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Diabetes Gestacional, e agora?

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Exame de glicose feito e a taxa alterou: diabetes gestacional batendo à porta e você precisa olhar pra isso com cuidado e atenção. Mas, na prática, o que isso significa?

Nesse texto, você vai entender um pouco sobre  o que é a diabetes gestacional, como se relacionar com ela e a via de nascimento mais indicada.

Quem é a diabetes gestacional na fila do pão?

A diabetes gestacional é um dos tipos de Diabetes Mellitus existentes. Para explicar quem ela é vamos entender qual é o seu lugar na fila do pão das Diabetes Mellitus.

por Alexandre van de sande

A Diabetes Mellitus não é uma doença, ela é um conjunto de doenças que tem em comum a hiperglicemia (excesso de glicose, o famoso “açúcar” no sangue) causada pela deficiência de insulina no corpo. No exame de glicose em jejum, resultados até 100mg/dL para pessoas não-grávidas estão dentro da normalidade e os iguais ou superiores a 126mg/dL apontam para o risco da diabetes Mellitus, sendo preciso investigar mais.

Mas o que acontece entre o normal e o “ei, estou com diabetes”? Bem, existe um limbo chamado hiperglicemia intermediária. Ela se encaixa em valores acima de 100mg/dL e abaixo de 126mg/dL de glicose, ou seja: não é normal, mas ainda não é diabetes. E é nesse limbo que está a diabetes gestacional – com um detalhe extra: se considera diabetes gestacional valores entre 92mg/dL a 126mg/dL .

Segundo a Organização Pan-Americana na Saúde (2017), a definição de Diabetes Mellitus Gestacional é a seguinte:

“Mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para Diabetes Mellitus”

Pensando com carinho, a diabetes gestacional é uma diabetes que não é diabetes, mas pode ser. Além dos riscos que ela traz para a gestação, ela pode desenvolver para uma diabetes tipo II – e ir além da gestação.

Identificando a diabetes gestacional

Como exames de praxe, um check list de saúde, durante o pré-natal toda gestante deve fazer dois exames de glicose: a glicemia em jejum (aquele onde você passa 8h sem comer e faz a coleta de sangue normalmente) e TOTG (o exame da garapa de açúcar bem enjoativo, onde você tira sangue algumas vezes e intercala com um copo de garapa doce).

A orientação da Sociedade Brasileira de Diabetes é que a glicemia em jejum seja feita ainda no primeiro trimestre de gestação e é esperado um resultado igual ou inferior a 92mg/dL. Já o TOTG deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez. O resultado esperado em jejum é menor ou igual a 92 mg/dL, a glicemia em 1 hora depois da garapa doce é até 180 mg/dL e a dosagem em 2 horas após sobrecarga deve ser, no máximo, 153 mg/dL.

Se um único exame constar alteração superior a essas referências, é considerado que a diabetes gestacional está presente.

Como lidar com a diabetes gestacional?

A diabetes gestacional coloca a gestação na classificação de alto risco por aumentar as chances de a mulher e o bebê desenvolverem problemas de saúde por causa da hiperglicemia. Por isso, o acompanhamento pré-natal bem feito e o tratamento da diabetes são bem importantes para a saúde na gestação.

acervo pixabay

As grávidas com diabetes gestacional e seus bebês estão mais suscetíveis aos seguintes problemas:

  • Pré-eclâmpsia,
  • Bacteriúria assintomática (presença de bactéria no xixi sem sintomas)
  • Doenças no trato urinário, como infecção urinária
  • Trabalho de parto prematuro
  • Macrossomia
  • Polidrâmnio (excesso de líquido amniótico)
  • Anomalias no bebê
  • Morte fetal
  • Síndrome da Angústia Respiratória
  • Hipoglicemia (baixa taxa de glicose no bebê, ao nascer)
  • Hipocalcemia (baixa taxa de cálcio no bebê, ao nascer)
  • Policitemia (aumento de sangue, no bebê)
  • Icterícia (no bebê, ao nascer)
  • Outros distúrbios metabólicos
  • Distócia de ombro e outros tocotraumatismos

O tratamento indicado para o controle da diabetes gestacional é a mudança de hábitos alimentares e a adesão a exercícios físicos (se não tiver contraindicação médica). Mas não é um “parei de comer doces”, viu? É preciso uma orientação profissional para você e seu bebê receberem as quantidades certas dos nutrientes certos, além do cuidado com os exercícios que devem ser evitados na gestação.

