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O que a doula NÃO faz

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Olá, tudo bem?

Se você deseja ter o acompanhamento de uma doula, tão importante quanto saber o que ela faz, é saber o que a doula não faz.

Já falamos bastante sobre o que a doula faz e o blog está cheio de posts M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S com o tema.

Acompanhando alguns relatos e comentários vemos que existem muitas expectativas e falhas na comunicação.

Para facilitar resolvi criar uma lista com algumas das funções que a doula não é autorizada a fazer e que também não tem obrigação/função em fazer, então vamos lá:

1. DOULA NÃO FAZ PARTO/ DOULA NÃO É PARTEIRA

 

Parindo em uma cadeira, gravada por Konrad Merkel, 1531, de The rosegarden para gestantes e parteiras, por Eucharius Rosslin (1470-1526), 1513.

Já temos até a campanha #doulanãofazpartodoulafazparte

Doula não substitui os profissionais do parto, seja médico, enfermeira obstetra, obstetriz.

Regra: doula não pode fazer nenhum procedimento técnico em relação ao parto.

Já ouviu ou leu o conselho: “Contrata uma doula e fica o máximo que puder em casa, só vai pro hospital quando o bebê estiver saindo!”

Está errado. A doula pode ficar com a gestante por bastante tempo durante os pródromos, a fase latente, quando a gestante sentir que precisa de um apoio. Chegando na fase ativa com contrações regulares, mais longas e curtos intervalos: é ir para o hospital de referência ou chamar a equipe (no caso de Parto Domiciliar Planejado).

Não pode participar de um parto já planejado em ser  desassistido.

E se uma profissional da saúde estiver atuando como doula e durante o trabalho de parto exercer alguma função que não cabe a doula? Se houver uma complicação pode sofrer até  processo. Se não acontecer nada, ela estará prejudicando a atuação das doulas, dificultando ainda mais nossa entrada no ambiente do parto.

Por exemplo:

  • Não faz exame de toque;
  • Não afere a pressão arterial;
  • Não indica remédios;
  • Não ausculta o coração do bebê.
[A diferença] Imagem: Parindo em uma cadeira, gravada por Konrad Merkel, 1531, de The rosegarden para gestantes e parteiras, por Eucharius Rosslin (1470-1526), 1513. Editado por Juline Marconato

2. DOULA NÃO SUBSTITUI ACOMPANHANTE

Imagem do Ministério da Saúde

Tem maternidade que obriga a gestante a escolher entre acompanhante e doula? Tem.

É certo? Não.

O que se precisa entender é que um não substitui o outro.

E apesar de algumas cidades já estarem com a Lei da Doula em vigor, ainda há muito chão para garantir que as mulheres não precisem passar por isso.

Se a gestante optar por intercalar o acompanhamento, é de total escolha dela. E como defendo o direito de escolha da mulher, a decisão é somente dela, ela irá levar em consideração o apoio do acompanhante, da família e a responsabilidade legal que um acompanhante tem.

Eu, como doula, não indico.

3. DOULA NÃO É PSICÓLOGA

Existem psicólogas que também são doulas? Existem.

Mas durante o acompanhamento ela será somente doula.

Se a mulher precisar de acompanhamento psicológico, a doula pode sugerir que ela busque o atendimento de profissionais adequados e conforme indicação do profissional, oferecer atividades que ajudem no processo.

4.DOULA NÃO É BABÁ, MÃE-DE-GESTANTE, ETC.

Não é por maldade.

E aqui estão duas situações diferentes:

  • Durante o acompanhamento, a doula não vai tomar a frente das escolhas, não é nossa intenção infantilizar a mulher, mas incentivar o empoderamento.
  • Doula pós-parto não está lá para cuidar do bebê e nem faxinar a casa, ela vai orientar sobre aleitamento materno, incentivar a mulher a se encontrar com a própria maternagem, oferecer um ombro amigo no puerpério e, se solicitada, dar dicas que ajudem nessa transição.

É bom estar ciente que a doula não empodera a mulher, mas é uma grande aliada, o apoio  para chegar ao empoderamento.

5. DOULA NÃO IMPEDE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E CESÁREAS

Durante o acompanhamento pré-parto precisamos conversar sobre indicações reais e fictícias de cesáreas, sobre procedimento usados de rotina ou proibidos e quais as opções locais para ter acesso a um atendimento respeitoso.

A doula fornece modelos para a mulher elaborar o próprio plano de parto.

Mas a doula jamais poderá entrar na frente de um profissional que está com um bisturi e impedir uma episiotomia, por exemplo.

A mulher e acompanhante podem e devem exigir que seus direitos sejam respeitados, porém não será garantia se não houver uma equipe que respeite suas escolhas.

