Olá.
Sou Francini, graduada em Química, mestre e doutora em Ciência e Tecnologia dos Materiais, uma apaixonada pelo processo de gestar e parir, o que fez, também, eu me tornar doula.
Tal encantamento surgiu durante a gestação da minha doce e amada Helena, momento em que passei a pesquisar sobre assuntos relacionados a esse universo. E adivinha? Amei.
Foi naquela época que entrei em contato com conceitos que envolvem parto e me dei conta do quanto é fundamental a mulher se preparar para esse evento especial, no sentido de conhecer o processo, conhecer o seu próprio corpo e buscar alinhar os aspectos emocionais e psicológicos, afim de transcender por essa experiência.
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Simples, para que a mulher adquira a segurança que a possibilite a vivenciar um parto com amor, respeito e plenitude. Para que o parir, evento sublime por natureza, se torne singular e especial e que essa experiência seja gravada em sua mente como um momento bom, afinal, é a hora em que se encerra um ciclo, o gestacional, e se inicia outro, o da mulher-mãe.
E assim o universo começou a trabalhar e me conduzir em uma sequência de eventos e pessoas que me trouxeram até aqui, sentada escrevendo esse texto.
Setembro de 2015, quando decidimos que era hora de mudar e encarar novas oportunidades profissionais. Programamos a data da partida,quando percebi que havia algo faltando na minha rotina: a menstruação. Oi?! Fiz o teste, positivo. Desespero, essa foi a sensação. No sábado daquela semana partimos para nossa nova jornada. Para uma cidade diferente, um estado novo, cheios de incertezas e aquela “sementinha” dentro de mim, que eu não fazia ideia o quanto mudaria minha vida.
Chegamos e, junto com o pré-natal, começaram a surgir dúvidas. Curiosa que sou, me via pesquisando entre assuntos de gestação e artigos sobre TiO2. Sim, tinha que qualificar o doutorado.
Procurei um grupo de apoio a gestantes na cidade mais próxima. Lá havia três mulheres conduzindo a reunião, eram doulas. Mal sabia que entre elas estaria a figura que me apoiaria durante o gestar, parto, pós-parto e que me ajudaria florescer em vários sentidos da vida. Com ela aprendi, planejei, me abri, desabafei e me encorajei. Nesse período, também conheci a fotógrafa, que se tornou grande amiga e incentivadora que, além de dona dos clicks da barriga e parto, foi o veículo que ajudou germinar ideias que me encaminharam a fertilizar uma nova trajetória.
Com amor, suporte e preparo, acreditando no meu corpo, chegou o momento da minha transição, o dia daquela sementinha cultivada em meu ventre florir. Era domingo, os sinais vieram suaves, tampão, varias idas ao banheiro, um pouco de sangramento e as tão esperadas contrações. Uhuuu, minha filha estava pronta para vir ao mundo e iluminar meus dias!
Não, foram longas horas de contrações, no total 26. Elas vinham cada vez mais fortes, passei por momentos desafiadores em que eu tive de lidar com meu corpo se expressando de forma diferente, como eu jamais havia sentido antes. Tive que lidar com o medo, com o cansaço, com a frustração e com o frio. Sim, foi junho de 2016, na cidade de Campo Mourão, Paraná, num dia em que a temperatura chegou a valores negativos. Passei a maior parte desse processo em casa, acompanhada pela doula, enfermeira obstetra (E.O.) e meu marido. Fomos ao hospital e, na madrugada do dia 14, terça feira, às 2:16, conheci o amor da minha vida, nascida em uma cesárea intraparto.
Sim, eu digo com todas as palavras. Gestar e trazer um bebê ao mundo é divino, no mais amplo sentido da palavra, ter a oportunidade de vivenciar esse processo é um privilégio para a mulher e para o bebê. Mas também digo que é fundamental apoio, preparo e a consciência de que cada parto é único.
Foi naquele dia que me tornei mãe e me deparei com a Helena nos braços, vi a importância de todas as informações lidas em livros e blogs, de todas as orientações da enfermeira obstetra, do apoio e acolhimento da doula, da importância de ter uma obstetra que respeitou minha liberdade de escolha, que respeitou meu protagonismo, que respeitou o meu momento e eu ter a paciência de esperar tudo acontecer.
O ano de 2017 foi desafiador, foram colocados à prova tudo que havia dentro de mim e tudo que havia vivido como profissional até ali. Escrevi a tese anestesiada de cansaço pelas diversas mamadas noturnas, defendi meu doutorado em pleno puerpério, concomitante ao nascimento dos primeiros dentinhos da minha pequena, questionamos nossa mudança, quase mudamos novamente, minha avó querida descobriu uma doença e eu não consegui produzir nada. Tudo isso me destruiu! Tiveram dias que nem a luz daqueles lindos olhos verdes me pedindo colo, conseguiam amenizar a dor da minha existência.
No entanto, agora vejo que este processo de desconstrução foi fundamental para abrir o campo da minha reconstrução. No início de 2018 aceitei o chamado que há tempos batia em minha porta, de fazer um curso , então que o Revelando Doulas surgiu, como se fosse um acaso. Foi nessa experiência de imersão que me reencontrei e ressignifiquei vários aspectos da vida. Foi ali que me empoderei, que passei por mais uma transição, que mais uma vez amadureci e então consegui me libertar e me transformar em borboleta.
Desta forma, por todas as experiências vivenciadas, pela boa memória do parto gravada em minha mente e no meu coração, pela convicção de que todas as mulheres merecem ter um parto com respeito, pela necessidade de quebrar alguns paradigmas de conceitos estabelecidos na sociedade moderna em relação ao parir , pelo respeito à mulher durante a maternagem, pelo apoio de amigas que diziam “é sua cara” e pela minha necessidade interna em executar uma atividade relacionada ao auxílio ao próximo foi que eu escolhi minha profissão do coração e me tornei doula.
Estou no início da caminhada, mas tenho convicção de que essa linda, nova e desafiadora jornada é minha missão de amor a ser cumprida nessa existência.
Prazer, sou uma mulher que quer ajudar outras mulheres a florescerem e contribuir para um mundo repleto de belos jardins, torcendo para poder voar em lindas plantações, retornar para casa e saber que também foi por ela, Helena.
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