Muito prazer, sou Flora Terrá. Psicóloga, mãe da Maria Flor, doula e mãe do Ravi. Exatamente nessa ordem. Falar da minha trajetória, de como cheguei até aqui, é relembrar quem eu já era e o que eu buscava antes mesmo da minha primeira gestação: a mim mesma, a minha missão, o que me motivaria. Sempre fui muito romântica em relação ao trabalho. Nunca quis um emprego. Sempre quis trabalhar. Trabalhar com algo que me fizesse feliz e trouxesse alguma felicidade ao mundo. Jamais só por dinheiro.
Nesse post você vai encontrar
Formei-me psicóloga pela Universidade de Fortaleza em 2014. Um curso que já me trouxe enormes e permanentes mudanças. Trabalhei com psicologia social e jurídica. Mas sabia que ainda não havia encontrado o caminho que queria trilhar.
Menos de um ano de casamento, descobri minha primeira gravidez. Uma gravidez sonhada, desejada, mas não planejada. Tentarei resumir o que percorri nesse período para vocês entenderem algumas coisas. Via de parto eu já sabia qual queria, só não sabia que não seria tão simples conseguir algo que deveria ser natural, aqui no Brasil. Parir de forma natural, para mim, é o normal. Já veio de família. Minha avó, tias e mãe, todas tiveram partos vaginais (das primas, na época, eu seria a primeira). Então era muito simples essa decisão na minha cabeça. (Ainda bem, pelo menos essa! Librianos… Risos).
Pedi indicações de obstetras legais e obtive algumas. Tentei contato com uma médica super indicada, mas sem vagas. Consegui com outro. Na minha primeira consulta, claro, já quis falar sobre o parto. A resposta? “Vamos falar disso mais para frente… está cedo ainda”. Também não tive muitas dúvidas tiradas com simpatia e troca de olhares. Segunda consulta: Doutor, e o parto? Quero parto normal. A resposta? “Se tudo correr bem, podemos tentar o parto normal, vamos ver”. Saí encafifada. Na terceira consulta resolvi perguntar para a recepcionista quanto seria um parto normal particular com esse médico (o meu plano não cobria obstetrícia). O valor era absurdo e saí, literalmente, chorando. Não voltei mais. Fui em outro médico que tirou todas as minhas dúvidas, que me olhava com afeto, me tratava bem e não cobrava um rim, porém ele me empurrou uma enfermeira que também seria doula e que era da sua equipe. Não gostei da ideia. Mas continuei porque ele era legal.
Antes dessa mudança de médico, eu havia descoberto através do Facebook esse mundo onde vivem as Doulas. Muita pesquisa, muita leitura, deparei-me com uma doula que fui com a cara de primeira. Assim, pela internet. Eu me amarrava no jeito dela, no modo que ela criava o filho e vivia a maternidade e trabalho de um jeito único (e incrível!). A primeira mensagem para ela foi: Como funciona, qual importância, o que fazem e quanto? Marcamos um encontro pessoal e nessa conversa tive certeza que era ela quem eu queria que estivesse comigo no grande dia. Sintonia, confiança, energia, admiração. Tudo bateu! Na ocasião, ela já me deu diversas informações e eu falei do meu incômodo com o médico em questão. Ela sugeriu que iria tentar conseguir uma vaga com aquela tal médica sem vaga, pois elas se conheciam e tinham uma boa relação. E ela conseguiu! Essa doula já me trouxe coisa boa, pensei. Eu já estava com 35 semanas de gestação. Mudei de médico novamente. Agora com a certeza de que estava com a equipe que sonhei.
Mas como nunca saberemos como será o grande dia… meu parto não iniciou após muitas horas de bolsa rota e tive que induzir. Na ocasião a família ficou feito “barata tonta” e ali chegou minha doula querida para nos orientar, nos acalmar, e sempre em contato com a médica. Ela também sugeriu acupuntura para induzir, e assim o fiz. Jamais pensaria nisso se não fosse ela! Ela foi a calmaria, a guia. Segui para o hospital para indução e passei uma noite inteira com contrações chatas, espaçadas e sem ritmo. Foi cansativo. Muito! Mas minha leveza, tranquilidade e a certeza de que tudo daria certo, independente de como fosse, me enchiam de paz. Minha autonomia em todo processo foi impressionante (para mim! Tudo isso foi um processo meu e de mais ninguém). Seguir meu instinto, manter uma postura ativa, respeitando a fisiologia do meu corpo fizeram a diferença para que eu conseguisse parir. Eu estive no “controle” de tudo desde os primeiros momentos da gestação, durante o parto e até hoje.
Desabrochando…
Fui uma adolescente cheia de mimos. E descobri depois que algumas pessoas duvidaram da minha capacidade de ter um parto normal por essa razão. O grande ponto que quero chegar com todo esse texto é: toda a busca pelo parto que eu sonhava, ter bancado as mudanças de médicos, as pesquisas que fiz, o processo de gestar e protagonizar essa história, somado à minha eterna busca pelo caminho que queria trilhar como profissional (e eu estava muito atenta e aberta a isso!), que junto com a minha experiência de parto, onde eu me vi forte, poderosa, autônoma e capaz, que através de toda minha concentração, preparação mental e, claro, de todo apoio que recebi das pessoas que lá estavam (meu primeiro parto foi daqueles que só os 80 mais íntimos participaram [risos]) me fez enxergar o que eu tanto procurava!
Se eu tivesse que dizer uma característica que me define seria: atenta. Atenta ao que não é dito, atenta ao bem-estar de quem está por perto (e longe também). A sensibilidade de prestar atenção aos outros sempre fez parte da minha personalidade. Ajudar, orientar, pensar e construir o que for junto. Escutar, cuidar, se preocupar, acolher. Olhar para o outro sem julgamentos e respeitar toda e qualquer decisão, mesmo que eu não concorde. Tudo isso é tão eu. E tudo isso são grandes características que julgo que doulas devem ter/fazer.
Após o meu parto, eu, que vivia angustiada por não saber por onde ir no quesito profissional, vi não só uma luz no fim do túnel, mas uma cidade, um estado, um país, o mundo inteiro iluminado, cheio de caminhos abertos e possibilidades! Eu fiquei em êxtase! Minha empolgação era nítida porque pela primeira vez me vi fazendo algo que achei que tinha tudo a ver comigo! Eu já era doula, só não sabia. Gestar, Parir e Nutrir são, definitivamente, os assuntos que mais gosto de pesquisar, aprender e falar. Eu não canso. E era isso, era muito isso o que eu buscava.
Minha experiência de parto foi linda por tantos motivos! Eu me transmutei, renasci como mulher e como profissional. Eu vi a força que tinha e enxerguei que podia fazer o que quisesse. Tive a oportunidade de ter uma doula e decidi que seria doula para outras. Somos evidencia “A” em experiências de partos mais positivas. Quero estar perto e fazer o que estiver ao meu alcance para que mulheres que buscam parir dignamente tenham uma experiência transformadora tão incrível quanto a minha.
Hoje faço parte da Equipe Maiêutica (uma equipe multidisciplinar de apoio à gestação, parto e pós-parto) e meu trabalho consiste na preparação da mulher e/ou casal para o parto, no acompanhamento do parto (independente da via), facilito rodas de apoio e informação (seja para empresas ou as que minha equipe promove), e também dou consultoria de cuidados com o recém-nascido (em parceria com instituições ou domiciliar). Sempre estimulando a autonomia da mulher e lutando pelo respeito à elas e seus bebês.
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Referências
Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001000026
Parto Ativo. Janet Balaskas. 1989.
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