Sempre achei que me conhecia perfeitamente e que já tinha escolhido minha carreira por toda vida. Contudo, somos seres em constantes mudanças e infinito crescimento.
Desde garota a atividade física me escolheu, menina elétrica que gostava de dançar, nadar, pular, fazer ginástica, esportes, sem fim para os movimentos corporais.
Com muito amor ao movimento corporal me formei em Educação Física,
me especializei em Biomecânica, prescrição de exercício e avaliação física, logo depois em Fisiologia do exercício e Pilates. Realizei todos meus sonhos profissionais, trabalhei em academias, spas, clubes, clínicas, escolas e montei meu Studio de Pilates, onde continuo atendendo até hoje.
Particularidades de Flávia, moro em Sorocaba (interior de São Paulo), sou casada com Pedro, juntos construímos uma família, somos pais de um lindo casal, Lorena com 4 anos e Leonardo com 1 ano.
Quer saber como vim parar nesse lindo mundo da humanização e me tornei Doula, continue lendo o texto!
Nesse post você vai encontrar
Filha de uma mulher de muita fibra, uma verdadeira guerreira em todos os sentidos, uma Índia por semelhanças, hábitos e descendência. Cresci ouvindo que todos os partos de minha prole haviam sido normais e o pacote de benefícios que eles trazem.
Além disso, minha única irmã e mais velha do que eu, cursou medicina e se especializou em Ginecologia Obstetrícia, atendeu e aprendeu muito com o Dr. Jorge Kuhn (Obstetra renomado em São Paulo com especialidade em Parto Normal na Alemanha) na maternidade Leonor Mendes de Barros, no Belenzinho.
Alguns conhecimentos vieram ¨por tabela¨, de tanto presenciar ela estudar, ouvir relatos e compartilhar de experiencias.
Casei em abril de 2013, louca para engravidar o mais rápido possível. Após 6 meses de casados, engravidamos da nossa primogênita e já tinha a certeza que ela viria escorregando com toda facilidade do mundo.
Claro que meu parto seria perfeito, era praticamente neta de Índia, gestante atlética, super apta a superar dores físicas. Também pensava que não precisaria de Doula, porque tenho irmã GO (não sabia bem a diferença de atuação), pra que precisaria de Doula?
Data provável se aproximou e começaram as cobranças por parte da equipe do convenio por conta de protocolos do hospital, 40 semanas e 3 dias seria a data máxima esperada. Não pensei duas vezes e abandonei o pré Natal, vou esperar o tempo dela, porem começo a conversar e explicar que seria melhor ela sair por conta própria, pois mais dias ou menos dias iriam querer arranca lá de sua casinha.
Conforme mostra o estudo de psiquismo fetal, o feto interage com o meio intra e extrauterino, as 41 semanas ela resolve que era melhor ouvir os pedidos da mamãe, só que contra gosto e com muita preguiça. Com isso, trabalho de parto longo, com muitos itens dificultando o nascimento por mim idealizado, resultando em um parto com fórceps, bebe com apgar 3 e 6 e UTI.
Só que passou por isso, sabe como dói chegar em casa sem barrigão e sem bebe nos braços, uma sensação de vazio sem tamanho, madrugava no hospital para ficar o máximo de tempo juntinho com minha princesa, com a graça de Deus após 5 dias a notícia mais esperada, Lorena teve alta.
Logo após o nascimento de uma super mãe, mega apaixonada pela cria e por tudo que envolve a maternidade, alucinada em ler sobre gestação, parto, humanização, amamentação, vem a notícia que eu seria titia pela segunda vez e junto com a notícia o convite para acompanhar o parto juntamente com o pai (hospital permitiu por ela trabalhar lá).
O dia esperado chegou e instintivamente ajudei, dei apoio, suporte, encorajei e vi minha sobrinha nascer lindamente e uma chuva de ocitocina no ar.
