Dor do parto: uma jornada que pode fortalecer

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A dor do parto faz parte da natureza humana da mulher, sendo diferente de outras experiências dolorosas, pois não está associada à nenhuma doença, mas sim com a experiência de trazer uma nova vida.

É como um maratonista que corre uma maratona daquelas mais longas ou um montanhista que escala o pico mais alto da sua vida. Veja que todos são especialistas no que fazem, com a mulher não é diferente, nascemos para isso, faz parte da nossa ancestralidade.

Por Wendy Kenin Flickr

Dor por favor vamos ser amigas?!

A dor do trabalho de parto é fisiológica, mas também tem influências psicossociais, por isso, a intensidade da dor varia de mulher para mulher, existindo casos onde a gestante relata não ter sentido dor, ou até mesmo ter sentido prazer ao parir.

Sendo assim, a experiência da dor é muito subjetiva e pessoal por isso deve ser considerada, para que assim, sejam encontradas formas ideais de alívio e diminuição dessa dor. Mas uma coisa é certa, se a mulher tiver condições de se concentrar se conectando com o momento do parto, ela sente que é uma dor de que algo está fluindo e transcorrendo tudo como deve ser.

Intervenções que aumentam ou diminuem a dor

Com a chegada do controle da medicina moderna sobre o parto, foram sendo trazidos com ele também ferramentas para tornar esse controle cada vez mais “controlável”,  a ocitocina sintética (o tal sorinho! ) que serve para acelerar o trabalho de parto é uma delas, e dependendo de como é utilizada aumenta a dor exponencialmente. Ou seja, a dor que era para ser sentida naturalmente e em doses homeopáticas acontece artificialmente e com muito mais intensidade, fazendo a mulher sofrer e consequentemente o bebê também.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Por isso métodos não farmacológicos de alívio da dor vêm sendo estudados e utilizados a fim de proporcionar às gestantes mais equilíbrio e a diminuição dos sintomas de desconforto e dor durante o parto. Já é de conhecimento que esses métodos  podem reduzir a percepção dolorosa, e melhor, são considerados não invasivos!. Dentre eles podemos citar:

  • banho de chuveiro ou de imersão;
  • massagens na região lombar e com rebozo;
  • Técnicas corporais com posições e exercícios que auxiliam o alívio da dor;
  • Técnica de respiração consciente;
  • Aromaterapia específica para o trabalho de parto;

Essas técnicas podem ser utilizadas isoladas ou de forma combinada, que, além de proporcionar alívio da dor, reduzem a utilização de métodos farmacológicos e consequentemente a melhora da experiência vivenciada durante o trabalho de parto. Sem contar que todo esse amparo e suporte dado à gestante faz com que ela se sinta acolhida, podendo assim lidar melhor com as sensações de insegurança, medo e ansiedade, reduzindo o tempo de trabalho de parto e o índice de indicação de cesárea.

Já com relação à utilização de métodos farmacológicos de analgesia como a peridural e a raquidiana (ráqui), sabe-se que têm possíveis efeitos nocivos para a mãe e o bebê, devendo por isso serem evitados. Vejamos alguns desses efeitos:

  • Hipotensão materna;
  • Relaxamento muscular do assoalho pélvico abdômen, levando à dificuldades da rotação interna do bebê no canal de parto;
  • Perda do reflexo muscular do períneo, com eventual prolongamento do período expulsivo e aumento da incidência de partos instrumentais.
Por Eveline Dias

Portanto, cabe então às futuras mães entenderem que a dor do parto muitas vezes se torna fundamental para a adaptação do bebê à vida e à integração da dupla mãe-bebê, não devendo ser abolida. Pois uma mulher que se permite vivenciar todo o processo do trabalho de parto, sem dúvida estará bem fortalecida para a grande aventura que é Ser mãe.

“Métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto: uma revisão sistemática”  

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072010000400022&lng=pt&nrm=iso

“Efetividade de estratégias não farmacológicas no alívio da dor de parturientes no trabalho de parto” 

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342009000200025&lng=pt&nrm=iso

“Analgesia Peridural para o Trabalho de Parto e para o Parto: Efeitos da Adição de um Opióide” 

 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72031998000600005&lng=pt&nrm=iso

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Doula Samara Dutra (São Paulo - SP)

Mãe do Jonas, bióloga, Doula formada pela COMMADRE, consultora em aleitamento materno formada pelo GAMA com laserterapia na amamentação formada pelo instituto MAMEBEM, e homeopata no parto formada pela Ronise da Homeopatia no parto Brasil . Teve contato com o universo da humanização do parto no nascimento do seu filho em um longo e respeitoso parto domiciliar planejado. Isso tudo a transformou, despertando uma vontade de auxiliar também quem está nesse caminho lindo e cheio de desafios que é gestar, parir e AMAmentar.

Doula, Consultora de amamentação e massagem na gestação - São Paulo - SP

Instagram: @mamabem_

Contato: samara.mamabem@gmail.com

whatsapp: (11) 98242-9272

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