Olá, tudo bem?
Você já pensou em como o bebê se alimenta e respira dentro da barriga? E o xixi e o cocô para onde vai? E se pegar uma gripe, como o bebê fica protegido? Já ouviu falar sobre a placenta? Como ela se forma? E para onde vai a placenta após o nascimento? Neste post vamos descobrir um pouco mais sobre um dos órgãos mais importantes e incríveis numa gestação: a PLACENTA, do começo ao fim.
Siiim, ela é um órgão importantíssimo e que a maioria das pessoas não sabem o que é, como funciona, para que serve e qual o final dado para ela.
Nesse post você vai encontrar
Acontece o período fértil, o óvulo todo bonitinho saiu do ovário, está lá na trompas uterinas e foi fecundado pelo espermatozoide.
As células começam a se dividir se tornando um embrião, que logo desce e se fixa na parede do útero. Tudo isso acontece em mais ou menos 6 dias.
Assim que acontece a implantação do embrião na parede do útero, uma parte do endométrio (aquele que seria o “sangue” da menstruação), sofre uma reação decidual e essa irá formar o que chamamos de decídua basal, uma camada interna no útero, que se juntará as células do embrião e começará a formar a placenta.
A placenta se compõe por uma porção materna e uma porção fetal.
A porção fetal, será formada lá pela 3ª semana através das células matrizes do embrião.
A parte fetal é coberta pelo córion e pelos âmnios (os mesmos tecidos que envolvem o que chamamos de “bolsa d’águas”) e é de onde se ramificam os vasos do cordão umbilical que ligam o feto e a porção materna que fica conectada ao útero.
Entre as circulações sanguíneas materna-fetal existe a barreira placentária.
Geralmente o sangue materno e o fetal não se misturam, embora o sangue materno extravase para alguns espaços, o sangue fetal fica dentro dos vasos, é conduzido por duas artérias e uma veia pelo cordão umbilical.
Ou seja, o sangue da mãe não circula no bebê e nem o sangue do bebê circula na mãe.
Passados os 3 primeiros meses de gestação a placenta estará em pleno funcionamento até o final da gestação quando o bebê nascer.
Placenta -via Casa da DoulaDo grego plakous e no latim placenta, ambos significam “bolo achatado” ou “pastel folhado”.
É um órgão redondo e esponjoso, que se forma no interior do útero. Ela ficará fixada na parede do útero durante toda a gestação.
É a placenta que assegura todas as trocas materno-fetais, regulação hormonal, trocas nutritivas e onde as circulações sanguíneas fetal e maternal estão em “contato”.
A placenta produz hormônios, como:
O oxigênio e nutrientes são encaminhados da mãe para o feto, enquanto o gás carbônico e ureia no sentido inverso, do embrião para a mãe.
Desse modo, a placenta faz as vezes de pulmões e de rins do bebê.
De pulmões porque supre de oxigênio e recolhe gás carbônico.
E de rins porque dentro da bolsa d’água (de líquido amniótico) o bebê faz xixi (excreta urina), mas também ingere a urina com líquido amniótico. Se não fosse a placenta, ele logo se intoxicaria. O líquido é reabsorvido pelo feto e o passar para o sangue dele os resíduos são enviado pelo cordão umbilical para a placenta, que finalmente, irá despejá-los no sangue materno.
Drogas como álcool, nicotina e cocaína podem passar para o bebê através da placenta. Também conseguem passar algumas drogas de efeitos indesejáveis, como alguns anestésicos utilizados para atenuar as dores do parto.
Gases tóxicos, como o monóxido de carbono e o dióxido de carbono; vírus, como o da rubéola e a herpes; a bactéria da sífilis, e a toxoplasmose, atravessam a placenta e podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.
Foi comprovado que os vírus causadores da varicela, da varíola, do sarampo e da rubéola também conseguem de algum modo chegar ao sangue fetal.
Por isso é tão importante estar imunizada e com os exames pré-natal em dia.
A placenta recolhe do sangue da mãe as substâncias necessárias para o desenvolvimento do bebê, como por exemplo, os anticorpos. Anticorpos maternos, principalmente IgG, são transportados para o feto, o que protege o bebê das doenças comuns na infância.
Da mesma forma, também passam para a circulação do feto, em poucas horas, os antibióticos ministrados por via oral.
A placenta oferece também proteção física, pois junto com a bolsa de líquido amniótico, oferece um lugar seguro, com temperatura constante, protegendo o bebê de mudanças bruscas de temperatura e movimentos externos.
