Certamente você já ouviu algumas histórias de mulheres que engravidaram sem planejar, ou pode ser que você mesma tenha passado por isso. Uma gravidez não planejada é sempre uma surpresa, mas a surpresa pode ser ainda maior quando a mulher que engravida fazia uso de métodos contraceptivos hormonais. O que muita gente não sabe é que existem medicamentos que podem interferir na eficácia da pílula, e com isso permitir a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. E por que isso acontece? Bem, existe uma coisa chamada interação medicamentosa, que é a interação entre um fármaco (o ingrediente ativo do remédio) e outro fármaco, alimento ou bebida. SIM, você leu direito: alimentos e bebidas também podem interferir no bom funcionamento dos contraceptivos hormonais.
É mais comum que isso ocorra com mulheres que estão em relacionamento estável com parceiro fixo, e que deixam de usar a camisinha durante as relações sexuais. Nesses casos, qualquer falha na utilização do método, seja por falha na ingestão ou por uso de remédios, existe a possibilidade de gravidez. E se você quer saber se é possível engravidar menstruada, clica aqui que explico tudinho sobre isso.
Então vem comigo que eu vou contar cinco histórias de mulheres que só queriam sexo mas que acabaram engravidando.
ATENÇÃO: NÃO USE MEDICAMENTO SEM INDICAÇÃO E NUNCA INTERROMPA O TRATAMENTO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO.
Nesse post você vai encontrar
Bijou é casada, mas ela e o marido não planejavam ter filhos. Pelo menos não no momento. Ela fazia uso de contraceptivo hormonal oral e tomava a pílula de acordo com as instruções. Nem sempre faziam o uso de preservativo durante as relações, por acreditar que apenas a pílula já conferia proteção suficiente contra a gravidez. Um dia ela foi diagnosticada com meningite bacteriana e iniciou o tratamento com o antibiótico de recomendação: a rifampicina. Seguiu com o tratamento e com o uso do anticoncepcional normalmente. O que ela e seu marido não sabiam, é que este antibiótico interfere no metabolismo da pílula, fazendo com que os hormônios sejam absorvidos mais rápido e com isso, tenham seus efeitos reduzidos. Foi durante o tratamento que o casal manteve algumas relações sem preservativo, ocasionando a gravidez não planejada.
A rifampicina é o antibiótico usado também no tratamento da tuberculose e da hanseníase e seu método de ação causa interferência com muitos outros medicamentos. Por isso converse com seu médico sobre as possíveis interações caso precise iniciar um tratamento com este remédio.
Ginevra estava solteira, curtindo a vida. Trabalhava, saía com os amigos aos finais de semana e sempre tinha um paquera à vista. Por conta da má alimentação e da falta de atividade física, após os exames de sangue descobriu que estava com os níveis de colesterol um tanto altos. Seu médico receitou colestiramina, um medicamento que ajuda a diminuir os níveis do colesterol, além da mudança na alimentação com ajuda de uma nutricionista e atividades físicas. Ginevra seguiu as recomendações médicas e seguiu com sua rotina. Ela não sabia que esse remédio interfere na absorção de estrógenos (hormônios femininos), diminuindo o efeito contraceptivo. Numa noite de descuido, transou sem camisinha e engravidou.
Mellie tinha um crush com quem saía há alguns meses. Os dois se curtiam muito e o sexo era ótimo. Porém esse crush tinha uma micose (infecção causada por alguns tipos de fungos) nos pés, que acabou passando pra Mellie. Quando percebeu que estava com uma micose, ela foi à dermatologista, que receitou um antifúngico para resolver a situação. Ela seguiu normalmente com o tratamento, mas não sabia que o remédio que tomava, a griseofulvina, interagia com o anticoncepcional, interferindo na sua eficácia. Rolou um sexo sem proteção e a menstruação atrasou. Descrente, mas preocupada, Mellie foi até a farmácia comprar testes rápidos de gravidez. Ela quase caiu dura para trás quando viu que o teste de gravidez tinha dado positivo.
