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Nascimento do Gonçalo – Por Raquel

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A maternidade, pra mim, sempre foi algo maravilhoso e sempre acreditei que me realizaria muito me tornando mãe. Sempre quis ter filhos e passar pela experiência de gerar uma vida.

Me casei e após um tempo comecei a pensar muito em engravidar. Consegui após quase um ano de tentativas. Enfim, meu bebê estava a caminho, ficamos muito felizes e logo contamos para a toda família.

A gestação foi muito tranquila, apesar de ter sido diagnosticada com diabetes gestacional. Consegui controlar os níveis de glicose somente através da dieta.
Procuramos uma médica na nossa cidade, mas gostamos muito de outra médica em uma cidade vizinha, então, todas os meses viajávamos para as consultas do pré-natal.

A experiência do parto normal, sempre foi, ao meu ver, única e incrível, algo sagrado do universo feminino e eu sempre quis vivê-la.

A médica que eu escolhi trabalha com uma equipe de enfermagem, que eu conheci durante a gestação. Também conheci minha doula, que conversou muito comigo sobre tudo e me deu várias dicas preciosas, tivemos alguns encontros onde ela me acalmava sanava minhas dúvidas.

Devido a diabetes gestacional, foi indicado que eu não poderia ultrapassar 40 semanas e se chegasse até lá, deveria induzir o parto.
Eu havia pesquisado bastante e sabia que a indução costumava doer mais do que o normal, então fiz tudo que podia para entrar em trabalho de parto de forma natural.

Comecei a comer tâmaras a partir da 36° semana, fiz algumas caminhadas, tomei chás e fiz exercícios na bola de pilates.
No dia 19 de outubro, eu completava 39 semanas e 3 dias, estava na casa da minha mãe na cidade onde fazia meu pré natal.

Estávamos jantando por volta das 23:00 horas e logo após fui me preparar para dormir, fui ao banheiro escovar os dentes e ao sair senti algo escorrer pelas minhas pernas. Minha bolsa havia estourado e escorria liquido pelas pernas, junto saiu o tampão.

Logo conversei com a doula que me confirmou a saída do tampão, falamos também com a enfermeira que veio até a minha casa ver se estava tudo bem comigo e com meu bebê.
Após verificar minha pressão e os batimentos do bebê, ela confirmou que estava tudo bem.

Então, fomos dar uma volta na quadra e foi pedido que me fizessem um chá para ver se as contrações pegavam ritmo. Tomei o chá, caminhei e fui deitar, dormi até às 03:00min, acordei com algumas dores e fui até a sala, lá estavam minha mãe e minha doula conversando.

Fiquei ali com elas conversando entra uma contração e outra, que estavam cada vez mais fortes, minha doula fez algumas massagens que aliviavam a pressão e dor no meu quadril.

Por volta das 04:00min fomos ao hospital, pois as dores haviam aumentado e eu estava querendo ficar embaixo do chuveiro pra ver se aliviava um pouco as dores. Lá fomos nós, bem devagar entre uma contração e outra.

Chegando ao hospital, demos entrada com os documentos e entregamos o plano de parto, que havíamos feito com a ajuda da nossa doula, e eu não aguentei, tive que pedir a cadeira de rodas para ir até o quarto.

Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Araujo. Reprodução proibida

Chegando até lá, fui para baixo do chuveiro sentada na bola. As dores estavam mais fortes e as contrações bem ritmadas, foi quando pedi um exame de toque para a enfermeira, após o exame ela informou que eu estava com 5cm de dilatação, passaram-se mais uma hora e as dores cada vez mais intensas, foi quando eu pedi mais um exame de toque, eu havia dilatado 6cm, confesso que fiquei um pouco receosa, pois as dores aumentavam bastante e a dilatação não tanto, ao meu ver, eu deveria dilatar mais rápido.

Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Araujo. Reprodução proibida

Saímos do chuveiro e fui para a cama, nesta hora estavam meu marido, minha mãe, minha irmã e minha avó, todos no quarto comigo, além da equipe de enfermagem, doula, médica e pediatra.

Na cama as contrações ficaram muito mais fortes, nestas horas que se passaram, eu não lembro de muitas coisas, apenas alguns relances, onde eu lembro de pedir pela anestesia e implorar para que tudo passasse mais rápido.

A equipe toda e meus acompanhantes foram maravilhosos, sempre me dando força e dizendo palavras de apoio.
Doía muito mas eu sabia que era porque meu bebezinho estava chegando e logo aquela dor iria passar.

Minha irmã colocou algumas músicas que eu havia escolhido e eles perceberam que eu me acalmei um pouco com as músicas.
Lembro de ter escolhido músicas muito importantes, eu as ouvia ao fundo e algumas vezes percebia a emoção do homem que estava ao meu lado, me dando toda força que eu precisava, me surpreendendo a cada segundo.

