A grande maioria das mulheres que me procuram quer ter um parto normal e não sabem por onde começar. Junto com o desejo vem a queixa de que quem deveria informar, no momento que a mulher decide por ter um parto normal, já a desencoraja na primeira consulta: o dotô!
Como ajudar a traçar esse caminho de apoio, informação, opções, escolhas, decisão, confiança, quebra de padrões e paradigmas? É uma caminhada longa e na maioria das vezes difícil.
Dois risquinhos! Tô grávida!
Eis que você corre na farmácia, faz o teste e pá……deu dois risquinhos, você está grávida!
Muitas mulheres após o teste de farmácia, na maioria das vezes marcam a primeira consulta com seu ginecologista ou então, para confirmarem fazem o teste de beta HCG no laboratório antes da consulta.
“(…) O beta HCG é um hormônio produzido pelo organismo durante a gestação pelas células precursoras da placenta. Ele é um componente do HCG (gonadotrofina coriônica humana), hormônio específico da gravidez. Por isso esse exame é usado no diagnóstico da gestação.
No exame de beta HCG de laboratório as taxas desse hormônio no sangue são medidas, tornando o teste ainda mais sensível do que o teste de gravidez de farmácia, sendo capaz de detectar quantidades bem baixas do beta HCG. Além disso, o exame de sangue permite um resultado quantitativo, em que a concentração desse hormônio no organismo também é medida, o que pode ajudar a verificar se a gestação está indo bem. (…)
(…) O resultado do exame beta HCG de sangue vem expresso em forma quantitativa, ou seja, com as medidas da concentração do hormônio no sangue. Normalmente os valores são muito variáveis e mudam de mulher para mulher e de laboratório para laboratório, conforme o método de medição que eles usam. Ou seja, duas mulheres com o mesmo tempo de gestação podem fazer o exame no mesmo lugar e terem resultado diferentes. Ou uma mesma mulher pode fazer o teste em dois laboratórios e ter concentrações do hormônio diferentes.
No entanto, na maior parte dos laboratórios, quando o resultado dá acima de 5 UI/L significa que o exame deu positivo e a mulher está grávida. As quantidades do hormônio são mais importantes para avaliação do médico. (…)”
Beta HCG: entenda o resultado do exame de gravidez. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/21074-beta-hcg> Acesso em: 02 de março de 2018)
Não existe uma ordem ideal para a confirmação da gravidez, existe aquela que vai te deixar mais segura e que talvez te informe mais rápido. A ideia de ir ao obstetra é para que seja iniciado o acompanhamento do pré-natal durante a gestação.
O que é e para que serve o pré natal
O pré-natal é o acompanhamento da evolução da gestação, na maioria das vezes feito por obstetra no intuito de cuidar da saúde da mulher e do bebê até o momento do nascimento.
É com o pré-natal que conseguimos mapear as gestantes de alto risco ou baixo risco através de consultas mensais (no início da gestação), quinzenais (após 36 semanas), semanais (após as 38 semanas) e exames. Com esse acompanhamento as gestantes de alto risco são mapeadas e podem sofrer alguma intervenção para indução do parto que vai garantir a saúde tanto da mãe como do bebê.
Segundo o ginecologista obstetra Braulio Zorzella, “somente cerca de 10% das gestações são ou serão consideradas de alto risco. E na prática só essas gestantes precisariam de um acompanhamento mensal (e depois quinzenal e semanal) como o que temos no chamado pré-natal.”
Inclusive o próprio ginecologista obstetra Brasulio Zorzella afirma que não faz sentindo e é totalmente contraditório fazer pré-natal em gestante com cesárea eletiva (realizada antes de trabalho de parto), uma vez que o objetivo é identificar qualquer doença que necessite da indução do parto, exatamente para se evitar uma cesárea.
Se pensarmos dessa forma o pré-natal de alto risco deveria ser acompanhado por obstetras e os de baixo risco por enfermeiras obstétricas e obstetrizes, que são totalmente capacitadas para acompanharem gestante e parto de baixo risco ou risco habitual.
O pré-natal não tem só o foco de acompanhamento da saúde e evolução da mãe e do bebê, mas também uma forma de conexão não só da mãe com seu próprio corpo, como também com o bebê.
