Até o final do século XIX, a grande maioria das mulheres tinha parto vaginal e em casa, realizados por parteiras, conhecidas também como aparadeiras, comadres ou parteiras-legais, que detinham o saber empírico relacionado à gestação, parto, pós-parto e cuidados com os bebês. Nessa época, a participação do médico se restringia às complicações graves e mesmo esse tipo de assistência costumava acontecer no lar. O parto era, portanto, um evento familiar. É possível afirmar também que se tratava de um evento marcado pelo feminino, uma vez que os cuidados desde a gestação eram compartilhados por mulheres, pois além da parteira – mulher de inteira confiança do mulherio de sua região – participavam também avós, mães e irmãs daquela família. Essa rede oferecia à gestante amparo, atenção e orientação. Durante as primeiras semanas, por exemplo, a mulher recém-parida era cuidada por essas mulheres e a elas também cabia ajudar nos primeiros cuidados do bebê e realizar os afazeres domésticos.
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Nas primeiras décadas do século XX, o parto deixa aos poucos de ser um evento familiar e íntimo para se tornar uma prática médica, institucionalizada nos hospitais e regulada por políticas públicas. A hospitalização do parto é um fenômeno universal e teve como pioneiros Estados Unidos, Inglaterra, França, Noruega e Suécia. Nesses países, a transição do parto domiciliar para o hospitalar se deu no período entre guerras. No Brasil, o parto hospitalar passou a ser rotineiro somente após a década de 1960, com a crescente expansão da assistência hospitalar.
A partir de 1980, observa-se então a inversão da curva, ou seja, a maior parte das mulheres passa a dar à luz em hospitais, especialmente nas grandes cidades. De lá para cá, o hospital passa a ser então o cenário oficial do parto, uma instituição predominantemente masculina. Em decorrência disso, o cuidado passa a ser feito por uma equipe técnica, com clara divisão de papéis e que segue protocolos para o atendimento padronizado e em série. Com o incremento da tecnologia, destaca-se também o aumento das intervenções obstétricas. Em decorrência disso, as opções que se apresentam para a gestante passam a ser o parto cirúrgico por cesárea ou parto vaginal repleto de intervenções – o que não podemos chamar exatamente de parto normal.
Pensando em um parto hospitalar, surge o seguinte questionamento: se médicos e enfermeiros estão cuidando dos aspectos técnicos do parto, quem cuida do bem-estar físico e emocional da mulher que está dando à luz?
Além da migração do parto da casa para o hospital, outras mudanças ocorreram no cenário sócio-político-econômico desde o século XIX, em especial nas grandes cidades, não é mesmo? A rede de apoio da gestante muda completamente, pois a maior parte dos integrantes da família trabalha fora, poucos têm disponibilidade de tempo para prestar assistência e nem todas as gestantes têm o privilégio de contar com alguém na família com vivência de parto e experiência nos cuidados durante e após esse evento.
Tendo em vista essa realidade, a doula torna-se uma integrante muito importante da equipe multidisciplinar de assistência à mulher. Ela é a profissional treinada para oferecer de forma empática o apoio físico e emocional à gestante, além de informações pertinentes com base em evidências, antes, durante e depois do parto. Isso, sem dúvida, com respeito à sua individualidade e às suas escolhas, com o objetivo de lhe proporcionar a melhor experiência possível relacionada ao seu parto.
Pesquisas mostram que a atuação da doula pode diminuir significativamente os pedidos de anestesia, uso de ocitocina sintética duração do trabalho de parto e taxas de cesárea. Ver estudos.
Entretanto, vale lembrar que a doula não faz qualquer procedimento médico, não faz exames e não é responsável por cuidar da saúde do recém-nascido. Vale ressaltar também que a doula não substitui o/a acompanhante, que é a pessoa próxima a ela escolhida para participar desse momento íntimo e envolvente que é o parto, mantendo com ela um vínculo afetivo. Assim, dizemos que a doula não faz parto, faz parte!
No trabalho de doulagem que realizo, ofereço:
Antes do parto:
– Escuta empática com o objetivo de entender a realidade de cada gestante/casal, suas necessidades e expectativas.
– Auxílio à gestante /casal na elaboração do plano de parto, oferecendo informações sobre a realidade obstétrica da região, apresentando opções existentes para o nascimento do bebê e procedimentos comumente realizados, com seus prós e contas, com base em evidências científicas, para que possam discutir com os demais integrantes da equipe de assistência sobre quais são suas escolhas para o parto e também possam se organizar para isso.
– Técnicas de relaxamento e exercícios de respiração.
Durante o parto:
– Presença desde o início do trabalho de parto ativo.
– Auxílio no encontro de posições confortáveis para o trabalho de parto e parto.
– Oferta de técnicas não farmacológicas para o alívio da dor, como massagem.
– Cuidado do ambiente (luz, aromas e música), de acordo com o desejo da gestante.
Após o parto:
– Visita à família para dialogar sobre a experiência de parto, se for o desejo da mulher.
– Apoio básico à amamentação, quando necessário.
– Escuta empática para entender as necessidades daquela mãe no puerpério e busca de soluções apoiá-la quando desejado, orientando e encaminhando para outros profissionais, caso necessário.
Para conhecer mais sobre o trabalho de doulagem que realizo, cadastre-se AQUI e receba informações. Se preferir, entre em contato diretamente pelo whatsapp (11) 97557 9721.
História da parturição no Brasil, século XIX: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1991000200002
Assistência ao parto: história oral de mulheres que deram à luz nas décadas de 1940 a 1980: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072013000100020&script=sci_arttext&tlng=pt
Humanização do parto: https://static.scielo.org/scielobooks/pr84k/pdf/maia-9788575413289.pdf
Parto: novas recomendações da OMS: https://www.sns.gov.pt/noticias/2018/02/20/parto-novas-recomendacoes-da-oms/
WHO recommendations Intrapartum care for a positive childbirth experience: http://febrasgo.mccann.health/childbirth_experience_2018.pdf
Você conhece as recomendações da OMS para parto normal? https://www.unasus.gov.br/noticia/voce-conhece-recomendacoes-da-oms-para-o-parto-normal
Suporte da Doula em comparação com o tratamento padrão: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4463913/
Suporte contínuo para mulheres durante o parto: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003766.pub6/full
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