Mãe,
quantas vezes eu já disse essa palavra ao longo da vida? Mãe. Ô mãe. Manhê! E quantas vezes você veio correndo, quantas vezes você amou ser chamada assim e quantas perdeu a paciência ao ouvi-la? Hoje eu sei. Aliás hoje eu sei de um monte de coisa e consigo te entender porque agora sou mãe também. E me vejo refletida em você.
Nesse post você vai encontrar
Entendo que esse sentimento é tão forte, maluco, intenso, que ora faz a gente perder o ar de tão gostoso e ora sufoca e a gente fica sem respirar porque falta espaço. Meu espaço. Seu espaço. Cadê? Quem sou eu mesmo? Quem somos nós? Quem é você, mãe?
Deixa eu segurar a sua mão agora e te ajudar nos seus vazios. E eu preciso que você segure a minha mão também. Como é agora esse negócio de ser filha e mãe? Quem sou eu no meio dessas duas? Mas mãe, eu também preciso que você me dê a chance de trilhar o meu caminho. Fazer as minhas escolhas. Errar os meus erros. E ficar feliz em fazer diferente de você e ver que deu certo. Não porque eu rejeite tudo em você. Mas porque rejeito algumas coisas em mim. Tenho medo que meu filho se pareça comigo em alguns aspectos. Será que se eu fizer o contrário do que você fez, ele será diferente? Como faz mãe? Não. Não fala nada. Quero descobrir sozinha. Você invade meu espaço. Não. Mãe. Manhê! Me ajuda.
Em quantos momentos você se perdeu de você? Por que eu nunca percebi isso? Por que a gente não percebe o que uma mãe passa, muito menos a nossa mãe? É muito egoísmo achar por tanto tempo que ser só mãe te bastava. Porque ser só mãe não me basta! E eu às vezes sinto culpa por isso. Mas a verdade é que eu todo dia acordo, me olho no espelho e me chamo pelo meu nome. O nome que você me deu. Eu tenho um nome. Eu tenho um nome.
Meu nome não é mãe. O seu também não. Mas que entidade é essa que viramos, né? Como você aguenta há tanto tempo? Sim. Eu amo meu filho. Mas amo ser mãe dia sim dia não. Você ama ser mãe, mãe? Você ama? Você me ama? Você se ama? Você não se cansa de sempre ter que amar porque alguém inventou que esse é o papel da mãe?
Mãe, você ficou feliz quando falei mamãe pela primeira vez? E quando me viu andar? E quando me viu ir pela primeira vez pra escola? E quando eu fui embora de casa? Deu um pouco de alívio? E quando eu te contei que ia ser mãe? Como foi? Você ficou com medo de me perder? Você ficou com medo de ser avó? Como é ser mãe e avó? Onde mora você no meio dessas duas? Em algum momento você conseguiu saber de novo quem é você? Me diz? Não, acho que não quero saber. Não sei se porque quero descobrir sozinha ou porque tenho medo da resposta.
Às vezes é mais fácil lembrar delas do que dos momentos bons. Será que ser mãe é uma tarefa invisível? Eu sei que cobrei tanta coisa de você! Cobrei que você fosse perfeita, que você fosse outra, que você fosse a solução de todos os meus problemas, que você fosse eterna. Eu quero mãe que você seja eterna. Eu sei que sou mãe, mas eu sou tão filha ainda! Eu preciso de você mesmo que para dizer com todas as letras que eu não preciso de você. Mas ter você por perto me ajuda um pouco a lembrar quem sou, ou quem eu era, antes de ser mãe.
Mãe. Fica mais um pouquinho? Ainda tenho tantas dúvidas. Tantos medos. É tão bom ser mãe né? Eu gosto. Eu amei tanto ficar grávida. Como foi pra você me ver barriguda? Se eu vejo meu filho fantasiado pra festa da escola e já fico emocionada, imagina pra você me ver transformada em lua cheia…
Eu sei, tô me demorando. Mas é pra manter você mais tempo aqui. Obrigada mãe. De verdade. Hoje eu sei que não é fácil. E que não é só amor. É obrigação. É divisão injusta de trabalho. É sobrecarga. É abrir mão dos seus sonhos. É se doar até se perder. Mas também é amar mais do que a si mesma. E também odiar. E se arrepender de ter sido mãe por um segundo e voltar a amar com mais força. E seguir nessa busca eterna de não se perder de si mesma.
Hoje eu sei.
Cognições maternas acerca da maternidade e do desenvolvimento humano: uma contribuição ao estudo da psicologia
parental http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0104-12822007000100011&script=sci_abstract&tlng=es
Ansiedade materna nos períodos pré e pós-natal: revisão da literatura
https://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/16144
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É conturbado mesmo ser mãe e filha no meio disso tudo. Que necessário esse texto Ana... tenho escrito umas coisas tb. Obrigada! Vc me estimulou mais! Beiju.
Que bom! Escreva! E me mostra depois!
Obrigada pelas palabras!
Bjs
Lindo e real! Obrigada, Ana!
Obrigada por nos brindar com esta linda e tocante reflexão.
Sou fã da sua mãe e agora da filha também.
Estou como a Lili... admiro a mãe e agora a filha. Lendo de novo o texto que li hoje de manhã quando sua mãe compartilhou conosco e chorando de novo. Lindo, Ana. Prazer em lê-la. ❤️🌻
Linda e emocionante carta. Sou mãe ,tenho uma filha de 28 e gêmeos de 19 e é uma turbulência de emoções. Só pude perceber muitos sentimentos quando tive meus filhos, compreendi,perdoei, valorize o,odiei tb a minha mãe. Mas sou grata por te la comigo até hoje . Um forte e afetuoso abraço.