(O parto ocorreu no Hospital 10 de Julho, na cidade de Pindamonhangaba/SP, Vale do Paraíba. A Evelyn pariu com plantonista e eu fui a doula! Ela foi muito guerreira e estava tranquila e informada. Deliciem-se com o relato de re-nascimento desta mulher maravilhosa!)
Antes de falar especificamente do meu parto, preciso falar da importância de se ter uma assistência nessa fase tão linda da vida de uma mulher, que é a gestação. Desde antes da gravidez, eu sempre tive uma visão de que parto normal era sentir dor sem necessidade, que era muito mais fácil ter uma cesárea. Eu pensava (e falava):
“Parto normal?! Tô fora! Pra que ficar sentindo dor, você vai ali, faz um cortinho e tá tudo resolvido, pra que sentir essas dores que todo mundo fala que são tão terríveis e que parece que a gente está morrendo né… Eu vou é fazer cesárea mesmo!”
E também tinha uma impressão horrível sobre a própria gestação, eu achava que ia ficar enjoada demais, que ia inchar, engordar horrores, enfim, achava que a gestação ia acabar comigo.
Nesse post você vai encontrar
Inicialmente fiquei chocada, depois maravilhada por estar gerando um serzinho dentro de mim e aí começaram as preocupações:
“Vou enjoar? Vou ficar péssima?”
O tempo foi passando e eu não enjoei uma vez sequer, não tive vômito, apenas náuseas, não conseguia comer direito e perdi 6 kg no primeiro trimestre. A cesárea continuava firme e forte na minha cabeça. Início do segundo trimestre, ultrassons todos normais, bebê saudável e eu, grata, me perguntava, onde estão os enjoos, as dificuldades, os inchaços? Comecei a pensar que talvez fosse bom começar a ler e me informar sobre parto, amamentação, pós parto e etc… E comecei. Aos poucos através da informação, fui mudando a minha mente, abrindo a cabeça e os olhos para as opções que eu tinha e o parto normal começou a me parecer menos pior.
E aí veio o desânimo, pois o médico que fazia meu pré natal me cobraria uma taxa (absurda) pelo parto e eu não tinha condições nem vontade de pagar. Mudei de médico, pra uma que eu sabia que não me cobraria essa taxa (ilegal), a famosa disponibilidade. Recomeça o pré-natal e eu sempre falando em parto normal, ela saindo pela tangente nas conversas e até que entrei no último mês. Já tinha percebido que ela não era favorável ao parto normal, então comecei a buscar outras opções, e nessa encontrei a resposta: uma doula!
Essa profissional que eu só conhecia de nome e nem sabia direito qual a função. Pesquisando, percebi que talvez fosse interessante ter uma pra me auxiliar, já que a minha médica não estava ajudando. E eis que, num grupo de mães no WhatsApp ela surge, me oferecendo seus valiosos serviços! A partir daí, ela foi me ajudando a abrir mais ainda a mente, a afastar os medos e inseguranças de ter um parto normal, me preparou para as dores que viriam, me ensinou como lidar com elas e que não necessariamente representam sofrimento, mas são o anúncio de que o momento de conhecer a minha filha está cada vez mais próximo. Dessa maneira, ficou muito mais fácil de enfrentá-las e eu passei até a desejar que começassem logo. Ela me ajudou também a me acalmar quando a médica me disse que “se eu quisesse uma assistência mais especializada no meu parto (doula), ela teria que me cobrar taxa de disponibilidade”, argumentando que “seria uma pessoa a mais pra atrapalhar na sala de parto”.
A Mari, nessa altura minha amiga, me ajudou a me acalmar quando a “boa” médica resolveu, com 39 semanas (3 dias antes do dia D), me fazer um exame de toque (e fez descolamento de membranas sem meu consentimento – coisa que só fui saber depois), me fazendo sangrar uma quantidade que me deixou em pânico e a ponto de ir para o hospital. É claro que se eu tivesse ido nesse dia, teria sido internada e imediatamente submetida a uma cesárea desnecessária sob alguma desculpa esfarrapada.
Apenas observei o sangramento parar sozinho e a bebê continuar mexendo normalmente… Enfim, ela preparou o meu espírito enquanto eu, com ajuda dela, preparava o meu corpo e a minha mente pra hora de receber a minha princesa Manu.