Algumas situações que podem afetar o funcionamento normal da placenta ou precisam de maiores cuidados são:
É muito comum grávidas terem placenta prévia no início da gestação.
Nestes dois casos o parto normal é possível, avaliando se não há sinais preocupantes durante o trabalho de parto, pois pode causar sangramentos.
Já nestes dois casos, caso o diagnóstico seja comprovado no 3° trimestre, é o tipo mais grave de placenta prévia e está entre as indicações absoluta de cesárea agendada pré-termo (aproximadamente às 37 semanas) ou nascimento prematuro, pois entrar em trabalho de parto pode causar hemorragia e para a oxigenação do bebê.
O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior, e entre elas a principal é a cesariana anterior. Entre outras causas estão as intervenções anteriores no útero como: miomectomia e curetagem. Muitos partos anteriores, idade materna avançada, tabagismo e gestação gemelar também são fatores de risco. (6)
Quando a placenta se descola da parede do útero, causando sangramento intenso e redução do fluxo sanguíneo, reduzindo o fornecimento de nutrientes e oxigênio para o bebê. Se ocorrer fora do período expulsivo, é uma das indicações reais de cesárea.
Mulheres com hipertensão arterial (pressão alta) ou pré-eclâmpsia, correm mais riscos de sofrerem um descolamento prematuro da placenta, por isso é muito importante um bom pré-natal, acompanhamento e controle da pressão arterial e protocolos de indução.(8)
A placenta fica presa à parede do útero. Esse problema pode causar hemorragias com necessidade de transfusão de sangue e, nos casos mais graves, remoção total do útero e risco para a mãe.
Muito raramente reconhecida antes do nascimento, sendo muito difícil de ser diagnosticada antes da expulsão da placenta.
“Na suspeita de acretismo placentário, na preparação para o parto deve-se sempre fazer um ecodoppler obstétrico. Considerar a possibilidade de invasão de estruturas adjacentes (bexiga e intestino) em caso de placenta percreta, com grande perda sanguínea, que é indicação de histerectomia*. Quando esta situação for diagnosticada ou suspeita antes do parto, a mulher deve necessariamente ser encaminhada para um centro com bons recursos de hemoterapia e capacitado para realizar os procedimentos cirúrgicos que pode demandar. Por esse motivo, entre outros, deve-se cada vez mais reunir esforços para diminuir os índices de cesáreas como medida de redução da morbimortalidade materna.” (6) (Trecho do Manual Técnico – Gestação Alto Risco – por Ministério da Saúde)
*Histerectomia é uma operação cirúrgica, ginecológica, para remoção do útero.
O envelhecimento da placenta é um processo normal e está relacionado com o grau de maturidade da placenta. Essa alteração só é um problema se o diagnóstico for acompanhado da diminuição ou parada de crescimento do bebê no útero, chamada de restrição de crescimento intrauterino (RCIU) ou outros fatores de risco.
Em geral, a mulher não apresenta sintomas e esse problema é identificado através de um bom acompanhamento pré-natal e nas ultrassonografias de rotina.
É o entupimento de algum vaso sanguíneo da placenta, causando diminuição da quantidade de sangue que vai para o bebê.
Diminuição ou interrupção completa dos movimentos do bebê dentro da barriga pode ser um dos alertas.
O diagnóstico geralmente acontece após abortos ou perdas repetidas.
SAF – síndrome do anticorpo antifosfolípide (a SAF, na maioria dos casos ligada à trombofilia, pode ser causada por uso de estrogênios, terapia de reposição hormonal, pressão de viagens aéreas prolongadas, cirurgias, imobilização e até a própria gravidez).
É uma complicação grave e rara, que pode causar abortos e perdas gestacionais, mas também pode não causar problemas durante a gravidez e passar despercebida.
Se houverem suspeitas, o recomendado é fazer exames que identifiquem a doença, como a trombofilia, que pode ser hereditária ou adquirida, e tratá-la.
A placenta atinge a maturidade com 34 semanas.
O fluxo sanguíneo no local é intenso e aumenta quase 10 vezes mais no final da gestação. Nessa altura, 1/5 dessa circulação serve para abastecer a placenta com cerca de 100ml de sangue/minuto. (5)
No término da gestação, a placenta mede quase 20cm de diâmetro, 3cm de espessura e 500g.
Em média, 30 minutos após o nascimento do bebê, com mais algumas contrações, mas a dor não será tão intensa como no trabalho de parto, a placenta é expulsa, ou melhor, nasce.
