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Do parto traumático à Doula

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Jaiana Rodrigues, mulher, negra, baiana e geminiana, carrega consigo muitos sonhos e desejos, sua formação em Direito foi em 2010, exerce a profissão desde 2012. Em 2015 ao descobrir a gravidez, não planejada, não pensou duas vezes e foi buscar informação se era possível ter um parto normal já que teoricamente não seria fácil engravidar em razão dos problemas na tireoide, o período gestacional era quando mais se sentiu plena. De leitura em leitura ela descobriu que existia uma figura chamada doula, a partir daí iniciou seu lindo percurso no mundo da humanização.

Fotógrafa: @polemicasannta – Acervo Pessoal

Como ela já foi devidamente apresentada, vamos abrir espaço para ela contar um pouco da sua história.

A Doula só faz massagem! Ãham…

Durante a minha gestação descobri que existia uma figura chamada doula e como o meu maior desejo era ter um parto normal, mesmo sem saber ao certo o que seria uma doula eu decidi que queria essa pessoa para me acompanhar durante o parto.

A cada acompanhamento eu descobria algo novo e tomei ciência do quão é importante ter um doula, que existe todo um movimento de empoderamento da mulher sobre seu próprio corpo, a gestação, o parto, o pós-parto, a amamentação e a maternagem em um todo.

Foi impactante descobri que apesar da Politica Nacional de Humanização ter sido criada em 2003, é algo que não é divulgado para os envolvidos nesse processo gravídico e muito menos disponibilizado para as classes periféricas, sinto que rola uma politica de interesse, que nesse momento não vale a pena comentar, nessa saga descobri que ser doula nesse país onde a Cesária é considerada normal, é um ato político de resistência.

A doula é uma escolha da mulher, que não faz apenas massagem ele presta um auxílio contínuo físico e emocional à gestante e também familiares, ela é um veículo de informações baseada em estudos científicos, ela leva a mulher ao empoderamento para que assim possa fazer suas escolhas de forma consciente. E foi esse empoderamento que me levou a escolher ter o meu parto no SUS.

E você? Continua achando que doula só faz massagem?

Meu parto vaginal

O índice de realização de Cesária do Brasil, sempre foi altíssimo, no ano de 2016 os gráficos demonstraram que houve uma redução de 1,5 percentuais, o que ainda é pouco, pois o ideal é que a realização desse procedimento seja com a efetiva necessidade e não por aleatoriedade, e infelizmente ainda temos muitos Obstetras que não se atualizam para apoiar de forma efetiva as mulheres na escolha da via de parto que deseja.

Falando um pouco do meu parto: Apesar de ter escolhido parir em um hospital do SUS, considerado referência  de humanização na assistência ao parto, eu não tive sorte com a equipe do plantão e sofri várias violências obstétricas, teve rejeição ao meu plano de parto, ameaça de episiotomia, impedimento de locomoção, posição de litotomia, tentativa de aplicação de medicação, puxos dirigidos, cordão umbilical não cortado tardiamente, sutura sem anestesia, protocolo de complemento de leite artificial desnecessário, que poderia ter atrapalhado a amamentação, enfim… AINDA BEM QUE EXISTE TERAPIA, NÉ GENTE!

Acervo Pessoal: Primeira mamada

A única coisa que eu tive de humanizado foi receber meu filho nos meus braços logo após o nascimento, porque apesar dele estar bem, ativo e mamando, a pediatra insistiu para examiná-lo antes do término da hora dourada e como diante de todo o desespero que foi no expulsivo eu nem sabia se ele efetivamente estava bem e permiti.

 

Levei um tempo para elaborar e entender todas as Violências Obstétricas que sofri, não foi fácil! Me questionei muito, pois não havia motivos para tanta violência já que eu cheguei à maternidade parindo, sim, na triagem as falas da profissional que me avaliou foram “VAI NASCER AQUI!”, “JÁ ESTÁ COROANDO”, “ESTOU VENDO OS CABELINHOS”

Todas as reflexões me levaram a entender que tudo estava relacionado ao racismo em razão da cor da minha pele, É ISSO MESMO! Vocês já ouviram falar de Racismo Institucional? (Leiam o artigo nas referências bibliográficas). Venho lendo e estudando sobre isso e, a cada leitura, estudo, curso descubro mais violência sofrida. É doído, mas sinto que me cura e foi o que fez aumentar esse  meu desejo de ser doula.

A descoberta da missão

Meu filhote nasceu em agosto/2016, após o término da licença maternidade veio a minha demissão e com ela uma reviravolta em minha vida, que me fez pensar e repensar os desejos e anseios do meu coração, e assim resgatei um sonho antigo de trabalhar com a Massoterapia. Ingressei nesse universo de cuidar do outro, utilizando o dom para o qual eu vim ao mundo em missão, fiz a formação como massoterapeuta, e a especialização de massagem para gestantes .

