Pode fazer sexo na gravidez? A partir de quantas semanas e até quando está liberado? O bebê sente quando a mãe tem um orgasmo? É verdade que o sêmen do homem pode ajudar a induzir o parto e a prevenir a pré-eclâmpsia? A sexualidade na gestação é um dos maiores tabus da humanidade, liderando a lista de temas difíceis e necessários.
De acordo com um estudo publicado em 2011 no Canadian Medical Association Journal, atividades sexuais são seguras em gestações de baixo risco e a abstinência sexual só é recomendada em casos específicos. Conheça alguns mitos e verdades sobre a libido e o sexo na gravidez e entenda porque fazer sexo é bom e não querer fazer também é normal.
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Enquanto algumas vão sentir enjoo, cansaço físico, tontura, medo de perder o bebê, dificuldades para dormir ou sono intenso na gravidez, outras irão experimentar uma sensação de vitalidade e alegria nunca vividas antes. Estes sentimentos não significam que a gestação está saudável ou não, nem tem ligação direta com a gravidez ter sido ou não planejada, mas interferem na sexualidade da mulher grávida.
O aumento nos níveis de estrogênio e progesterona no corpo da mulher pode elevar a vontade de fazer sexo, mas também pode causar dor de cabeça e nos seios, irritabilidade e náuseas. Medir o quanto a libido da mulher é muito mais subjetivo que avaliar as variações hormonais fora do contexto biopsicossocial desta mulher. O maior volume de sangue circulando no corpo da mulher, em especial na região pélvica, podem facilitar a lubrificação vaginal e os orgasmos, é verdade. Porém, esse aumento de sensibilidade também pode levar ao surgimento de dores ou incômodos que não estavam ali antes.
De acordo com uma análise de disposição e satisfação sexual em gestantes publicado pelo no volume 107 do International Journal of Obstetrics and Gynaecology, a frequência sexual tende a cair ao longo das semanas durante a gravidez. No primeiro trimestre, 96% das mulheres relataram penetração vaginal. No terceiro trimestre, o número cai para 67%.
Em linhas gerais, o mais comum é uma redução de libido no início da gravidez, aumento no segundo trimestre e nova queda no terceiro. Porque isso acontece? No primeiro trimestre, o aumento da progesterona e do estrogênio, o surgimento do hCG, a atuação da relaxina, de alguns corticoides, causam uma verdadeira tempestade hormonal além do medo de um abortamento espontâneo, o que pode deixar a mulher cansada demais ou com medo de fazer sexo.
No segundo trimestre, as chances de perder o bebê caem drasticamente, a barriga aparece, mas ainda é pequena, a mulher se “adapta” aos hormônios, os seios crescem e a irrigação sanguínea deixa tudo muito mais favorável ao sexo. Já no terceiro trimestre, em especial nos dois últimos meses, o peso da barriga, das responsabilidades e da ansiedade pelo parto são maiores do que aparece na balança. A futura mamãe e o seu companheiro ou companheira precisam redobrar a criatividade para driblar o cansaço e a falta de posição confortável.
O mais importante de tudo isso é o casal entender que fazer sexo na gravidez pode ser tão bom e saudável quanto em qualquer etapa da vida, ou até melhor. Mas, se gestante ou seu parceiro não está a fim de sexo, existem outras formas de ser feliz. Se sentir obrigado a transar com alguém apenas para satisfazê-lo ou para cumprir tabela pode gerar uma ansiedade e uma tensão no casal que reflete no bebê e no pós-parto.
Entre os fatores que mais atrapalham a sexualidade da mulher grávida ou do casal está a forma como a sociedade enxerga a gravidez. A “santificação” do processo de gerar uma vida nova pode causar uma angústia na “Hora H”, transformando uma das características humanas mais singulares, a nossa capacidade de sentir prazer com sexo, em pecado. É absolutamente normal e esperado que uma mulher grávida continue sentindo desejos sexuais.
O mito da purificação da gestante também pode afetar os parceiros ou parceiras desta mulher. Entender a gravidez como uma fase natural, nova e passageira da vida sexual e emocional daquele casal é um grande passo pra se sentir livre, leve e solto pra fazer sexo quando e se quiser. Para isso, manter um diálogo franco e saudável e estar informado sobre os mitos e verdades envolvendo o sexo são fundamentais para ninguém ficar cheio de “caraminholas na cabeça”. Quando o casal não consegue se entender e o relacionamento entra em crise, o bebê pode sentir as sequelas dessa angústia emocional.
Se a gravidez está saudável e a mulher sente vontade de fazer sexo, ela pode e deve fazê-lo quantas vezes e na posição que mais se sentir confortável. As relações sexuais liberam endorfina, que alivia sensações dolorosas, e a famosa ocitocina, o hormônio do amor! Essa sensação de relaxamento pode ser benéfica inclusive para o bebê.