Tulip era uma verdadeira rata de praia. Aproveitava qualquer oportunidade para tomar um banho de sol, salgar o bumbum, e mergulhar. Chegava cedo e só ia embora quando o sol estava se pondo. Nas férias passava os dias de biquíni e um dia percebeu que estava com muita coceira na vulva, que aumentava por causa do sal do mar e do contato com os grãos de areia. Também reparou que havia um corrimento esbranquiçado e encaroçado. Quanto mais coçava, pior ficava. Foi à ginecologista e recebeu a notícia de que estava com candidíase, uma infecção causada por um fungo, a Candida albicans. Esse é um fungo comum da nossa microbiota e ela ajuda na proteção contra patógenos, mas pode causar uma infecção quando há algum desequilíbrio no nosso organismo. Não era a primeira vez que ela tinha essa infecção, mas não dava muita atenção à ela. Foi à ginecologista, que receitou fluconazol com uso prolongado e também o creme de uso vaginal. O fluconazol não atrapalha a eficácia do contraceptivo, mas o seu uso causa desconfortos gastrointestinais, que levaram Tulip a ter casos de diarreia e vômito durante o tratamento. Com isso, a absorção dos hormônios do anticoncepcional ficou prejudicada e ela acabou engravidando.
Rosabel estava numa rotina muito louca de trabalho, andava super estressada e com dificuldades para dormir bem e descansar à noite, o que gerava mais sono e cansaço no dia seguinte, aumentando o seu nível de estresse. Ela não é muito fã de tomar remédios, por isso sempre procura maneiras naturais para resolver alguns de seus problemas. Foi isso que a fez buscar alívio com a erva de São João (também conhecida como hipérico), uma erva comumente utilizada no combate à depressão e à insônia. Rosabel acredita que por ser de origem natural não há contraindicações em seu consumo e passou a tomar uma cápsula por dia. Infelizmente muitos fitoterápicos podem ter reações adversas e também interações medicamentosas, como qualquer outro medicamento. A erva de São João interage com uma série de medicamentos, interferindo em sua eficácia e um deles é o anticoncepcional. Como Rosabel não sabia disso, engravidou antes do planejado.
Esses são apenas alguns exemplos de substâncias que podem interferir com a eficácia dos contraceptivos, mesmo com o uso adequado. Por isso é importante consultar um profissional antes de usar qualquer medicamento e informar o que você costuma tomar, mesmo que seja só de vez em quando. Assim como alguns medicamentos interferem no anticoncepcional, ele também pode interferir em outros medicamentos, prejudicando sua ação. Isso acontece porque atualmente os níveis hormonais nos contraceptivos são os menores necessários para atingir o objetivo, e qualquer interferência no metabolismo destes hormônios prejudica sua ação.
Além disso, existe uma porcentagem de mulheres que não respondem de maneira adequada aos contraceptivos hormonais por questões genéticas (você pode ler mais sobre isso neste texto aqui). Portanto, lembre-se de sempre utilizar em conjunto um método de barreira para prevenir a gravidez. E só a camisinha (masculina ou feminina) é capaz de prevenir a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis.
Siga as recomendações médicas e cuide bem da sua saúde. Só você pode fazer isso por você mesma!!
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Referências:
10 coisas que você precisa saber sobre o anticoncepcional: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/52307-10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-o-anticoncepcional
Drogas antituberculose: interações medicamentosas, efeitos adversos e utilização em situações especiais. Parte 1: fármacos de primeira linha: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132010000500016&lng=pt
Medical eligibilitycriteria for contraceptive use. 5th edition: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK321151/
Which medicines affect my contraception?: https://www.nhs.uk/conditions/contraception/contraceptive-pill-interact-medicines/
Natural health product-drug interaction tool – A scoping review: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4813519/
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