Desde então, havia um desejo oculto de ser Doula, já amava mas ainda não tinha definido o que era aquela chuva de sentimentos. Tempo depois, engravidamos do nosso caçula, aumentei as pesquisas, a presença nos encontros gestacionais, porém ainda não via a necessidade de ter uma doula, já que o hospital era referencia em partos normais.
É, esperava que segunda gestação fosse mais fácil parir, afinal de contas já tinha tido um parto vaginal.
Em 25 de março, Leonardo escolheu que queria vir e vir com tudo, amanheceu o dia e as contrações começaram já de 3 em 3 minutos, fui para casa da minha irmã para ser avaliada e ficar uma parte do trabalho de parto lá na banheira.
Rapidamente, a dor foi intensificando e ficando insuportável, pedi para fazer um exame de toque já que as dores já eram muito intensas, constatamos 7 cm de dilatação e partimos para o hospital que ficava menos de 5 minutos dali. Cheguei com 9 cm e comemorei demais, mal podia acreditar que ele chegaria tão rápido. Pouco tempo depois já tinha dilatação total, muitos puxos e um balde de água fria! Seu bebê esta com a cabeça transversa e vamos para a cesária, disse a plantonista.
O que?
Cesária?
Não, eu não quero cesária, chorei, implorei, fiz força, a maior que podia, ele precisava nascer, a médica dizia que se eu insistisse ele iria nascer mal, que estava com bossa e que se tentasse fórceps machucaria ele. Vem a tona o peso do primeiro parto e acabei cedendo mesmo sem se entregar, fui fazendo força e rezando para que ele nascesse normalmente, não paravam os puxos e eu de fazer força, no chegar no centro cirúrgico, agachei, fiz as ultimas tentativas antes de ser anestesiada.
Leonardo nasceu de cesária, com 4.470 kg e 54.5 cm e 2 circulares de cordão, na sala de parto todos diziam, está vendo como ele não iria passar. Com tudo, sabemos que nada disso seria um real indicativo de cesária.
Misto de sentimentos, por um lado felicidade pelo meu filho lindo e perfeito, por outro lado um verdadeiro luto pelo não parto. O meu consolo era que passei por todo o trabalho de parto, senti o cabelinho dele, tire foto. Essa cirurgia doeu muito, doeu a cicatriz por vários dias, mas doeu muito mais a alma.
Resolvido, vou mudar isso! Vou ajudar outras mulheres a não sofrerem mais o que eu sofri, inscrição no curso de Doula, Ok!
Vou contribuir com outras mulheres, vou ser fonte de informação, de redescobrimento do parto, ser colo, ser apoio, ser a mão que ajuda, que acalenta, ajudar de forma não farmacológicas o alívio das dores, ser encorajamento, ajuda no pré parto, parto, pós parto, amamentação, puerpério leve. Vou contribuir e me juntar as muitas outras mulheres que lutam pelos seus direitos respeitados.
Mulheres que tem uma doula reduzem incidências de cesárias, diminuem a duração do trabalho de parto, maior autoestima, menor índice de depressão, maior capacidade e considerações por cuidar de seus bebês e maior qualidade na amamentação.
Descobri desde então, uma nova e velha paixão, descobri que além de movimentos e fisiologia do exercício, amo de natureza igual a fisiologia do parto, a gestação, a maternidade e tudo que nela envolve.
Atualmente, com 33 anos atuo como instrutora de Pilates para o público em geral, com olhar especial a gestante. Sou Doula, membro de um movimento social chamado Parto de Gente onde temos rodas de gestantes, mães e casais, presto consultoria em amamentação, organizo chá de bençãos, além disso, muitos projetos, planos e cursos estão vindo muito em breve.
Referencias Bibliográficas:
Psique Intrauterina –http://www.sprgs.org.br/diaphora/ojs/index.php/diaphora/article/view/73/73
Indicativos de Cesaria – http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032011000500008
Métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho departo –http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072010000400022
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