21/06/2018, quinta-feira, pela manhã: acordo mega disposta, decido que preciso podar as minhas plantas e limpar a casa, e assim fiz, com o barrigão de 40 semanas exatas. Faxinei toda a casa, afastei os móveis e limpei vidros, isso me custou o dia todo. Confesso que nunca deixei de mentalizar o meu parto do jeito que eu queria e de imaginar que podia ser naquele dia, e que todo o esforço físico que eu estava fazendo pudesse me ajudar a parir. Final da tarde, sento no sofá pra relaxar e lá pelas 21h começo a sentir dores, diferentes das contrações de treinamento que eu vinha sentindo há dias e mais fortes. Naquele momento senti que era a hora, não havia mais dúvida. Os intervalos entre as primeiras contrações que senti já eram de apenas 8 minutos, o que eu sabia que era pouco. Mando mensagem pra Mari, ela me orienta a ir pro chuveiro pra relaxar, o que só faz aumentar as dores, me dando mais certeza de que era chegada a hora. Saio do chuveiro 20 minutos depois com intervalos em torno de 4 minutos e dores fortes entre as contrações, já percebendo que estava evoluindo extremamente rápido.
Aviso a Mari que estamos indo direto para o hospital, pois achava que não daria tempo de esperar ela chegar na minha casa. No caminho, começo a sentir vontade de fazer força e não consigo acreditar que já estava entrando em fase expulsiva, ali no carro. Dou entrada no hospital às 22:45, meu esposo vai fazer minha internação e eu vou pra sala do médico pra ele avaliar. Ele faz o toque e lá da partolândia eu escuto ele falar:
“Dilatação total, leva ela correndo pra sala de parto!”
Oi?? Acabei de chegar, não faz nem duas horas que começaram as contrações!! O médico pergunta se eu quero analgesia, eu dou um grito que não!! Me levam pra sala de parto, a mesma que eu tinha ido com a Mari conhecer duas semanas antes, e me colocam imediatamente na maca, deitada, com as pernas naquela posição horrível, nas perneiras. O médico entra na sala e diz que se for necessário, ele fará episiotomia. Nem me deixo abalar!
Iniciamos os trabalhos, ligam pra recepção pedindo pro papai subir, senão iria perder o parto. Em certo momento, começo a sentir cãibras devido àquela posição péssima pra se parir e simplesmente peço pra pararem tudo (kkkk), tiro as pernas daquele suporte horrível e chuto eles pro lado. Fico praticamente de cócoras em cima da maca, encontrando a posição que o meu corpo queria pra parir.
Então, às 23:05, vinte minutos depois da entrada no hospital, Manuela nasce. Sem lacerar períneo, sem “necessidade” de episiotomia nenhuma e nem de pontinho! A sensação que tive no momento do último puxo, dela saindo de dentro de mim e de ouvir ela chorar, não tenho palavras pra descrever, é uma mistura louca de sentimentos! Mas o que predomina é o de alívio, tanto das dores quanto de saber que ela nasceu bem, saudável e que estávamos as duas bem. É essa sensação maravilhosa que vou levar eternamente do meu parto.
Manu foi colocada imediatamente no meu peito, após o corte tardio do cordão, que confirmei que havia sido depois que parou de pulsar, e ali ela ficou, se acalmou e já procurou meu seio pra mamar.
O médico me olhava como se eu fosse de outro mundo, me perguntando se era mesmo meu primeiro bebê, sem acreditar que uma mulher pode sim, parir o seu primeiro filho sem lacerar, sem cortar, sem analgesia.
Minhas considerações:
Agradeço demais a minha doula, Mariane Pereira, que fez toda a diferença! E continua fazendo no pós-parto, me tirando dúvidas e me ajudando a manter a calma.
“As contrações são o abraço de despedida que o seu corpo dá no seu bebê, pra que ele possa seguir o seu caminho e vir ao mundo. Cada contracao é uma a menos e te aproxima do momento de ver o rosto do seu filho pela primeira vez”.
Buscar um parto normal humanizado pode ser bem solitário. Parece que um evento natural é…
O parto normal é o processo mais natural e saudável para o nascimento de um…
O parto normal é um tema que desperta muitas dúvidas e questionamentos nas gestantes e…
Dia 28/01 sábado por volta as 18:30, comecei a ir ao banheiro fazer xixi e…
Minha dpp era 26/12, e eu já estava com consulta marcada pro dia 27 pronta…
Minhas contrações se intensificaram no dia 05/12 (sim no dia do jogo do Brasil contra…