Decida onde e com quem quer parir
Com seu pré-natal a mulher consegue traçar seu plano para o parto. Se ela é uma gestante de baixo risco ou risco habitual as opções de locais para ela parir seriam em casa, numa casa de parto ou então em hospital. No caso de uma gestante identificada alto risco, a mesma só teria o hospital como opção.
Definido o local, a próxima etapa é definir quem irá acompanhá-la no dia do parto. Se ela optar por ter um parto em casa, ela poderá contratar no mínimo duas enfermeiras obstétricas ou obstetrizes e a doula. No caso da opção pela casa de parto, a mulher conta com a disponibilidade de enfermeiras ou obstetrizes de plantão para acompanhá-la e levar/contratar sua doula. Se for decidido pelo o hospital ela tem a opção de parir com a equipe de plantão do hospital escolhido ou levar sua equipe particular e utilizar apenas as dependências do hospital. Quando falo em equipe hospitalar, sejam as dos plantões dos hospitais ou contratada, estou me referindo a obstetra, enfermeira obstétrica ou obstetriz, neonatologista. A mulher pode contratar a doula independente se o parto será com a equipe de plantão do hospital ou contratada pela mulher.
Num país com altíssima taxa de cesárea no mundo, todo cuidado é pouco
Lembrando que não existe parto normal pelo convênio, a não ser que você chegue parindo ou tenha uma evolução de trabalho de parto rápida. Um médico ganha muito pouco do convênio para acompanhar um parto normal que pode levar horas. Aí nesse caso, ele vai preferir marcar ou fazer a cesárea, que para ele é mais rápida, ele consegue atender mais mulheres (se for pelo plantão) ou então agendar um dia da semana só para fazer as cesáreas de suas pacientes.
“Mas meu médico disse que faz parto normal…..” Se estamos pensando em um parto normal, estamos pensando em protagonismo feminino, ou seja, o parto é da mulher e de mais ninguém, então quem faz o parto é a mulher e não o médico. O papel dele no momento do parto é dar assistência, ou seja, ele só interferiria se identificasse algum risco durante o trabalho de parto.
Quer saber se seu obstetra acompanha parto normal? Comente com ele que você terá uma doula, que fará um plano de parto, que pretende escolher na hora do parto a posição que mais lhe traga conforto e que pretende não usar anestesia. Observe também, por exemplo, se ele desmarca consultas para atender parto.
Ter sempre a consciência de que a cesárea quando necessária salva vida, porém quando mal indicada ou desnecessária pode matar.
“(…) Os problemas decorrentes do excesso de cesarianas foram demonstrados em diversos estudos recentemente publicados. Ultrapassando-se o limite de 15% a 20%, cesarianas estão associadas com maiores taxas de mortalidade materna, aproximadamente quatro a cinco vezes maiores que o parto vaginal e também resultam em maiores riscos de complicações e morte neonatal. Esses riscos permanecem elevados quando se controlam fatores potencialmente confundidores, como a indicação e o grau de urgência da cesariana. O que se verifica é que mesmo em gestantes saudáveis, de baixo-risco, a cesariana eletiva (realizada antes do trabalho de parto) sem indicação médica definida está associada com aumento do risco materno e neonatal (…)” (Parto Normal vs. Cesárea – (parte 1): a magnitude do problema. Disponível em: <http://www.guiadobebe.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-1-a-magnitude-do-problema/> Acesso em: 02 de Março de 2018).
As escolhas que serão feitas para se conseguir um parto normal são bem individuais e únicas, pois somente cada mulher consegue decidir qual escolha ela banca ou não. É isso que lhe trará a segurança, principalmente, no momento do parto. E isso deve ou deveria ser respeitado e apoiado.
Você poder ler mais em:
– Beta HCG: entenda o resultado do exame de gravidez (http://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/21074-beta-hcg)
– Parto Normal vs. Cesárea – (parte 1): a magnitude do problema (http://www.guiadobebe.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-1-a-magnitude-do-problema/)
– Enfim, para que serve o pré-natal (http://www.brauliozorzella.com/enfim-para-que-serve-o-pre-natal/)
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