No último encontro de gestantes que fiz na minha cidade, uma moça e seu companheiro compareceram com uma dúvida muito específica: Ela tem o fator Rh sanguíneo negativo e o companheiro, positivo. Ela poderia ter um parto normal?
A resposta é: SSIIIIMMM!!! COM CERTEZA!! Nenhum impedimento ao parto normal!
Você também tem essa incompatibilidade? Acompanhe esse texto comigo!
Nesse post você vai encontrar
Descoberto em 1940, a experiência era o seguinte: os cientistas colocavam sangue de um macaco, Rhesus, em coelhos, e o sangue dos coelhos, aglutinava (cruel né?).
Entenderam que no sangue dos coelhos existia um antígeno (substância que produz anticorpos) contra a hemácia do macaco. Esse antígeno foi chamado de Anti Rh.
Depois, eles pegaram o soro dos coelhos e misturaram à amostras de sangue humano. Destas amostras todas, 85% aglutinaram e 15% não. Os que aglutinaram então, possuíam o antígeno Anti Rh (Rh+) e os que não aglutinaram então, não o possuíam (Rh-).
Então, esse Anti Rh serve para, de uma certa forma, proteger o sangue de invasão de fatores sanguíneos diferentes.
Se uma mãe Rh+ gerar um bebê Rh+, tudo está igual, então, ok!
Se uma mãe Rh- gerar um bebê Rh-, tudo está igual também e fica ok!
Porém, se uma mãe Rh- gerar um bebê Rh+, o corpo da mãe começará a produzir anticorpos contra o fator Rh+ do bebê. Porém, por ser um processo lento, certamente o organismo materno não terá tempo de atacar o organismo fetal nessa gestação. Mas isso pode ser um problema gravíssimo a partir da segunda, pois a quantidade de anticorpos Anti Rh será suficiente para atacar o feto logo no início da gestação, resultando em anemia ou icterícia gravíssima ou mesmo em óbito fetal.
O contrário é verdade, mas esse caso, não! E vamos entender o porquê.
Para isso, precisamos entender uma coisinha que tem nas nossas células, o chamado CROMOSSOMO. O cromossomo é formada por uma longa cadeia de DNA e nesse estão os GENES. Os genes são um tipo de instrução que diz como um tipo de célula vai se comportar (se vai ser célula muscular, cardíaca, se vai formar a boca, os olhos, que cor serão, etc).
Esses cromossomos andam em pares, sempre!!
As únicas células que não tem seus devidos pares de cromossomos são as células reprodutivas (espermatozoide e óvulo). Cada uma dessas células carrega um cromossomo sem par para, quando se encontrar com a célula contrária, aí sim formar um par e, a partir daí, originar o embrião humano.
Aqui, o que determina esse fator sanguíneo, é o Gene R ou r.
O R, grande, maiúsculo, forte, chamaremos de GENE DOMINANTE e determina o Rh+ (antígeno presente).
O r, minúsculo, pequeno, tímido, chamaremos de GENE RECESSIVO e determina o Rh- (antígeno ausente).
Podemos ter 4 combinações: RR, Rr, rR e rr (sempre teremos dois, pois um gene vem da mãe e outro vem do pai).
Quando aparece o “R” grandão, forte, dominante, a pessoa será Rh+, independente de ser 1 ou os 2 genes dominante. Se tiver pelo menos 1, o R será dominante sobre o r, logo, Rh+.
O único caso em que a pessoa será Rh- será quando o pai e a mãe tiverem, ambos, o gene recessivo r (rr+rr = rr), onde nenhum dos lados tem o dominante R. Nesse caso, o DNA não tem outra alternativa, a não ser “aflorar” o único gene disponível, no caso, “r”, tornando a pessoa Rh-.
Então, a mãe que é Rh+ já terá o gene dominante R, portanto, mesmo que o pai seja Rh- (rr), o gene dominante dela será passado para o bebê e ele será Rh+ e não terá problema nenhum.
Assim que começa o pré natal, o exame de tipagem sanguínea é solicitado. Caso seja confirmado que a mãe é Rh-, o exame é solicitado também ao companheiro (no SUS existe o pré natal masculino e alguns consultórios particulares também já oferecem o serviço). Caso não seja possível a realização do exame pelo homem, em torno de 28 semanas a mãe toma a vacina Anti-D, que inibe a ação do antígeno e a produção dos anticorpos que atacam o sangue de Rh+. Numa gestação em sequência, as chances de proteção da mãe e do bebê serão maiores.
Sem problema nenhum! O parto pode ser o mais natural possível.
Não é o fator sanguíneo que determina o tipo de parto. Aliás, existem pouquíssimas indicações absolutas de cesáreas e Podemos nos aprofundar em cada uma em outros posts 😉
Como vimos aqui, o casal participou de um círculo de informação onde pôde tirar as dúvidas. E olha, o casal recebeu orientação de um agente de saúde de UBS (a agente me conhece de palestras voluntárias que eu dou na UBS do bairro).
Buscar informações embasadas em evidências e estudos científicos publicados – e estas estão facilmente disponíveis em encontros, círculos e rodas de gestantes promovidas por doulas, obstetrizes e enfermeiras obstetras em várias cidades do país – pode garantir que se tenha uma boa experiência com o parto. As vezes mais intensa, as vezes mais tranquila, mas que pode sim, ser uma boa experiência 😀
Referências
http://cochranelibrary-wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD000020.pub3/abstract
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-fator-rh.htm
http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html
https://www.dropbox.com/s/p9xv0m8kbg7tsvn/cesariana_baseada_evidencias_parte_I.pdf
https://www.dropbox.com/s/3arvh5klobo63jz/cesariana_baseada_em_evidencias_parte_II.pdf
http://docplayer.com.br/52857158-Revisao-biologia-leis-mendelianas-genetica.html
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