o médico irá aguardar a evolução do caso, com calma),  pode ser adotada em algumas gestantes que se enquadrem em tais critérios:

  • Pouca dor ou sangramento;
  • Confiabilidade na gestante para seguimento;
  • Nenhuma evidencia de rotura tubaria;
  • Nível de βHCG baixo ou e em queda;
  • Massa ectópica ou ameixal <3 cm ou não detectável;
  • Ausência de BCF;
  • Estabilidade hemodinâmica.

Estes casos podem representar uma gestação de localização desconhecida, podendo tratar-se de um aborto ou mesmo gestação ectópica em resolução.

O tratamento clínico através de fármacos (remédios prescritos pelo médico), dentro de um centro médico especializado é uma alternativa a cirurgia, em mulheres que se enquadrem em tais critérios:

  • Sinais vitais estáveis e poucos sintomas de intercorrências;
  • Ausência de contraindicação médica para a terapia (enzimas hepáticas normais,
  • hemograma e plaquetas normais);
  • Gravidez ectópica integra;
  • Ausência de atividade cardíaca embrionária;
  • Massa ectópica medindo 4cm ou menos;
  • Níveis de βHCG altos.

O tratamento cirúrgico pode ser dividido em conservador e radical. No conservador a trompa é preservada. Ambos podem ser realizados por laparoscopia ou laparotomia. Os critérios para tratamento cirúrgico são:

  • Gestante com sinais vitais instáveis ou sinais de hemorragia;
  • Diagnostico inconclusivo;
  • Gravidez ectópica avançada, atividade cardíaca embrionária;
  • Seguimento difícil;
  • Contraindicação ao tratamento clínico.

 

Não podemos encerrar esse texto sem pensar que nesse momento temos uma mulher que pode ser que soubesse dessa gestação e já aguardava esse bebê ou pode ser que nem sequer imaginava estar grávida e foi surpreendida com essa avalanche de informação que é saber que está grávida e saber que ela e/ou seu feto correm risco de vida. Não tem muito como consolar essa mulher, essa mãe, porque mesmo quem já passou por algo assim, não se preparou para isso antes. Precisamos sempre acolher, independente de qualquer circunstância que envolva essa história.

Esse texto estou fazendo para trazer informações a cerca de algo que traz muitas dúvidas para muitas das gestantes que já conheci nesta vida.

Se você que está lendo vivenciou isso, sinta meu abraço e saiba que nenhuma dor pode ser tirada de ninguém, nenhum filho também. Meu desejo é que minha mensagem aqueça seu coração ou ajude a enxugar suas lágrimas. Se de alguma forma você chegou aqui para tirar dúvidas por ter passado por isso, eu te agradeço de coração por ter lido até aqui e desejo do fundo de minha alma, que a continuação de sua jornada lhe traga novas e belas alegrias!

 

CONTINUA…

 

Se quiser saber mais sobre os fatos que abordei no texto, deixo alguns links que usei como referências para escrever esse material:

Intercorrências na gravidez em puérperas brasileiras atendidas nos sistemas público e privado de saúde   http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/pt_0104-1169-rlae-25-e2949.pdf

Gestação de Alto Risco – Manual Técnico – 5º Edição – Ministério da Saúde http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf

LIVRO:  O Que Esperar Quando você está Esperando (Heidi Murkoff, Arlene Eisenberg e Sandee Hathaway, B.S.N.) 14º Edição, 2011 (páginas 45, 192-193, 662-665, 669, 676-678) – Editora Record http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=20202

Semana de Mobilização pela Saúde das Mulheres http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/43325-ministerio-da-saude-investe-na-reducao-da-mortalidade-materna

Gravidez ectópica não rota – diagnóstico e tratamento. Situação atua https://www.researchgate.net/profile/Julio_Elito/publication/250986310_Gravidez_ectopica_nao_rota_diagnostico_e_tratamento_Situacao_atual/links/5565c34f08ae06101abea852.pdf

Gravidez abdominal com recém-nascido vivo: Relato de Caso https://periodicos.set.edu.br/index.php/saude/article/download/1922/1154

Gestação ectópica abdominal: relato de caso com feto vivo http://rmmg.org/exportar-pdf/1880/v25n4a23.pdf

Informações da Wikipédia com Fontes Diversas https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ectopic_pregnancy_on_laparoscopy.png

Bebê de gestação abdominal nasce saudável no Pará http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/01/bebe-de-gestacao-abdominal-nasce-saudavel-no-para.html

Vídeos Relatos de pessoas que passaram por uma gravidez Ectópica: 

GRAVIDEZ ECTÓPICA | SINTOMAS, COMO SUPEREI https://www.youtube.com/watch?v=YXWGzEwh-nw

NOSSA PERDA GESTACIONAL “Grávidos a Série” Tiago e Gabi https://www.youtube.com/watch?v=1v8APi6kOM0

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Doula Aline Tagliatella (Araraquara - SP)

Descobri a humanização na gestação de minha caçula e após um acolhedor e transformador Parto Normal Hospitalar e HUMANIZADO, num atendimento de sonhos pelo SUS, decidi estudar mais e retribuir ao universo o que recebi. Tornei-me Doula, Educadora Perinatal e Facilitadora de Aleitamento Materno.

Através deste desejo de apoiar outras mulheres, principalmente com informações de qualidade, iniciei uma linda jornada no voluntariado através da ONG Bebê a Bordo, ganhando cada vez mais conhecimentos práticos para atuar com as famílias, em momentos de pré, parto ou pós parto. Hoje atuo em grupos de gestantes e puérperas e realizo também muitos atendimentos "on line", já que por ter crianças pequenas, nem sempre posso me comprometer com acompanhamentos presenciais.

Cidades de Atuação: Araraquara e São Carlos no interior de São Paulo

Instagram: @DoulaLiliY 

Facebook: Doula LiliY 

Contato: doulaliliy.maternidade@gmail.com

 

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