Porém, se existe sangramento vaginal, suspeita de descolamento prematuro de placenta, insuficiência cervical, ruptura prematura de membranas, trabalho de parto prematuro, doença sexualmente transmissível ativa ou dor e desconforto, é importante passar por uma avaliação médica, que pode suspender a atividade sexual da mulher ou aconselhar moderação. Mas nem tudo está perdido. Fica comigo que eu vou explicar formas alternativas de manter a saúde sexual [e emocional] em dia quando “fazer aquilo” está proibido.
Gravidez não é doença, mas é um normal bem estranho, não é mesmo? A barriga vai crescendo e muitas mulheres podem não se sentir confortáveis com o corpo que está surgindo junto com o bebê. Se a gestação não foi planejada ou a mulher não se sente tão bem quanto achou que estaria, podem haver impactos na autoestima. Uma mulher com autoestima elevada, que se sente acolhida pelo seu parceiro e segura na relação tem muitos mais chance de desenvolver uma vida saudável na gravidez.
Se os parceiros estiverem confortáveis e a gravidez estiver saudável, é possível manter uma uma rotina sexual desde as primeiras semanas até o momento em que a bolsa estourar e o bebê nascer. Apesar do estímulo sexual causar pequenas contrações no útero, elas não são suficientes para desencadear ou induzir um parto prematuro.
Já nas relações sexuais sem camisinha, os especialistas acreditam que pode ser diferente. O sêmen possui prostaglandina, hormônio que facilita o parto, e pode ajudar a dilatar o colo do útero na reta final da gravidez. De acordo com um estudo australiano, as substâncias presentes no sêmen do pai do bebê também podem ajudar o corpo da mãe a ter uma gestação mais saudável e a tolerar melhor a placenta, reduzindo as chances de pré-eclâmpsia. Para aumentar a eficácia, os cientistas afirmam que o casal deve manter relações sexais pelo menos nos três últimos meses da gravidez.
Para fazer sexo é preciso pensar em sexo e, muitas vezes, falar sobre sexo. Mas também é preciso conversar sobre outras coisas, de preferência que não sejam o bebê, manter uma intimidade adulta. Um jantar a dois, um cinema, uma massagem podem operar verdadeiros milagres em quem quer ir para a cama, mas está sem libido.
Nem todo contato físico é sexo. Beijos, carícias e masturbação podem ser uma forma deliciosa de trabalhar o desejo e a libido quando a penetração não é confortável ou quando ela foi desaconselhada pelo médico.
A clássica posição “papai mamãe” pode não ser a mais fácil quando a gravidez se aproxima de reta final e já não há como esconder o barrigão. Uma das posições mais indicadas é a de ladinho, com um travesseiro apoiando a barriga. Se o casal se sentir confortável, tentar a “de quatro” pode ser uma forma de incrementar a rotina. Outras ideias: com a mulher sentada na quina da cama ou de uma mesa resistente, ajoelhada sobre o sofá ou até sentada sobre o parceiro.
Conversar sobre o que você gosta, gostava e deixou de gostar, queria tentar ou tem medo é uma forma de abrir novos caminhos para chegar lá. Não deixe pra resolver os incômodos da relação na hora de ir pra cama, ou tudo pode ir “por água abaixo”.
Um cardápio com menos açúcar e gordura saturada e rico em vitaminas, ferro e zinco pode reduzir o inchaço do corpo, aumentar a disposição e ajudar a criar o clima que o casal precisa. Alimentos que causam gases podem dificultar as coisas.
Uma grávida hidratada não quer guerra com ninguém. A ingestão adequada de água diminui as chances de infecção urinária, dor de cabeça e cólicas associadas à desidratação. Quem diria que a água pode ser afrodisíaca!
Se você está grávida e quer fazer sexo, já conversou com seu parceiro, mas ainda não consegue relaxar na “Hora H”, converse com sua doula, médico, enfermeira ou psicóloga. Às vezes, conversar com um profissional de sua confiança é tudo que você precisa pra “relaxar e gozar”.
Corpo e sexualidade na gravidez http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v46n3/04.pdf
Sexualidade na gravidez, mitos e realidade https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/36525/1/TESE.pdf
Sexualidade vivenciada na gestação: conhecendo essa realidade https://www.fen.ufg.br/revista/v13/n3/pdf/v13n3a12.pdf
Sexuality and sexual activity in pregnancy https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1471-0528.2000.tb10397.x
Sex in pregnancy https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3080531/pdf/1830815.pdf
Fathers’ experiences after having a child: sexuality becomes tailored according to circumstances https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0266613809001600
Sex during pregnancy: What’s OK, what’s not https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/pregnancy-week-by-week/in-depth/sex-during-pregnancy/art-20045318
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