Em meios aos estudo de massoterapia, o meu parto e as violências obstétricas que sofri permeava os meus pensamentos (coitada da minha doula, sempre que a encontrava lá estava eu narrando e contando coisas do meu parto), o que fez com que me aprofundasse ainda mais nos assuntos relacionados à gestação, pós-parto e conscientização da mulher sobre todas as questões relacionadas ao período gravídico, senti que eu precisava me informar para conseguir empoderar e apoiar outras mulheres e famílias, a conseguirem ter um parto digno e respeitoso.

Gestei por muito tempo em meu íntimo esse desejo de doular, mas tinha medo de ser algo apenas em razão das violências obstétricas que sofri em meu parto. Só que chegou uma hora que gritava em mim essa necessidade de ser esse instrumento de informação para as mulheres e famílias que buscam o parto natural, foi quando eu assumi que além de massoterapeuta eu queria ser doula, o que é mais uma forma de cuidar do outro, e com isso me mantem na minha essência.

Minha formação

Minha formação para aptidão na função de Doula se deu pelo GAMA/ LEVIATRICE, fiz também pelo COLETIVO GESTA a formação de Doula e Educadora Perinatal

Para complementar meus estudos fiz o curso Saindo do básico: noções avançadas de amamentação para doulas com o Coletivo Uma Uma.

Também sou Massoterapeuta formada na CIA Estética, e fiz a especialização em massagem relaxante para gestante no Instituto Valéria Vaz.

E para complementar esse cuidado com o outro fiz a formação do Curso Livre de Introdução em Aromaterapia e Alquimia pela Vivo Naturalmente e A formação em Aromaterapia e Fitoterapia para os Ciclos Femininos pelo Espaço Mamífera.

Esse foi o início da minha história como doula, eu acredito nos meus sonhos e esse pequeno aí é a minha fortaleza e quem me impulsiona diariamente.

Acredito que é possível parir com respeito e dignidade, mesmo passando por muitas lutas, fico emocionada em cada parto que acompanho, pois ali não tem apenas uma mulher, tem uma deusa parindo, nascendo e transformando e poder presenciar esse momento em um privilégio.

Acredito que parir é se transformar, criar asas e voar, como uma borboleta.

Referências:

PNH – Política Nacional de Humanização: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/politica_nacional_humanizacao_pnh_1ed.pdf

Suporte contínuo para mulheres durante o parto: https://www.cochrane.org/CD003766/PREG_continuous-support-women-during-childbirth

Pela primeira vez número de cesarianas não cresce no país: http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/27782-pela-primeira-vez-numero-de-cesarianas-nao-cresce-no-pais

Fatores associados à amamentação na primeira hora de vida: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v45n1/1717.pdf

Mãe preta, estudo sobre índice de violência obstétrica entre as mulheres negras: https://www.copene2018.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/1532453580_ARQUIVO_CopeneMG.pdf

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Doula Jaiana Rodrigues [Rio de Janeiro - RJ]

Direito é minha formação de base,  Massoterapeuta, Coordenadora do Coletivo Maia, Aromaterapeuta, Doula pelo GAMA (2018), Doula e Educadora Perinatal pelo Coletivo Gesta (2018), Consultora de Amamentação e mãe do Vicente, quem me apresentou ao mundo da humanização, pois na busca de um parto natural foi que descobri que existia esse mundo. Acredito que como doula e educadora perinatal empodero mulheres e familiares a terem um parto digno, respeitoso e mais leveza na sua maternagem. Acompanhamento: pré-parto, trabalho de parto e parto, e no pós parto (orientação para amamentação e carregadores)Consultas avulsas de educação perinatal: elaboração de plano de parto, cuidados com o recém-nascido, exercícios para fa.Outros Serviços: Belly Mapping, Carimbo de Placenta, Chá de Bençãos e Consultoria de amamentação.Cidade de Atuação: Rio de Janeiro - RJ / Niterói - RJ Instagram: https://www.instagram.com/rodrigues_jaiana/ Contato: jaiana.adv@gmail.com Quer saber mais: https://wa.me/5521985039450

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  • Nossa que história! Você é uma guerreira, parabéns por compartilhar sua história, ajudando outras pessoas.

  • Sua história lembra aquela música do Cidade Negra:
    Você não sabe o quanto eu caminhei
    Pra chegar até aqui
    Percorri milhas e milhas antes de dormir
    Eu nem cochilei

    Inspiradora! Bjo e bem vinda à Casa!

    • Essa sua comparação foi fantástica e fez super sentido para mim. Obrigada amiga! Bjo!

  • Que trajetória linda você está construindo: transformando dor em crescimento, dividindo a sua experiência e inspirando outras mulheres.
    Parabéns, Jaiana!

    • Obrigada querida! Espero de coração inspirar e empoderar outras mulheres. Bjs!

  • Guerreira você sempre foi, luz você sempre irradiou. A hora de Deus é perfeita, chegou a sua hora e fico feliz de você estar fazendo o que ama: cuidando de pessoas!!!

    • Obrigada minha linda! Sim, me sinto feliz por cuidar do outro. Bjs!

  • Boa tarde, como faço para conversar sobre a contratação dos serviços de doula?

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