A maternidade nunca passa ilesa pela vida de uma mulher, e claro que comigo não seria diferente. Mas antes de começar a contar como cheguei até aqui, deixa eu me apresentar.
Sou a Camila, tenho 33 anos, sou mãe do João Pedro e da Maria Luiza e sou doula. Moro em São Paulo desde que nasci, sou formada em Administração de Empresas, trabalhei como bancária por mais de 10 anos e nunca imaginei mudar de profissão, até que a maternidade chegou e comecei a repensar muitas coisas.
Eu sempre ouvi que o parto normal era muito melhor do que a cesárea, então tinha certeza que quando engravidasse iria esperar até o bebê estar pronto pra nascer. Mas ainda assim, o parto que vinha na minha cabeça era aquele tradicional, onde a mulher fica deitada, com os pés pra cima, e fazendo força quando alguém falasse que era pra fazer.
Eu acreditava que a maioria das mulheres optava pela cesárea porque tinham medo da dor, e não porque eram conduzidas (enganadas) pelos seus médicos. E como mãe de primeira viagem, eu fui engolida pelo sistema: entrei em trabalho de parto, mas depois de 12 horas, 9 cm de dilatação, acabei “optando” pela cesárea porque estava cansada, com fome e com sede.
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Como eu disse lá no começo, a maternidade não passa sem deixar marcas na vida de uma mulher, e depois que virei mãe comecei a participar de diversos grupos sobre maternidade na internet. Entre uma clicada e outra, acabei descobrindo muita coisa sobre humanização do parto, criação com apego, maternidade ativa e consciente, feminismo, empreendedorismo materno.
Todos esses assuntos mexeram com uma Camila que estava escondida em algum lugar, e que por vários motivos acabou sendo sufocada por outras versões de mim. Essa pessoa que eu não conhecia direito era a Camila mãe, ativista, feminista.
Uma mulher que já não se encaixava no mundo corporativo e extremamente masculino que não conseguia entender os anseios de uma mãe que acabava de voltar de licença maternidade. Uma mulher que adorava falar sobre gravidez, amamentação, maternidade, e que quanto mais lia e aprendia, mais queria compartilhar conhecimento com outras pessoas. Uma mulher que passou a desejar uma realidade diferente pra ela e sua família, que queria muito mais do que apenas pagar a escolinha no fim do mês e ver o filho algumas horas por dia.
E foi essa Camila que vislumbrou um futuro trabalhando como doula.
Como amava falar sobre gestação, defendia com unhas e dentes o protagonismo da mulher e o parto natural, achei que o trabalho como doula, apoiando mulheres nas suas decisões e ajudando na construção do parto que elas desejam, seria perfeito! E no fundo, todo esse estudo serviria para uma experiência de parto que eu ainda não tinha, mas que desejava muito!
E eis que a vida nos dá um novo presente, e uma nova oportunidade pra mim de vivenciar tudo aquilo que acreditava: fui fazer o curso de doula grávida da Maria Luiza. Durante o curso, cutuquei as feridas da minha cesárea, sangrei todas as dores que elas me causavam, mas sai de lá curada e pronta para correr atrás do parto que tanto queria. Maria Luiza nasceu em uma noite quente de agosto, em um lindo parto domiciliar planejado!
E depois de vivenciar a experiência mais intensa de toda a minha vida, finalmente me vi pronta para trabalhar com aquilo que acreditava e amava de todo o coração.
Voltei de licença maternidade com a certeza de que seria por pouco tempo, consegui o apoio e o respaldo do marido pra sair do banco, e finalmente, depois de quase 1 ano e meio de formada, comecei a trabalhar como doula.
Como todo (re) começo, teve muitos altos e baixos e frio na barriga, mas a cada acompanhamento, crescia em mim a certeza de que havia nascido pra isso, e que apoiar essas mulheres era algo de grande importância não só pra elas, mas pra mim também.
Hoje a minha rotina diária é dividida entre cuidados com a casa e os filhos, consultas com as gestantes, participação ativa nas redes sociais (pra ver e ser vista), muito estudo e leitura sobre tudo relacionado a gestação, parto e pós parto, e também partos intensos e cheios de ocitocina.
Ser doula é um desafio diário de persistência e amor, mas não trocaria a minha rotina de consultas, partos e cuidados com a minha família por nenhum escritório com ar condicionado, computadores e perfumes caros.
Nos meus acompanhamentos, procuro acolher os medos e anseios das mulheres, e passando um pouco da minha experiência e das minhas vivências, procuro apoia-las para que possam se tornar protagonistas não só da gestação e do parto, mas da maternidade também. É gratificante ver o nascimento dessas mães!
Costumo dizer que qualquer mulher pode parir sem doula. QUALQUER MULHER! Mas em um mundo onde estamos constantemente sendo colocadas a prova, onde duvidam da nossa força e do nosso poder, a doula é a pessoa que acredita e apoia a gestante até o fim. E esse apoio com certeza fará uma grande diferença na experiência de parto dessa mulher, assim como fez na minha.
Se quiser saber mais sobre o meu trabalho e fazer parte de uma lista VIP de atendimento, preenche esse formulário aqui: https://goo.gl/forms/SKkVeppikCwa3MNa2
Nos vemos em breve!
Com Carinho
Camila
Saiba mais
Parto domiciliar planejado: resultados maternos e neonatais
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S0874-02832010000400009&script=sci_arttext&tlng=en
MOVIMENTAÇÃO E DIETA DURANTE O TRABALHO DE PARTO: A PERCEPÇÃO DE UM GRUPO DE PUERPÉRAS
https://www.redalyc.org/html/714/71421162010/
Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto
https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001000026
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