Um dos maiores medos das mulheres grávidas é perder o bebê, mesmo quando quando a gravidez não foi planejada. Na literatura médica, o aborto espontâneo é traduzido como a morte ou a ausência de sinais vitais de um embrião ou feto de até 20 semanas, sem a interferência da gestante. Para a mulher ou a família, a perda gestacional representa uma tristeza profunda, a morte de um sonho, o luto por um filho que não chegou a nascer.
O aborto espontâneo ou natural é mais frequente antes das 12 semanas ou do fim do primeiro trimestre e pode ser causado por inúmeros fatores, como a malformação ou o mal desenvolvimento fetal, uso de medicações contra indicadas para a gestação, descolamento de placenta ou de saco gestacional, em casos de gravidez ectópica ou até mesmo por causas desconhecidas. O processo pode se desenvolver espontaneamente ou precisar de intervenção médica.
Os números sobre o aborto espontâneo no Brasil são controversos. Estima-se que 25% das gestações evoluem para um aborto no primeiro trimestre. Esse número, porém, pode ser muito maior, chegando a 50%. Isto porque muitas mulheres sofrem a perda gestacional antes de uma atraso considerável da data prevista para a menstruação. Outras mulheres não possuem domínio sobre a temática do ciclo reprodutivo ou não conhecem seus corpos para entender que estão tendo um aborto espontâneo.
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Na maioria dos abortos espontâneos, a mulher sente dores abdominais semelhantes a uma cólica de menstruação, sangramento, enxaqueca, dor nos rins, enjoo e até diarreia. Se houver sangramento, é preciso procurar um serviço de emergência obstétrica com urgência.
Em alguns casos, os abortos espontâneos são evitáveis, em outros não. Isto porque o sangramento pode acontecer ainda com o feto vivo ou depois que o embrião parou de se desenvolver.
Durante o aborto, a mulher sente dores causadas pela dilatação do colo do útero e as contrações uterinas que levam à expulsão do embrião ou feto e dos restos gestacionais. O sangramento vaginal pode durar 10 dias ou mais e ser acompanhado de coágulos, membranas e até do próprio feto, dependendo da idade gestacional e da etapa em que o desenvolvimento parou.
Quando o aborto acontece de maneira natural, o corpo da mulher pode não conseguir eliminar todos os restos gestacionais e o médico ginecologista pode pedir exames para avaliar o útero, a localização do embrião e a evolução do processo. Em abortamentos espontâneos sem complicações, a mulher pode optar por esperar o fim do aborto em casa.
Já nos casos em que o aborto não começa naturalmente, o sangramento vaginal e a eliminação dos restos da gestação que não foi adiante podem ser induzidos através de comprimidos vaginais, semelhante ao que acontece nos casos em que é necessário realizar a indução do parto. Esse processo deve acontecer em ambiente hospitalar para a avaliação da progressão do aborto e da saúde materna.
Se o aborto não acontece de maneira espontânea e a indução não progride de maneira satisfatória, pode ser indicada a realização de uma curetagem. A raspagem no útero geralmente acontece dentro do bloco cirúrgico e requer aplicação de anestesia, que pode ser local, peridural, raquidiana ou geral. Nestes casos, é recomendado que a mulher faça repouso e evite atividades sexuais por até 40 dias após o procedimento. Caso seja um desejo da mulher tentar uma nova gestação, ela deve esperar entre 3 e 6 ciclos menstruais.
Após a curetagem, a mulher pode sentir desconforto na região pélvica e abdominal, além de cãibras fortes, que surgem pela contração intensa do útero após o procedimento. O médico pode receitar analgésicos e anti inflamatórios para aliviar o desconforto e evitar infecções. Usar uma bolsa de água quente sobre o quadril ou barriga ajuda a aliviar o desconforto. Banhos de assento com ervas como o caju roxo e a aroeira podem auxiliar no tratamento e na cicatrização. Outras recomendações são que a mulher não use ducha vaginal, nem absorventes internos ou coletores menstruais.
As complicações da curetagem são raras, mas podem incluir sangramentos, infecções uterinas, perfuração do útero, bexiga ou alça intestinal. O procedimento pode levar à formação de cicatrizes internas, que levam à adesão das paredes do útero. Isso pode alterar o ciclo menstrual e a fertilidade. Após a curetagem, se a mulher sentir febre, mal estar geral ou corrimento vaginal com mau cheiro, deve procurar um médico para investigar a possibilidade de infecção.
Além do auxílio e tratamento do aborto com o obstetra, é essencial o acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e/ou da doula de luto. Após uma perda gestacional, é comum que tanto a mulher quanto o companheiro ou companheira e outros membros da família sintam uma sensação de tristeza profunda, de culpa e ansiedade. Pessoas com tendência à depressão geralmente têm o quadro agravado.
O luto pela perda do “filho projetado” vai durar um tempo diferente e ter consequências em intensidades variáveis em cada família. Acolher a dor, tratar o sentimento de perda e buscar formas de superar o luto são essenciais para quem passou por um processo que aconteceu contra a vontade da mulher e nunca será visto como natural.
Causas relacionadas ao aborto espontâneo: uma revisão de literatura http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/3300/1/Silvia%20Barbosa%20Mattos.pdf
Aborto e estigma: uma análise da produção científica sobre a temática https://www.scielosp.org/article/csc/2016.v21n12/3819-3832/
Aborto Espontâneo de Repetição e Atopia http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v25n5/16818.pdf
Estudo associa aborto espontâneo a maior risco de ataque cardíaco https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/12/101202_aborto_ataquecardiaco_mv
Abortamento espontâneo e provocado: ansiedade, depressão e culpa http://www.scielo.br/pdf/ramb/v55n3/v55n3a27.pdf
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