A maioria das pessoas acredita que um procedimento eletivo é sempre opcional, mas em Saúde classifica-se os procedimentos em eletivos ou emergenciais, resumidamente, sinalizando apenas se foram marcados ou não, sem que essa classificação tenha relação com sua indicação. No caso da Obstetrícia, mais especificamente da cirurgia cesárea, classificam-se em eletivas ou intraparto, igualmente sem que tenha relação com o enbasamento se sua indicação. Ou seja, não é porque uma cesárea foi marcada que foi opcional. Então, em que casos estariam indicadas cesáreas marcadas? Os principais são:
Nesse post você vai encontrar
Placenta Prévia é uma condição na qual a placenta ao invés de se inserir no corpo superior do útero, o faz no segmento inferior, a temida “Placenta Baixa”. Importante ressaltar que esse diagnóstico só se estabelece a partir da vigésima oitava semana, pois antes a placenta ainda pode “subir”. Dependendo da distância do colo do útero esse tipo de placentação se classifica em:
Placenta Baixa: inserção baixa, mas a mais de 2,0cm do colo
Placenta Prévia Marginal: não cobre o colo do útero, mas está a menos de 2,0cm dele.
Placenta Prévia Centro Parcial: cobre parte do colo do útero
Placenta Prévia Centro Total: cobre todo o colo do útero
Na placenta baixa e na placenta prévia marginal a prova de trabalho de parto é possível desde que muito bem monitorados, precocemente, em ambiente hospitalar com reserva de sangue e UTI. Porém nas Placentas Prévias centro total e centro parcial, pelos grandes riscos associados ao desprendimento da placenta do colo do útero quando este dilata para o Parto (hemorragia, corte do aporte de O2 para o bebê…) está indicada a cirurgia cesárea marcada no início do termo precoce, 37 semanas.
Ocorre quando os três vasos sanguíneos que compõem o cordão umbilical (duas artérias e uma veia) se bifurcam antes de chegar ao centro da placenta. Em condições normais, esses vasos são envolvidos pela Geléia de Wharton, que os protege até a placenta. Seu maior risco é evoluir para uma complicação chamada vasa prévia, nela, além dos vasos se separarem antes de chegarem à placenta, estão entre a cabeça do bebê e o colo do útero. Neste caso o Parto não pode acontecer porque a pressão nestes vasos não só compromete a passagem de O2 como podem romper causando hemorragia para o bebê. Para não se correr este risco a cesárea é marcada no termo precoce.
Estudos concluíram que a cirurgia cesárea marcada é uma forma eficaz de prevenir a contaminação do bebê e, embora o risco de morbidade seja maior para a mãe se comparado ao parto vaginal, é menor na cirurgia marcada que na de emergência, então, buscando um equilíbrio de benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê, para aquelas com carga viral acima de 1.000 cópias/mL de RNA do HIV no plasma há indicação de marcar a cesárea com 38 semanas.
Grande parte do risco de ruptura está relacionado ao tipo de corte durante a primeira cesariana. No corte tradicional transversal (deitado) o risco de ruptura é pequeno, somente 0,2% a 1,5%, já em cortes verticais (em pé) ou em forma de “T” esse risco aumenta, de 4% até 9%. Ou seja é uma incidência de baixa ocorrência.
Mas quando ocorre na maioria das vezes causa grande dano ao útero, podendo a Mulher até mesmo perdê-lo e quando isso não acontece e ela chega a engravidar novamente, a fim de evitar o alto risco de hemorragia e morbidade fetal a recomendação é cesárea marcada no início do termo precoce.
Nem todo Parto Natural é Humanizado. Nem toda cesárea marcada é desnecessária. Humanização não é somente sobre via de nascimento, mas também sobre qualidade da assistência!
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Bibliografia:
– Uterine rupture and subsequent pregnancy outcome:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20230321
– Pregnancy outcome and fertility after complete uterine rupture:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21212971
– Indicações de cesariana baseadas em evidências: parte II:
http://bhpelopartonormal.pbh.gov.br/estudos_cientificos/arquivos/cesariana_baseada_em_evidencias_parte_II.pdf?fbclid=IwAR2IxQmvlp4LJodgSLga4o7WiassyEEGuw2gP0wiSY_sdquM7QhfnupLNSQ
– Manual Técnico Gestação de Alto Risco:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf
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