Essa forma de tratar pode parecer simples, mas é muito eficaz. Mais de 80% das grávidas com diabetes gestacional conseguem controlar a glicose dessa forma. O uso de remédios só é indicado quando a adaptação da vida a novos hábitos não é suficiente para controlar a glicose.

A “cura” da diabetes gestacional vem com o parto: após o nascimento do bebê, os níveis de glicose se normalizam naturalmente dentro de alguns dias. Por isso é importante continuar de olho nessas taxas por um tempo após a gestação.

Olá Diabetes Gestacional, Adeus Parto Normal?

Se seu coração gelou com a hipótese de não ter mais o seu parto normal, pode respirar mais aliviada: Ter diabetes gestacional por si só não é uma indicação de cesárea.

por Tom Adriaenssen

Se a diabetes está controlada, é possível esperar entrar em trabalho de parto naturalmente até a 40ª semana.

Ok, sabemos que 40 semanas é o tempo fechado de uma gestação e que é possível ela ir duas semanas a mais. O que acontece se passar dessa data? Acontece que nas últimas semanas de gestação, o bebê tende a crescer mais. Bebês de mulheres com diabetes gestacional tendem a ser bebês acima do peso médio. E, passando das 40 semanas, há uma maior chance de o bebê de mães com diabetes gestacional não só ser um bebezão, mas de desenvolver macrossomia. Por isso, em alguns casos a indução pode ser uma alternativa.

Em relação a dinâmica do parto normal, as gestantes com diabetes gestacional com glicose controlada sem uso de medicação não precisam de atenção ao controle glicêmico durante o trabalho de parto. Mas se essa gestante faz uso de medicamento, a recomendação é observar a glicose a cada uma ou duas horas (com aquele exame da furadinha no dedo).

Você pode se perguntar quando a cesárea é uma indicação e a resposta é que atualmente a orientação pela cirurgia para gestantes com diabetes gestacional está mais ligada a associação da diabetes a outros problemas de saúde, e/ou ao peso de bebês acima de 4,5kg.

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E conta aqui, você tem uma experiência com diabetes gestacional? É sempre bom conhecer a vivência de outras mulheres para acalmar as ideias das mães aflitas.

Referências (clique em cima para ler mais):

Souza ASR, Amorim MMR, Porto AMF. Condições frequentemente associadas com cesariana, sem respaldo científico. 2010.

Organização José Egídio Paulo de Oliveira, Renan Magalhães Montenegro Junior, Sérgio Vencio. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. 2017.

Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. 2016.

Bolognani, CV, Souza, SS, Calderon, IMP. Diabetes mellitus gestacional – enfoque nos novos critérios diagnósticos. 2011.

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Diabetes Mellitus Gestacional. 2006.

Brasil. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 16. 2006.

Weinert, LS,Silveiro, SP, Oppermann, ML, Salazar, CC, Simionato, BM, Siebeneichler, A, Reichelf, AJ. Diabetes gestacional: um algoritmo de tratamento multidisciplinar. 2011.

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Doula Malu Moraes (Recife - PE)

Sempre fui encantada pelo parto normal e amamentação. Quando tive meu primeiro filho eu queria viver isso plenamente, mas tive um parto roubado sem esforço e daí começou a inquietação que trago comigo até hoje. Estudei, conheci, vi as possibilidades do nascer humanizado. Meu caçula chegou de uma forma diferente: um vbac domiciliar planejado. Com a chegada dele transformei a inquietação em energia para ser suporte para outras pessoas que desejam e acreditam, como eu, num gestar e parir com respeito, amor e acolhimento.

Em 2017, comecei minha jornada profissional e hoje sou doula, educadora perinatal, apoiadora em aleitamento. Meu objetivo é levar informação de qualidade numa linguagem simples e clara para as pessaos que desejam experiências positivas na chegada de seus filhos. Você pode conferir no instagram Malu Doula um pouco mais desse trabalho.

Também integro a Rede Koru, coletivo de doulas que trabalha com rodas de conversa abertas ao público e também com doulagem coletiva, uma modalidade especial do acompanhamento.

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