A dança do ventre é uma manifestação artística, categorizada dentro das artes cênicas, como dança folclórica e que, remonta há mais de 100 mil anos. Egípcios dizem que nasceu no Egito. Libaneses, no Líbano, e brasileiros… bem, nós brasileiros não temos lido muito sobre história, então pulemos essa parte.
O fato é que as danças árabes, vem sendo difundidas em muitas partes do mundo, e hoje aqui no Brasil, conta com diversos profissionais conceituados e competentes, além de fiéis adeptos. É conhecida como uma atividade física, realizada em grande parte por mulheres e que, reconhecidamente, pode proporcionar às suas praticantes uma melhoria considerável na auto estima, favorecendo o contato com a própria sexualidade e trabalhando grupos musculares que, normalmente ficam esquecidos, trazendo consciência corporal, propriocepção, alongamento e fortalecimento muscular.
“A arte de dominar o corpo traz profundos reflexos ao espírito. Torna-se um condicionamento que propicia o autoconhecimento, conduzindo à autoconfiança. Produz um estado de relaxamento interior, ajudando a mulher a viver com mais tranquilidade, qualquer que seja seu modo de vida.” (BERCARDINI, P., pág. 21, 2009)
Grávida Pode?
Em uma gravidez saudável e de baixo risco, a dança do ventre é uma atividade que pode ser realizada desde o início da gestação, até o final, não havendo grandes contraindicações para a maioria das gestantes. Pontuada a importância de sempre consultar sua obstetra ou obstetriz antes de iniciar qualquer atividade física durante a gravidez, seguimos para o que mais interessa: quais os benefícios da pratica da dança do ventre na gestação?
Nesse post você vai encontrar
Durante a gestação, nosso corpo passa por muitas mudanças. Chega o momento em que, muitas de nós, sequer nos reconhecemos dentro do nosso próprio corpo. A percepção corporal pode ficar prejudicada, afetando a coordenação motora e a consciência corporal. A dança do ventre, propõe um tipo de movimentação corporal que nos exige um nível grande de concentração em nosso próprio corpo. Neste sentido, pode sair ganhando em relação à outras atividades físicas, que nos desafiam em uma proporção menor, como a hidroginástica ou outras danças que nos sejam mais familiares, favorecendo um ganho considerável de consciência corporal, além de trabalhar autoimagem.
2 Auto estima e sexualidade.
A Dança do ventre é uma dança sensual e ligada, em muitos ugares e momentos específicos da história, com fertilidade e parturição. Os movimentos sinuosos e cíclicos oferecem uma visão bonita e harmônica do corpo feminino, favorecendo em muito um olhar mais generoso e aberto para si mesma. Sabemos bem o quanto se sentir bonita e sexy na gestação, pode ser difícil para muitas de nós. a partir deste ponto de vista, pode ser uma excelente maneira de você se haver com a própria sexualidade e feminilidade, dançar com o barrigão. Além disso, partindo de uma perspectiva simbólica, a dança do ventre é uma atividade que trabalha questões do feminino, visto como cíclico e sagrado, valorizando o corpo feminino, o corpo grávido e suas atribuições, o que acaba por incrementar nossa visão sobre nós mesmas e, por consequência, nos beneficiando com um aumento considerável de autoestima. Mulheres que praticam a dança do ventre durante a gestação, relatam maior satisfação na vida sexual e com a própria sexualidade durante a gravidez e depois do nascimento dos filhos.
Nesta dança, os movimentos são apresentados como uma espécie de separação entre parte superior e inferior do corpo. Existem movimentos específicos para os braços, para o tronco, pernas e quadril. Muitos dos movimentos de quadril aprendidos na dança do ventre trabalham a musculatura pélvica, trazendo maior consciência corporal e propriocepção da região, como já foi dito acima, mas também proporcionando alongamento e fortalecimento de alguns grupos musculares importantes, e que serão amplamente usados durante o parto. O trabalho com a dança do ventre gestacional, pode ajudar na prevenção de lacerações, incontinência urinária e auxiliar no período expulsivo.
Pelo fato de os movimentos de quadril, trabalharem toda a musculatura abdominal, perineal e posterior, favorecem o relaxamento e soltura de possíveis pontos de tensão, oferecendo posições que aliviam consideravelmente as famigeradas dores lombares de último trimestre. Os movimentos favorecem, ainda, a liberação das fáscias, abrindo espaço para o bebê dentro do útero, auxiliam na circulação sanguínea e linfática, diminuindo a incidência de edema, câimbras e formigamentos nos membros superiores e inferiores.
No momento do trabalho de parto, alguns passos desta atividade tão especial, podem servir como um excelente método não farmacológico de alívio da dor, justamente por trabalharem toda a região, favorecendo relaxamento muscular e fascial. Sendo realizados no momento adequado e de maneira adequada, podem auxiliar, até mesmo, na descida do bebê e no processo de dilatação, vejam só!
As aulas de dança do ventre, normalmente, compostas quase que 100% por mulheres, podem oferecer a você, um ambiente íntimo e seguro, no qual poderá sentir-se à vontade para falar e compartilhar suas experiências, fazer novas amizades, e trocar vivências, sentimentos e sensações com outras que já passaram ou estão passando pelas mesmas coisas que você. Esse círculo sagrado de mulheres, pode fazer pode fazer parte de uma rede de apoio importantíssima e necessária, principalmente, durante o puerpério. E como toda atividade física, pode proporcionar um prazer gigante e ajudar na liberação de hormônios reguladores de humor e, portanto, pode ter um papel importante na prevenção da depressão pós-parto, ou no favorecimento de um puerpério/baby blues, mais tranquilo.
E tudo isso, é apenas um pouco do enorme universo que se abre de benefícios e prazeres, de se praticar a dança do ventre durante o ciclo gravídico puerperal. Ficando, para terminar, com uma palavra, que penso ser a síntese de tudo que expus aqui neste texto: EMPODERAMENTO! Uma mulher grávida que sente bem em relação ao seu corpo, à sua sexualidade, que sente que tem consciência de seu corpo e dos processos pelos quais está passando e irá passar e que, além de tudo, ainda tem ferramentas em seu próprio corpo, que a possibilitam sentir-se melhor, ter menos dores e dar conta de uma série de acontecimentos fisiológicos durante a gravidez e parto, é uma mulher empoderada e que, possivelmente, vai ter uma experiência de parto e de maternidade, mais satisfatória e feliz! Então, dance seu ventre, junto com seu bebê, e seja feliz!
Quer saber mais sobre a Dança do Ventre e seus Benefícios?
BENCARDINI, P., Dança do Ventre: ciência e arte. São Paulo, Baraúna, 2009.
NASCIMENTO, M. S. L., Efeito Terapêutico da Dança do Ventre em Mulheres com Queixas de Dismenorreia Primária. Campina Grande, UEPB, 2011.
PENNA, L. C., Dance e Recrie o Mundo. São Paulo, Summus, 1992.
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