Quando um ano se inicia, sentimos que as energias se renovam e as esperanças de fazer melhor ou fazer diferente são grandes. O meu 2019 iniciou em meio a uma montanha russa de dúvidas, de coisas pendentes a resolver, de ideias malucas a colocar em prática e de uma enorme necessidade de descansar para me re-energizar, porque em 2018 eu vive intensamente e concretizei vários planos/sonhos, meus e dos outros, não parando um minuto. Comecei pensando em desistir de muita coisa que acreditava, pensando que realmente precisava focar em coisas mais palpáveis, mas é engraçado que quanto mais tentamos seguir pelo caminho fácil, mas nossa vontade cresce em explorar caminhos diferentes.
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Talvez para fazer sentido, seja preciso retrocedermos 4 anos…. O momento que o click na minha vida certinha e planejada ocorreu. Casada, mãe de 2 meninas, grávida da terceira filha, já tendo vivido a experiência de 2 partos normais hospitalares, estava vivendo os dias sem pensar muito na gestação, porque tinha o trabalho, o marido, a casa, as filhas e a faculdade para ocupar a mente. Achava que esse seria SÓ mais um parto e minha filha estaria conosco. Pois bem, as coisas nem sempre saem como planejamos e foi nesta época mais ou menos que começaram a me fazer crer que minha filha nasceria pélvica, o que muito provavelmente significaria que eu passaria por uma cesárea, como meus dois médicos acreditavam que seria. Eu já frequentava um grupo de apoio a Gestação aos sábados e era lá que parava para pensar na gestação propriamente dita…Lá podia dividir meus medos de gestantes, contar que já não dormia mais e lá também tinha o conforto dos voluntários, entre eles algumas Doulas e as outras gestantes com medos e dúvidas maiores ou menores que os meus. Aliás, foi nesse mesmo grupo, 3 anos antes, que ouvi a palavra Doula pela primeira vez, sem entender bem o que isso significava. Agora eu já sabia o significado melhor, e sabia que apesar de nunca ter dito uma Doula profissionalmente, tive grandes anjas que me estiveram comigo nos partos anteriores que dariam ótimas doulas também. Mas nesta gestação, uma Doula luz me acolheu, durante aqueles dois meses, com palavras, informações e me mostrando recursos para eu me conectar a meu bebê e talvez ajudá-la a virar ou entender que era essa forma que ela viria ao mundo e eu deveria estar preparada, inclusive para a tal cesárea, que por ser uma cirurgia, mesmo que muito necessária em algumas ocasiões, sempre me afligiu muito, além de que dentro de mim eu sentia que no meu caso, ela não era necessária. Tive o apoio de outra doula também, virtualmente, que me mostrava caminhos antes não pensados e complementava os cuidados que eu precisava naqueles momentos de angústias e dúvidas.
Pois bem, minha bebê estava bem ligada lá dentro da barriga e escolheu o momento e o local para vir ao mundo, quando sua mãe estava totalmente relaxada, feliz e amparada, mas sem imaginar que tinha chegado a hora. Estávamos passando um final de semana prolongado em outra cidade e eu entrei em trabalho de parto, daqueles a jato mesmo, fui com uma tia a maternidade num local que não conhecia e que não tinha qualquer referência de pessoas, atendimento ou procedimentos. Num momento que eu já havia sacado a necessidade da Humanização, que eu tinha “ganhado da vida” duas doulas, me via mais uma vez assustada e talvez desamparada, por estar longe daquilo que talvez me confortasse. Mas para minha surpresa, tudo foi infinitamente melhor do que eu imaginei, fui doulada sim, por outra anja, mas de novo não era uma doula, mas sim neste caso, uma enfermeira obstétrica que nos minutos que teve para me confortar antes de minha filha nascer, conseguiu me disponibilizar massagem, músicas maravilhosas e um ambiente com luz e temperaturas ideais. Pari num parto natural hospitalar, mais humanizado do que eu podia sonhar. Sem qualquer toque ou intervenção. Com uma equipe preparada que nem encostou em mim, porque não foi necessário, mas estava sim bem assistida por médica, pediatra, eo, enfermeiras e meu marido. Eu estava nua de corpo e alma, fiz as forças ou vibrações que deveria fazer e minha menina fez a parte dela também, saindo pélvica, com dois puxos, saudável e mamando em meu colo logo depois. Quando estava com ela no colo, sentada ali no chão (num colchão claro), nua, com sangue, com o cheiro de vida no ar, eu entendi quando falavam que a mulher é um mamífero e como tal procurar sua toca para parir, procura a segurança e lambe sua cria depois.