O tempo foi passando, a dor só aumentava e as contrações vinham mais rápido, com menos espaço de tempo. Foi aí que eu pedi um novo exame de toque e então veio a boa notícia, estava quase lá, pois havia alcançado 9,5cm de dilatação.

Meu marido ficou muito emocionado e feliz, lembro dele cochichando ao meu ouvido: “- Está quase lá, ele está chegando, amor!”
Eu fiquei muito feliz e logo em seguida aquela dor quase insuportável deu lugar a vontade de fazer força.

O corpo humano é mesmo perfeito, então eu comecei a fazer forças, sentia algumas cólicas e aproveitava o momento das cólicas para fazer a maior força que eu conseguia. Nessa hora, as cólicas eram totalmente suportáveis, não doía quase nada perto das dores que eu senti no processo de dilatação.

Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Araujo. Reprodução proibida

Fiz muita força sentada num banquinho embaixo do chuveiro. Sai do chuveiro e fui para a cama, lá também fiz muitas forças, sempre aproveitando cada contração. Nesse período, a médica e o pediatra estavam ali ao nosso lado, escutavam o coração do bebê para se certificar que estava tudo bem.

Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Araujo. Reprodução proibida

Após um período de uma hora e meia deitada, a equipe sugeriu que eu ficasse de quatro apois para ver se facilitava a descida do bebê.
Contaram 1, 2 e no 3 eu me levantei, já um pouco fraca, minha mãe me segurou firme pelos braços, pois o bebê já havia coroado e eu não poderia me sentar, então senti ela me segurar firme, quando voltei a posição anterior, escorada na cama, fiz mais uma força e meu bebê saiu, às 10:10min, vindo direto para os meus braços.

Senti aquele corpinho quentinho no meu peito e me enchi de emoção, a maior emoção e o maior amor do mundo eu havia acabado de conhecer. Nossa família estava nascendo ali, rodeada de amor, respeito, atenção e carinho.

Meu marido e agora pai do meu filho aguentou firme cada momento junto comigo, minha mãe, minha irmã, minha avó, todas as gerações passando juntas pelo momento mais especial da minha vida, meu avô chegou logo em seguida, também tomado pela emoção.

Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Araujo. Reprodução proibida

Estávamos todos ali, conhecendo e apreciando o novo amor de nossas vidas que acabara de chegar.
Ele chegou quietinho, com os olhos bem abertos e prestando atenção em tudo, ficou abraçado em meu peito ouvindo e olhando tudo ao seu redor. Mamou na primeira hora de vida.

O pediatra muito calmo e cuidadoso tocava nele com carinho e respeito, me certificou que ele estava bem e que era muito saudável.
Meu bebê e eu ainda estavámos ligados pelo cordão umbilical, após uma hora o meu marido cortou e ele continuou ali comigo.

O pediatra precisou levá-lo depois para pesar, pois, como eu havia pedido, meu bebê nasceu no quarto do hospital e não no centro cirúrgico.
Meu meninão era lindo e saudável, média 53cm e pesava 4.230kg.
Pouco tempo depois veio a placenta naturalmente.

É…eu havia conseguido parir um bebê de mais de quatro quilos sem nenhuma laceração. Toda experiência, competência e paciência dos profissionais que me cercavam neste momento, contribuiu para que tudo fosse perfeito.

Fonte: Arquivo pessoal de Raquel Araujo. Reprodução proibida

Meu bebê veio ao mundo de forma respeitosa e amorosa. Meu parto foi lindo, natural, familiar e inesquecível para todos que estavam vivendo aquele momento junto comigo.

Quero agradecer ao meu marido pelo apoio incrível, a minha mãe, minha avó e irmãs que estavam ali vivenciando e torcendo por nós com muito amor, meu avô que estava ali presente nesse momento tão especial.

Minha doula e amiga que me apoiou e me ouviu sempre desde a gestação, a enfermeira muito atenciosa e calma que me segurou firme durante todo processo, a médica muito competente e que sempre me transmitiu muita segurança e ao pediatra que recebeu muito bem o meu bebê que recém havia chegado neste mundo e foi muito bem tratado.

Enfim, foram poucas horas de trabalho de parto muito intensas, incríveis e inesquecíveis, onde, no dia 20 de outubro de 2018, eu pude conhecer melhor a minha força que eu nem sabia que tinha, onde eu conheci o maior amor da minha vida e a nossa família ficou mais completa.

Relato escrito pela Raquel e reproduzidos aqui com autorização da mesma.

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Doula Rose Galis (Naviraí-MS)

Mulher, ativista da humanização, casada e mãe de três meninos, um anjo no céu, Miguel e Matheus. Doula desde 2016, Educadora Perinatal e Facilitadora em Aleitamento Materno.

Doula comunitária formada pelo Hospital Universitário da UFGD- HU-UFGD-EBSERH em 2018. Coordenadora do Grupo de Apoio Maternar, grupo de apoio ao parto e a maternidade.

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