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Então, eu sempre fui e ainda sou uma pessoa em busca de uma melhor qualidade de vida, estudei e ainda estudo muito, venho mudando minha alimentação a alguns anos, parei de usar remédios (inclusive anticoncepcional), conheci o Reiki e meu caminho começou a mudar, mas ainda não tinha o desejo de ser mãe.
Lá pelos meus 32 anos algo começou a mudar (hoje estou com 34), comecei a observar as grávidas e os bebês, porém estava terminando um relacionamento conturbado então deixei esse sentimento de lado. Um tempo depois conheci meu marido e conversamos sobre filhos, aí posso dizer que o desejo de ser mãe veio mesmo.
Em dezembro de 2017 engravidei, e foi uma festa só principalmente para meus pais seria o primeiro neto ou neta deles (tenho até um vídeo com a reação do meu pai, muito engraçado hehehe).
A primeira coisa que fiz foi pesquisar sobre parto humanizado (confesso que o parto era meu maior medo, devido a tudo que ouvia de minhas amigas, episiotomia para mim era a pior!) e acabei vendo o post sobre um curso de Doula, resolvi dar uma olhada para ver do que se tratava. Doula – mulher que serve; pessoa leiga treinada que fornece apoio a gestantes. Como não sabia nada sobre gestação e parto (praticamente nada mesmo) e no conteúdo do curso falava tudo que eu queira saber então resolvi me inscrever.
Me desenvolvi muito espiritualmente nesse meio tempo, e tive contato com uma medição chamada a Verdade do Coração onde entrei em conexão com meu útero e meu bebê, foi simplesmente esplêndido!! Uma semana depois começaram os enjoos, mas eles só aconteciam na empresa onde trabalho (além de Doula e Terapeuta Holística sou gerente financeira) devido aos cheiros fortes da fábrica (fortes só para mim que fiquei com o olfato apuradíssimo!), eu estava contando os dias para que eles passassem, porque realmente eram terríveis!!
Numa sexta-feira um dia antes de completar 12 semanas de gestação tive uma dor de estomago muito forte, mas logo passou e não voltou, mas na segunda-feira tive um leve sangramento, era escuro por isso não entrei em pânico, sai do trabalho e eu e meu marido fomos para o hospital, tive que aguardar atendimento com outras gestantes que também estavam com sangramentos (isso foi tenso!).
A médica que me atendeu tentou ouvir o coração do bebê com o Sonnar, não deu certo então fui fazer uma ecografia, então posso dizer que o chão se abriu e eu caí lá no fundo, pois o coraçãozinho do meu bebê não estava mais batendo. Eu e meu marido choramos muito nesse momento de nossa perda e por decisão minha escolhi passar a noite no hospital sozinha, (mesmo não tendo a necessidade, pois não havia começado a sangrar efetivamente, eu queria ficar longe de tudo e todos) não tive coragem de ir para casa e contar para meus pais (morávamos com eles nessa época).
A noite refleti muito sobre o que poderia ter acontecido, pois não souberam em explicar o motivo correto, só me falaram que é comum na primeira gestação ocorrer abortos espontâneos, mas na minha cabeça isso não soou muito bem, alguma coisa não estava certa. Pela manhã tiveram que induzir, o sangramento ainda não havia começado e pelo menos tinham que tentar que eu expelisse a placenta. Essa foi uma das experiências mais terríveis que já passei enfrentar a dor da perda e a dor física intensa que não cessava. Tive que fazer curetagem mesmo a placenta tendo saído, para ver se não tinha ficado nenhum resquício.
E mesmo passando por tudo isso fiquei agradecida pelo atendimento que recebi no hospital fui tratada com muito amor e compreensão, tanto pelos médicos quanto pelas enfermeiras que vieram me ver muitas vezes para que eu não ficasse sozinha, realmente com tudo que leio hoje em dia posso dizer que tive sorte por ter encontrado pessoas assim.
Uma semana depois fui ao meu médico para ele me avaliar, fisicamente eu já estava bem, mas emocionalmente ainda não, mesmo tendo um entendimento da vida um pouco diferente e entendendo realmente o que aconteceu comigo, eu estava me culpando. Perguntei para ele quais as possíveis causas, a resposta que tive foi que não teria como saber, pois poderiam ter sido várias coisas, mas que é comum essa perda gestacional na primeira gestação.
Não fiquei convencida, fui em busca de respostas e pesquisei sobre isso e realmente vi que podem ser diversos fatores que podem contribuir para que ocorra um aborto espontâneo, como fatores biológicos, psicológicos e sociais. Então o que aconteceu realmente não sei, só sei que essa culpa acontece na maioria das mulheres que sofrem aborto. Consegui eliminar esse sentimento com a ajuda da minha irmã e de uma amiga que são terapeutas, que foram dois anjos na minha vida.
Minha perda foi em fevereiro o curso de Doula seria em maio, mesmo assim senti que deveria fazer o curso e foi o que eu fiz. Nesse meio tempo comecei a desenvolver meu lado espiritual mais uma vez es continuo fazendo isso até hoje. O curso para mim foi literalmente um divisor de águas na minha vida, aprendi tantas coisas, coisas que nem imaginava que existiam, entendi muitas coisas, tudo era novidade para mim. E uma das coisas que mais me marcaram foi o fechamento do corpo com rebozo (uma prática que é feita em várias culturas, o corpo da mulher se abre para permitir que o parto aconteça, após o parto o corpo precisa “retornar” ao normal) que fizemos e para mim foi o encerramento do meu luto, fechei meu corpo e abri novamente para uma nova vida.
Saí dali apaixonada, depois de tanto tempo procurando me encaixar finalmente me achei, entendi que caminho teria que começar a construir e seguir. Usei os primeiros meses para mim, para aprender o máximo que podia e em setembro do ano passado acompanhei minha primeira gestante e foi magnífico, realmente muito lindo, mesmo eu não podendo entrar no hospital (nessa época ainda não era permitido, a lei de Caxias sobre as Doulas havia acabado de sair e o hospital não estava adequado) e acompanhar a gestante, saber que o parto foi muito rápido foi divino!
Ainda trabalho como gerente financeira, mas isso não me impede de atuar como Doula, pois tenho liberdade para sair a hora que preciso e sou muito grata por isso. Os estudos são parte da minha vida e com a consciência que tenho hoje consigo tirar da minha experiência muitas coisas para trabalhar com as gestantes. Agora em janeiro conduzi minha primeira meditação em grupo para as gestantes com DPP para fevereiro, trabalhamos a ansiedade e medos. Foi a experiência mais incrível que tive nesses últimos tempos, senti a força dos meus guias espirituais comigo e a força da Mãe Maria, foi realmente lindo, tanto que escrevendo isso agora me emociono novamente, além disso começarei a facilitar junto com a querida Larissa Simon o Grupo de Gestantes Gaia na semana que vem!!!!
Acredito que quando estamos no caminho certo as portas se abrem para que tudo aconteça da melhor maneira possível, e é exatamente isso que está acontecendo comigo, 2019 veio com tudo e agora me sinto verdadeiramente uma Doula, e também sei que no momento certo terei a honra de ser mãe.
ABORTO E SUAS MODALIDADES http://ojs.santacruz.br/index.php/JICEX/article/view/1814
VIVÊNCIAS DE MULHERES EM
SITUAÇÃO DE ABORTO ESPONTÂNEO http://www.facenf.uerj.br/v14n1/v14n1a11.pdf
The doula: an essential ingredient of childbirth rediscovered https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1651-2227.1997.tb14800.x
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