O universo feminino é imenso e tanto delicado. Além disso, cada ser é único e capaz de responder diferentemente aos estímulos e ambientes, por isso é tão importante informar à mulher e sua rede de apoio a respeito das mudanças na gestação, no puerpério e dar segurança para se ter um parto respeitoso e humanizado, independente da via de nascimento.
Temido e desconhecido, o parto ainda é “crucificado” e mal compreendido pela sociedade. Por isso, comecei a refletir sobre como poderia usar meu conhecimento em enfermagem de forma mais humana, plena e em sintonia com a saúde da mulher. É desafiador, mas tornar a natureza feminina acessível e amigável é fazer a diferença na vida de tantas mulheres e, mais ainda, dos novos seres que auxiliamos a vir ao mundo. Assim surgiu a Matriah – Doulas e Educação Perinatal, para valorizar e dar suporte à mulher, respeitar suas escolhas e despertar seu melhor.
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No início de 2015, cursando meu último semestre de enfermagem, tive meu primeiro contato com a palavra doula. Até então sem entender muito bem qual era o seu papel, achando até um pouco bobo, já que minha primeira experiência com o parto natural não foi tão natural assim: tive direito à episiotomia, prática recomendada pela OMS apenas em casos de sofrimento fetal, progresso insuficiente ou lesão grave no períneo, que não era o meu caso; e ocitocina exógena, que tem o papel de aumentar a atividade uterina (e, com ela, as dores) em situações específicas de falha no trabalho de parto, que também não cabia a mim.
Hoje percebo a falta que fez um profissional que pudesse apoiar, orientar e acalmar todo esse importante processo de trazer ao mundo uma nova vida de forma natural e sadia. Portanto, ali eu não queria ninguém perto de mim ou conversando comigo, tampouco fazendo massagens e procedimentos.
Com o decorrer dos meses no estágio, fui começando a achar interessante aquelas mulheres que passavam horas ali ao lado de outra mulher transparecendo calma, dando suporte e lidando com a situação, como se fossem amigas de longa data. Como era importante ter esse apoio de alguém que trazia consigo a confiança e a sabedoria de conduzir um parto humanizado, seja ele natural ou cirúrgico.
Enfim, me formei. Estava grávida de dois meses e resolvi iniciar uma investigação sobre locais de partos humanizados em Brasília. Resolvi parir minha filha numa Casa de Parto, estabelecimento do SUS, onde trabalham apenas enfermeiras obstétricas, residentes e técnicos de enfermagem e, por isso, com o mínimo de intervenção, respeitando o corpo e fisiologia da mulher, que protagoniza o trabalho de parto. “Pronto! É isso que quero!”.
Salvo uma técnica que no meio do parto teve a audácia de dizer que eu não tava fazendo força direito, foi a melhor experiência da minha vida! Uma sensação de poder e trabalho feito apenas por mim correu nas minhas veias e então veio o meu segundo contato com a doulagem! Tive o apoio sensacional do meu irmão “meio doulo”. Chegou como meu irmão, foi quase um profissional! Foi ensinado na hora sobre um pouco do que podia fazer para diminuir minhas dores, pra me acalmar e pra me dar o suporte necessário! Eu, com o saber técnico, ele com o suporte emocional.
Percebi que o conhecimento e que ter alguém pra te ladear é o que toda mulher necessita pra um parto seguro e amoroso. Então por que não unir o útil ao agradável? Eu já tinha certeza que queria um parto natural e humanizado, mas quantas mulheres não sabem os benefícios de cada um? Quantas não entendem as mudanças que estão passando e não conseguem aproveitar essa fase maravilhosa? Quantas mulheres não sabem os desconfortos do puerpério e se sentem culpadas pelos próprios sentimentos?
Esse conhecimento veio à tona com alguns estudos, com meu segundo parto e com a necessidade em atuar na minha área com propósito. Como eu poderia usar meu conhecimento em enfermagem de forma mais humanizada, plena e em sintonia com a natureza da saúde da mulher? A doulagem me fez sentir essa segurança: apoiar de forma humana e técnica as gestantes.
Uma amiga da universidade abriu uma empresa de Parto Domiciliar Planejado – a Matrescence – e me convidou pra embarcar com ela nesse desafio e tão sonhado momento! Fiz uma breve busca e achei uma pesquisa realizada com 60 parturientes em Recife, onde mostrava que 72% das mulheres acompanhadas por doulas teve grau de satisfação Muito Bom, o melhor dentro do estudo. Também, 58% manifestaram sentir segurança, 25% conforto e 1% atenção. Resolvi que eram esses sentimentos que eu gostaria de passar para outras mulheres.
Assim, como doula da Matriah e da Matrescence, me dedico e invisto cada dia mais meus conhecimentos para empoderar mulheres, proporcionar um parto digno e respeitoso, um pré-natal esclarecido e um puerpério mais tranqüilo e saudável. Uma mulher ou um casal informado tem segurança para tratativas com a equipe que irá realizar seu parto e exigir seus direitos e isso me fascina: poder elucidar a todos que me buscam, fazendo com que tenham o seu momento, mesmo que às vezes possa sair das preferências, mas que seja o momento mais feliz e memorável de suas vidas.
Para saber mais sobre mim e sobre as rodas de gestante, encontros e serviços da Matriah, você pode preencher o formulário abaixo e ter um atendimento individualizado.
https://forms.gle/Ywefm6G1XxLvpKSe8
Prática da episiotomia no parto: desafios para a enfermagem http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/1142
Estimulação do parto com oxitocina: efeitos nos resultados obstétricos e neonatais http://www.scielo.br/pdf/rlae/v24/pt_0104-1169-rlae-24-02744.pdf
Enfermagem obstétrica: contribuições às metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v36nspe/0102-6933-rgenf-36-spe-0094.pdf
A transformação da prática obstétrica das enfermeiras na assistência ao parto humanizado https://www.fen.ufg.br/revista/v15/n3/pdf/v15n3a06.pdf
Doula: guardiã do parto respeitoso, humanizado e protagonizado pela mulher http://editorarealize.com.br/revistas/conbracis/trabalhos/TRABALHO_EV108_MD4_SA7_ID2739_21052018205935.pdf
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