Portaria N.1820 – ART 5º V – o consentimento livre, voluntário e esclarecido, a quaisquer procedimentos diagnósticos, preventivos
ou terapêuticos, salvo nos casos que acarretem risco à saúde pública, considerando que o consentimento
anteriormente dado poderá ser revogado a qualquer
instante, por decisão livre e esclarecida, sem que sejam imputadas à pessoa sanções morais, financeiras
ou legais; (2)

6. DOULA NÃO TRABALHA DE GRAÇA

Sim, existem voluntárias, mas não pense que aquele trabalho é gratuito.

Se investe tempo, energia, horas de trabalho e estudo. Compra de materiais, cursos, livros, deslocamento e disponibilidade. Muitas têm filhos, família, amigos, abrem mão de eventos sociais e estão sempre de olho na agenda quando precisam marcar compromissos.

Elas se alimentam, têm contas a pagar, sangram, sofrem, choram e ficam muito felizes quando a mulher recebe um atendimento digno e consegue trazer sua cria ao mundo de forma respeitosa.

Somos cheias de amor, trabalhamos COM amor. Somos profissionais.

O que meus amigos pensam que eu faço, o que a minha mãe pensa que eu faço, o que a sociedade pensa que eu faço, o que minhas clientes pensam que eu faço, o que (alguns) obstetras pensam que eu faço e o que eu realmente faço. Imagem Pinterest

E você vai me dizer: “Ai Juline! Para que eu vou ter uma doula então? O que ela faz? ”

Terá uma doula para te orientar com informações durante a gestação, que será seu apoio emocional e físico durante o processo de trabalho de parto, seja com massagens, sugerindo posições, movimentos, banhos, técnicas de respiração e palavras de incentivo.

E eu também posso te responder com um trecho de um estudo sobre o apoio contínuo de uma pessoa com treinamento :

“Esta revisão incluiu 23 ensaios clínicos randomizados (22 com dados numéricos) realizados em 16 países, envolvendo mais de 15.000 mulheres em uma grande variedade de locais e circunstâncias…

… O apoio contínuo não produziu nenhum efeito prejudicial. …O tipo de apoio contínuo durante o trabalho de parto mais benéfico parece ser aquele que é oferecido por uma pessoa que está lá apenas para isso, não sendo parte do círculo social da parturiente, que tenha experiência em oferecer apoio a parturientes e que tenha recebido algum tipo de treinamento para exercer este papel. ” (3) (grifo meu)

EXPECTATIVA X REALIDADE sobre a doula

Ajuste suas expectativas, conheça a realidade da função da doula, procure saber como funciona o trabalho dela, leia o contrato, pergunte sobre a disponibilidade dela, se atende um número muito grande de gestantes nas datas previstas, sobre os materiais que ela disponibiliza, se ela trabalha com indicação de backup (outra doula que pode substituir a sua caso seja necessário) , se ela tem um tempo para se recompor por alguns minutos se o seu trabalho de parto for muito longo ou se ela chama a backup, pergunte sobre tudo o que for importante para você.

Fale para ela tudo o que você espera e ela lhe dirá se está dentro do que ela pode e deve oferecer.

São coisas que um simples contrato, uma boa conversa, uma profissional ética e informação podem ajustar.

Crie vínculo, busque com afinidade e contrate se sentir confiança de que terá ao seu lado uma doula que poderá suprir suas expectativas.

Gratidão e até logo,

Juline Marconato

Você pode ler mais em estudos científicos sobre o assunto. Essas foram as minhas referências de base para este texto :

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Doula Juline Marconato (PR)

Doula e co-autora aqui no blog Casa da Doula.

Mãe de 2. Asaph que nasceu em um parto natural hospitalar conquistado com muita luta, fugindo do plano de saúde com altas taxa de cesárea e parindo no SUS. E Mikhael, que nasceu no aconchego de casa, na água, num Parto Domiciliar Planejado.

Sou uma apaixonada pela humanização do nascimento e do atendimento de forma geral. 

Estudo, leio e compartilho muito sobre parto desde 2014 e em maio de 2017 tive o grande privilégio de me formar como doula. Após 1 ano ser professora em 3 turmas do Curso de Formação de Doulas na SeducIntec (2018/2019). 

Fui doula voluntária no SUS por 1 ano.

Sou parceira e idealizadora do Coletivo Mana Doulas, com mais 2 doulas promovendo encontros de gestantes e consultorias coletivas.

Meu trabalho é levar apoio e informação da gestação ao pós-parto. 

Quer uma doula para chamar de sua? Fale comigo!

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E-mail: doulajulinemarconato@gmail.com

Celular: +55 41 984069735

Cidades de atuação: Fazenda Rio Grande, Curitiba e região metropolitana - Paraná

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