Antigamente, até meados de 1920, a maioria dos partos eram acompanhados por parteiras tradicionais.
Em São Paulo, inclusive, existia o serviço de parteria urbana, feita por parteiras tradicionais, que iam nas casas das pessoas atender os partos de baixo risco. O que aconteceu para que tudo tenha mudado em 100 anos?
Nesse post você vai encontrar
O parto foi levado para o hospital mais ou menos na década de 50. Até essa década, a maioria das pessoas nasciam em casa. Isso foi bom para diminuir os índices de mortalidade e morbidade materna e neonatal. Porém, com a maioria das mulheres parindo em âmbito hospitalar, também tornou-se muito prático a indicação (muitas vezes sem fundamento) de uma cesariana, pois os hospitais não comportavam todas as gestantes durante os trabalhos de parto (percebemos que a falta de leitos é um problema antigo!)
Com isso, originou-se o mito do parto normal, baseado em partos traumáticos e cheios de violência obstétrica, onde a parturiente é “salva” pelo médico, sendo que as parteiras foram abominadas dos hospitais e sendo elas retiradas do parto.
Em regiões remotas do país ainda é utilizado o serviço de parteria tradicional, onde mulheres mais velhas aprendem o ofício de parteria na tradição, muitas vezes utilizando plantas medicinais, remédios naturais e ritualizações culturais energéticas nos trabalhos de parto.
Para se institucionalizar o parto, as enfermeiras que trabalham com isso fazem especialização em obstetrícia (ou a própria graduação em obstetrícia). Em países de primeiro mundo, os partos de baixo risco (ou risco habitual) são acompanhados por obstetrizes (ou midwifes), e geralmente acontecem em casas de parto.
Elas podem, durante o parto:
*Aferir a pressão da gestante;
*Fazer ausculta no coração do bebê;
*Verificar a dilatação da parturiente através do exame de toque;
*Procedimentos clínicos em geral.
As doulas são, segundo Dr Ric Jones, guardiãs do parto e do sagrado feminino. Elas são mulheres que dão suporte físico e emocional para p casal durante a gestação, parto e puerpério.
Elas não fazem NENHUM procedimento técnico, mas podem:
*Indicar posições fisiológicas para se usar durante o trabalho de parto;
*Aplicar técnicas não farmacológicas de alívio de dor;
*Explicar ao casal as fases do trabalho de parto;
*Ela é a primeira que chega durante o trabalho de parto, e geralmente a última que sai;
*Ajuda na primeira hora de vida (chamada de golden hour)
A doula é quem vai cuidar para que o parto ocorra conforme o desejo do casal. Através de olhares, vai entender a gestante, perceber se alguma coisa não está legal, e dizer à equipe.
Por isso é tão importante o trabalho em equipe dessas duas profissionais: parteira e doula. Enquanto uma está preocupada com os aspectos técnicos do parto, a outra está preocupada com o emocional.
E você, já tem uma doula pra chamar de sua?
Referências bibliográficas:
Janet Balaskas (1989). Parto Ativo: guia prático para o parto natural (a história e a filosofia de uma revolução).
Fiscalização e formação das parteiras http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342001000100008
Conheça as diferenças entre parto natural e parto normal https://www.amanascer.com/diferencas-parto-natural-parto-normal/
Livro da parteira tradicional, Ministério da Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_parteira_tradicional.pdf
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