Talvez um dos maiores mitos do parto normal, senão o maior, é o famoso cordão umbilical enrolado no pescoço do bebê. Levante a mão quem não tem pelo menos uma história de cordão matador pra contar! Eu, por exemplo, cresci ouvindo que meu irmão havia nascido na véspera de Natal porque em uma consulta de rotina o GO, ao fazer uma ultrassonografia, detectou a presença de uma circular de cordão, levando a minha mãe para uma “cesárea de emergência” pelo risco de enforcamento. E ainda hoje ouço muita gente contando histórias absurdas de bebês que morreram na barriga por causa da circular de cordão no pescoço. Mas afinal, isso é ou não um risco? Se o bebê tiver uma, duas, várias circulares de cordão, ele pode nascer bem de parto normal? Bem, pra responder a essa pergunta vamos entender melhor o que é e pra que serve o cordão umbilical.
Nesse post você vai encontrar
Cordão umbilical é um longo tubo com cerca de 50 cm (mas o tamanho pode variar) que liga o bebê a placenta (placenta, aquele órgão lindo que serve pra nutrir o bebê ao longo da gestação, que fica “grudada” no útero, lembra dela?).
O cordão é formado por 2 artérias e uma veia, além de um material gelatinoso conhecido como Geleia de Wharton, e garante que sangue rico em oxigênio chegue até o feto e que sangue rico em gás carbônico seja retirado do seu corpo, além de enviar todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento desse bebê. A geleia de Wharton serve como proteção para os vasos umbilicais, evitando a interrupção do fluxo sanguíneo caso o cordão seja dobrado ou enrolado.
O mito do cordão enrolado no pescoço leva muitas mulheres a desistirem do seu parto normal pois existe uma fantasia de que circulares em torno do pescoço podem levar ao “enforcamento” do bebê. Essa história passou a ser ainda mais disseminada com o aumento no número de ultrassonografias realizadas na gravidez, em que é possível detectar uma possível circular de cordão no momento do exame. Mas durante muitos e muitos anos, bebês nasceram com circular(es) de cordão no pescoço que só foram detectadas no nascimento, e sobreviveram!
Circular de cordão no pescoço tem o mesmo risco que o circular no pé, no braço, no tronco. Ou seja, nenhum. 🙂
Estudos mostram que a presença de uma ou mais circulares de cordão representa cerca de 20 a 40% dos nascimentos. Um bebê saudável se movimenta dentro do útero e gira de um lado para o outro, podendo fazer e desfazer circulares a qualquer momento. Portanto, é muito difícil afirmar que uma circular detectada através da ultrassonografia vai se manter até o nascimento, assim como sua ausência. Além disso, não tem como o bebê ser asfixiado pelo cordão, já que só começam a respirar fora do útero.
Então, não se deixem enganar: se o médido ultrassonografista detectar alguma circular no pescoço e sugerir (ou colocar pânico mesmo) de que é melhor marcar a cesárea, lembrem-se que bebês podem nascer com o cordão enrolado no pescoço tranquilamente! A circular não afeta a saúde do bebê, não é impedimento para o bom andamento do parto normal, muito menos motivo para marcar cesárea. Importante salientar que com ou sem circular de cordão, todas as parturientes devem ser monitoradas durante o trabalho de parto, para acompanhar a vitalidade do bebê, indicada pelo padrão da frequência cardíaca fetal.
Em tempo: minha filha Maria Luiza nasceu em casa, com DUAS CIRCULARES DE CORDÃO NO PESCOÇO. Após o nascimento, a parteira apenas desfez as circulares antes de entrega-la pra mim. Nasceu derrubando mitos e muito bem, obrigada! 😉
Com Carinho,
Camila Medeiros
Para saber mais:
Nesse link você encontra mais algumas curiosidades sobre o cordão umbilical:
https://www.maternidadeativa.com.br/artigo1.html
No texto abaixo você encontra vários estudos sobre a circular de cordão:
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