Eu sei que muitas pessoas vão se perguntar o porquê de um texto sobre adoção em um blog para grávidas, em que se fala de gestar, parir e nutrir. Muitas vezes pensamos sobre as diferenças que existem, mas já pararam para pensar sobre as semelhanças entre uma adoção e uma gestação?
É que a adoção também pode passar pelas mesmas etapas, de uma forma diferente. Toda pessoa que adota tem, em algum momento da vida, aquela luz e sensação de procurar algo seu, que de repente não está mais dentro de você. Eu lembro de uma amiga que, mesmo podendo gerar, quis adotar; foi uma grande comoção. E lembro que um pouco antes de entrar com a papelada, ela me dizia: “eu sei que meu filho ou filha já nasceu, eu só estou esperando o momento em que ele vai chegar aos meus braços”. Lembro da luta dela perante uma sociedade que não entende uma mulher fértil querer adotar; mas gente, isso não é uma escolha pessoal? Mais importante que isso: será que é possível limitar o amor?
Fiquei me imaginando segurando um bebê que até aquele dia eu não tenha visto, ou sentido em meu corpo, somente no meu coração, e a primeira sensação que me veio foi medo: medo de não saber dar o apoio que ele merece, medo de não saber cuidar, de não suprir as necessidade; ele passou a gestação inteira ouvindo um coração que não era o meu… como vou acalma-lo? Afinal, para ele, eu sou uma completa estranha. Como posso enche-lo de amor, se as vezes até o contato físico é um pouco difícil? E aí eu lembrei que como Doula eu posso ajudá-la a saber que ela é capaz de tornar essa criança emocionalmente em seu filho, fazer aquele sentimento que estava dentro dela ir além e esse bebê sentir todo amor e desejo da espera dele.
E foi pensando em várias famílias, independentemente de seu formato, que pensei em como eu, Doula, poderia servir e me veio à mente toda informação, cuidado, serviço que uma Doula pós-parto dá a sua doulanda.
A Doula Pós-parto é uma profissional com o carinho de uma “comadre”, dando suporte emocional, auxiliando na organização da casa e novas rotinas e dicas sobre cuidados com o filho, mas principalmente cuidando das necessidades da nova mãe para que esta possa ter mais tranquilidade e segurança nos cuidados do filho. Essa presença para uma mãe que adota é muito importante, já que a mesma também passa por uma grande mudança de vida e de emoções. Essa nova mãe precisa se adaptar, sentir-se segura, ser cuidada e ouvida em suas novas preocupações, para que, com carinho e suporte adequados, possa se entregar e viver plenamente todas as transformações da maternidade.
Partindo desta ideia, afirmo que a Doula é, sobretudo, uma mulher que apoia outras mulheres. Seja para a mulher grávida, para a mamãe de primeira viagem, para mães experientes ou para a mãe que adota. Lembre-se sempre disso: estou aqui para servir.
Bibliografia
História oral: a experiência das doulas no cuidado à mulher
http://www.scielo.br/pdf/ape/v23n4/08.pdf
Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n10/26.pdf
Experiência das Doulas no Cuidado à Mulher em uma Maternidade Pública do Recife – Pernambuco
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Adoção é um ato de amor e quem se propõe a fazer isso é muito mais mãe que algumas que gestam por aí.
Muito bom!
Mariana, a gestação não ocorre só no corpo, mas principalmente no coração.