Pouco se sabe ou se ouve falar sobre exterogestação. Ninguém te diz que a gestação dura na verdade 12 e não 9 meses.
Sim, seu bebê que acaba de nascer ainda não sabe que nasceu. Ele estava num lugar quentinho, apertado, escuro, sendo alimentado constantemente, escutando as batidas do seu coração e ruídos de seus órgãos. Agora, de repente precisa vestir roupas, sente frio e calor, sente fome, sente dor, tem muito espaço e muita luz. O bebê precisa ir se adaptando aos poucos e para isso precisa da ajuda da mamãe.
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A exterogestação significa gestar “fora” do útero. É um período, aproximadamente 3 meses, após o nascimento do bebê onde ele irá demandar mais colo e querer ficar mais perto da mãe onde se sente seguro e protegido. Os bebês nascem sem saber andar, falar, sentar e sem conseguir se sustentar sozinhos. São totalmente dependentes de seus pais para se manterem vivos e se desenvolverem.
O termo exterogestação surgiu após estudos do antropólogo Ashley Montagu que comparou a adaptação após o nascimento da espécie humana com outros animais. Montagu defende que esse período é essencial para que o bebê humano se adapte a vida fora do útero.
Algumas práticas adotadas vão ajudar nesse momento:
– Embrulhar o bebê bem apertadinho ou o uso do sling: Além de proporcionar a sensação de espaço de dentro do útero, estar envolto de um tecido dá a sensação de um carinho suave. Durante o dia a mãe pode fazer uso do sling para o bebê sentir novamente o balanço do seu caminhar e as batidas do seu coração, e ainda estar próximo ao seio estimulando a produção de leite. Assim que nascem, os bebês já podem ser embrulhados num cueiro bem apertadinhos, para que continuem a se sentir seguros. Também é possível fazer o “pacotinho” a noite para o bebê dormir, porém muito cuidado para o cueiro não ficar solto e tampar o rosto do bebê.
– O chiado sshhhh sshhhh : Este é o som favorito do bebê. Ele estava acostumado a ouvir um barulho parecido com um secador de cabelos dentro do útero o tempo todo e o volume era alto. Então imagine o quão assustador é para ele agora estar num ambiente onde todos querem fazer silêncio. Fazer o barulho do chiado é ótimo para acalmar aqueles momentos de choro constante. Faça bem próximo ao ouvido do bebê e aumente o tom de sua voz até se igualar ao seu choro, depois vá abaixando na medida em que ele se acalma.
– Balanço/Movimento: O movimento rítmico é ótimo, pois imita o balanço que o bebê tinha intra-uterino. Quando grávida a mãe senta, levanta, caminha, dança, se mexe o tempo todo e o bebê ama isso, ele dorme nesse ritmo. Fazer movimentos pra cima e pra baixo com o bebê no colo, caminhar, dançar, dar tapinhas de leve no bumbum são procedimentos que ajudam acalmá-lo.
– Sucção: No útero o bebê estava numa posição onde as mãos se encontravam próximo a boca, então ele podia sugar suas mãozinhas. Quando nascem não tem capacidade ainda de levar as mãos à boca, por isso a sucção não-nutritiva é tão importante. Amamentar em livre demanda não é só essencial para a alimentação do bebê e para a produção de leite da mãe, mas também para suprir a necessidade de sucção do bebê.
– Banho de ofurô ou banho de balde: Para relaxar, o banho de balde imita o espaço apertadinho e a água morna assim como era na bolsa amniótica.
– Shantala: Apesar de não ter muita relação com o ambiente do útero, a shantala ajuda no processo de adaptação e desenvolvimento do bebê. É recomendado a partir do primeiro mês de vida.
– Iluminação: Tentar manter o ambiente com luz baixa ou pouca luz ajuda a não agredir os olhos do bebê e também a deixá-lo mais calmo.
Os processos utilizados durante o período da exterogestação contribuem para a relação da mãe com o bebê. Todos os procedimentos utilizados para acalmar o bebê e dar mais segurança e conforto a ele traz também uma intimidade com a mãe que desempenha um importante papel na criação de uma base de sensações de prazer, alegria e satisfação.
“Isso favorece uma criação com mais apego. Não é exatamente recriar o útero fora do corpo, mas tentar uma transição e manter alguns cuidados que ele tinha na gestação sem um corte abrupto, o que prejudica a segurança e a confiança,” explica Chencinski.
Então colo nunca é demais e não irá deixar seu bebê mal acostumado. Lembre-se os principais envolvidos na exterogestação são a mãe e o bebê. Quanto mais contato, melhor para ambos.
Referências
De mãe para mãe: Tudo o que descobri sobre o parto normal e outras dicas para uma maternagem empoderada www.redehumanizasus.net/sites/default/files/de_mae_para_mae.pdf
Exterogestação e empatia com recém nascidos http://bebenopano.com/wp-content/uploads/2018/10/Projeto-exterogestação-PROJETO-FINAL.pdf
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