O parto só acaba com a saída da placenta e é muito importante que a sua integridade seja conferida pelo profissional de saúde que estiver assistindo ao parto. A retenção de parte dela no útero, mesmo que pequena, poderá causar infecção e hemorragia, podendo levar a um processo de curetagem para a total remoção.
Na cesárea a placenta também é retirada logo após o nascimento do bebê.
E então, assim que o bebê nasce, ela perde sua função.
O parto acabou, nasceu a placenta e o que fazer com ela? Já pensou o que acontece com a placenta após o nascimento?
Nos hospitais, geralmente a placenta é imediatamente descartada como lixo hospitalar.
Mas a mulher pode pedir para ver e conhecer a sua placenta, é um órgão dela e ela tem todo o direito de fazer o que quiser com ele.
“Havendo a requisição da placenta pela família, o material não deve ser considerado como Resíduo de Serviço de Saúde (RSS). Assim, o serviço deve dispor de procedimentos próprios para garantir que o paciente ou a sua família recebam um material com a segurança de que ficará preservado com o tempo, pois é de fácil putrefação.” ANVISA
Pode tanto deixar ir para o lixo, quanto pedir para levar para casa e dar o destino que quiser.
O pedido para ficar com a placenta também pode ser solicitado no plano de parto.
O consumo da placenta é uma prática comum entre muitas mamíferas no mundo animal. Ainda não há evidências científicas comprovando os benefícios de se ingerir a placenta. Assim como não há provas do malefício.
Há alguns poucos estudos com entrevistas e muitos relatos pessoais. Mas ainda é um tabu, pois envolve alguns mitos, questões culturais e muita polêmica.
*Sempre lembrando que é importante buscar informações, ajuda profissional, cuidado ao manejar e armazenar a placenta, pelo risco de contaminação, para quem optar por ingerir a placenta.
**É uma escolha totalmente pessoal e ainda não embasada em evidências científicas.
Ao carimbar, surge o formato de uma linda árvore, alguns a chamam de “árvore da vida”, pois seus vasos dão a impressão de galhos. Pode ser feita numa folha de papel, tecido, tela…
Tintas e criatividade. Uma lembrança que ficará eternizada.
Dica: Pergunte se sua doula faz este tipo de serviço.
Algumas famílias fazem como um ritual, para guardar a lembrança junto a alguma planta que irá acompanhar o crescimento do bebê. Pode ser plantada no quintal, num espaço da família, até mesmo num vaso.
Dica: Lembrar de cobrir com bastante terra para que o cheiro não atraia animais, ou gere desconforto.
A vida é cheia de ciclos, rituais, simbolismos, encontros e despedidas.
Se seu parto ainda vai acontecer, se te fizer bem, peça para ver a placenta, admire esse órgão tão incrível, sentindo gratidão àquela que por semanas e meses foi capaz de unir e nutrir dentro do ventre outro ser humano.
Se teu parto já aconteceu e você não sabia nada disso, mas sentiu vontade de ter feito alguma coisa diferente com a sua placenta, não sinta culpa. Pense nela com gratidão.
E espalhem conhecimento e informação compartilhando este texto.
Você pode ler mais em estudos científicos sobre o assunto. Essas foram as minhas referências de base para este texto :
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/placenta
https://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/placenta
Principais referências sobre embriologia:
PDF – Capítulo 5 do Livro de Embriologia – Embriologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas. Porto Alegre, Tatiana Montanari, 2013. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/livrodeembrio.
http://www.ufrgs.br/livrodeembrio/ppts/5.desenvhumano.pdf
https://www.agravidez.com/como-nasce-e-se-desenvolve-a-placenta.html
Indicações Reais e Fictícias de Cesariana – por Dra. Melania Amorim – Blog Estuda, Melania, Estuda!
http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html
Entrevista na Revista Crescer – O que é Trombose Placentária – Por Juliana Malacarne: http://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2016/06/o-que-e-trombose-placentaria.html
Hipertensão na gravidez – por Dra. Melania Amorim – Blog Estuda Melania, Estuda: http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/10/estudando-hipertensao-na-gravidez-parte.html
Placenta: O Que Você Precisa Saber Sobre Ela – por Giovanna Balogh – Blog Mães de Peito: http://www.maesdepeito.com.br/placenta-o-que-voce-precisa-saber-sobre-ela/
Por que as pessoas comem placenta? – por Laura Devlin http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/05/140512_comer_placenta_beneficios_mvbronzeamento
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