Eu vivi ali, algo que não entendia até aquele momento, que poderia acontecer ou o que significaria. Eu acho que só naquele instante, bem no dia da véspera de meus 34 anos é que fui de verdade me sentir mulher. Senti dentro de mim, a força que eu não imaginava ter, senti dentro de mim a necessidade de ter vivido isso. Se até aquele dia eu tinha qualquer dúvida do que eu era capaz, depois daquele nascimento eu não tive mais. Eu renasci com toda certeza, um pouco mais, cada vez que uma das minhas filhas nasceram. Eu sei que não sou mais nenhuma dessas outras mulheres que já fui um dia. Mas após aquele parto, eu realmente sou outra pessoa dentro de mim, com muito mais forças e certezas, medos e dúvidas também, claro, mas eu sei, mesmo que quem me conheça não saiba de nenhuma dessas mudanças, EU SEI!
Eu apreendi a me reinventar dia após dia, ano após ano. Mas aquele parto, há 4 anos, recebi as forças que eu precisava para recomeçar minha jornada. E recebi muito mais que isso, pois foi aí que surgiu em mim a vontade de retribuir as mulheres e ao universo, tudo que recebi. Poder participar ao menos, um pouco que seja, das descobertas de outras mulheres, com suporte on line, rodas de conversas, acompanhamento no parto, orientações para amamentação, enfim, é isso que faz hoje meu coração vibrar e bater forte. Tenha certeza que estou aqui escrevendo isso de coração aberto, sobre mim, sobre meus recomeços, porque há cada ano que passa, surgem sim, dificuldades e dúvidas, será que estou fazendo o certo, será que vale ou não a pena tudo isso? Mas enquanto meu coração bater acelerado e meus olhos brilharem por conta de um parto ou de uma gestante ou puérpera que agradeça algo que eu falei, contei ou fiz, sei que estou fazendo a coisa certa. Começo aqui meu 2019, meu texto, minhas metas, com a certeza de que estou onde deveria estar e se você quiser que eu esteja a seu lado e só me contatar!!!
Hoje, Doula, mãe de 3 garotas, minhas 3 Marias, acho muito importante dizer que me redescobri, como mulher e profissional, após aquele Parto HUMANIZADO em 2015. Foi lá que percebi que QUERIA, poder auxiliar outras mulheres, através de informações de qualidade e/ou apoio em suas escolhas, da mesma maneira que eu fui amparada quando mais precisei. Comecei essa minha nova jornada através do trabalho voluntário, como Educadora Perinatal e Orientadora Social na ONG Bebê a Bordo. Me encantei por esse novo universo e por isso fui estudar e me profissionalizar cada vez mais. Hoje me divido, atuando através da minha formação administrativa, no suporte remoto a pequenas empresas de mulheres, ao mesmo tempo, que também trabalho com mulheres no Suporte em Gestar, Parir e Nutrir, através de meus conhecimentos como Doula e Facilitadora de Aleitamento Materno. Tudo isso sem deixar o voluntariado de lado, minha paixão inicial.
Comecei a escrever esse texto sem coragem para ler outro que já havia feito, contando um pouco de minha história, mas vou deixar o link nas referências abaixo, caso queiram saber um pouco mais de mim.
E não deixe de escrever um comentário abaixo, para conversarmos um pouco mais.
Aqui você pode verificar alguns links que vão te dar ainda mais informações sobre coisas que citei no texto:
Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001000026
Caderno HumanizaSUS – Volume 4
Humanização do parto e do nascimento http://redehumanizasus.net/wp-content/uploads/2017/09/Cadernos-HumanizaSUS-Volume-4-Humanizac%CC%A7a%CC%83o-do-Parto-e-do-Nascimento-.pdf
Grupo de Apoio às Gestantes e Puérperas https://www.ongbebeabordo.org.br/
Texto do Blog Casa da Doula sobre minha história https://blog.casadadoula.com.br/2018/06/22/meus-caminhos/
Texto do Blog Casa da Doula sobre Parto Pélvico https://blog.casadadoula.com.br/2018/01/18/bebe-sentado-bebe-pelvico/
Texto do Blog Casa da Doula sobre Parto Normal, Natural, Humanizado https://blog.casadadoula.com.br/2018/01/31/parto-normal-parto-natural-parto-humanizado/
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