Seu bebê nasceu, ele é lindo, está saúdavel e é a coisa mais fofa de todo o mundo. Não é porque ele é seu bebê não, ele realmente deve ser o bebê mais lindo do mundo. Primor da genética!
Vocês já estão em casa (ou talvez nem saíram daí), ele é saudável, o clima é de amor total. A família não tá palpiteira, no máximo trazem comida pra vocês e dão um tapa na casa, mas deixam vocês a sós rapidinho. Tudo maravilhoso, como você sempre sonhou.
Só tem um porém, um porém pequenininho que está deixando de ser um porém.
Ele só chora. O tempo todo.
O que tem de errado com o meu bebê? Ou será que o problema sou eu???
Nesse post você vai encontrar
Os bebês humanos quando nascem, mesmo a termo (entre 37 e 42 semanas), são considerados prematuros.1
É isso mesmo que você leu. Mas calma, deixa eu explicar.
Eles são considerados prematuros quando nós comparamos ele com outros bebês mamíferos. Vocês já viram qualquer outro bebê nascendo que não fosse humano? Um cachorrinho, uma girafa, um chimpanzé?
Eles nascem, ficam meio zonzinhos quando saem, mas aí, pasmem, eles LEVANTAM e andam! Na real acho que os chimpanzés meio que se agarram aos pelos da mães e vão escalando ela, mas deu pra entender meu ponto né?
Isso é porque eles nascem maduros, sua gestação é do período certo para dar tempo do seu sistema motor estar completo, seus cérebros acompanham esse desenvolvimento intra-uterino e assim, eles nascem já “funcionando”.
Agora, você imagina, seu bebezinho, saindo de você e dando um rolê? Não “rola”, né? (insira som de piada sem graça aqui) No máximo vai rolar pro lado, e isso só depois de uns três meses de vida.
Os recém nascidos humanos são grandes pesos de papel, que mamam, fazem cocô e choram.
Isso supostamente é um efeito colateral da nossa inteligência associada com sermos bípedes.
Nosso cérebro se tornou tão grande (e consequentemente nosso crânio) que se fôssemos esperar o tamanho considerado “maduro” para nascer, não passaríamos pela pelve, que por sua vez se tornou mais estreita quando começamos a andar eretos.
Portanto nos adaptamos pra ter uma chance de sobrevivência, para que em vez de entalarmos no nascer (essa desproporção céfalo-pélvica os médicos cesaristas nem iam precisar mentir hein???), pudéssemos nascer, mesmo precisando completar a gestação do lado de fora. No mundo externo. Exterogestação.
Imagina você, saindo de um lugar quentinho, molhadinho, macio e escuro, sem dor nem ter que fazer nada, pra um lugar onde tá tudo seco, tem luz queimando os olhinhos, é barulhento, você sente frio E não tem mais comida entrando pelo umbigo!
Quer um plus? Nessa de sair imaturo do útero, o intestino deles ainda não funciona direito, então absorver nutrientes e até fazer cocô não é agradável e incomoda. Até respirar arde, porque o pulmão (adivinha o quê?) também não está maduro, senhoras e senhores!
Só faltava eu dizer agora que o leite materno tem enzimas nele que já ajudam a digerir ele próprio, fazendo com que o bebê tenha uma sensação de saciedade que passa rápido, ou seja, que ele está na maior parte do tempo com fome. Mas é exatamente isso que acontece meu Brasil!
Eu não sei você, mas eu quando estou com fome não respondo pelos meus atos, imagina não conseguindo fazer cocô direito além de estar respirando mal. Tenho quase absoluta certeza que nessa hora, o recém nascido acha que ou o universo só pode estar de sacanagem com ele ou que é karma da vida passada.
E tudo que ele pode fazer é chorar. Porque ele é o que?
Um lindo e fofo peso de papel.
Agora que a gente entendeu porque que o choro acontece, podemos “combater” ele, revertendo as situações que o fazem chorar.
Na maioria das vezes que ele chora, é fome. Então taca-lhe peito. Ah Taty, mas ele mamou não faz nem uma hora! Lembra das enzimas? Então, elas ajudam o bebê a digerir o leite mais rápido, o que faz com que o bebê solicite o peito várias vezes. Não só isso, mas o estômago dele é bem pequenininho, não aguentando muito leite de cada vez.
Dar o peito quando o bebê está com fome, sem regular horário, se chama livre demanda2 e é super importante para a nutrição adequada dele. Então pode jogar pela janela aquela antiga máxima de que eles se alimentam só de 3 em 3 horas. Eles se alimentam quando estão com fome. Sem reloginho pra saber que horas são.
Aliás, sucção não nutritiva, quando o bebê suga mas não está bebendo leite, também é importante! O ato de sugar acalma ele, pois fazia isso já dentro do útero com suas mãozinhas.
As vezes ele chora porque o mundo é amplo demais pra ele. Ele passou 9 meses em um lugar bem apertadinho e agora está todo solto. Nós podemos ajudar ele a retornar pra um lugar seguro imitando o que ele sentia no útero, limitando o espaço.
Conseguimos isso com um charutinho ou carregando ele no sling3. Ambas opções dão ao bebê a sensação de estar no útero de novo. O sling ainda tem a vantagem do bebê ouvir seu coração e se acalmar mais ainda, além de deixar suas mãos livres ao mesmo tempo que você está juntinha do seu filho.
Antes de nascer, eles estavam numa bolsa de líquido, e não seria de se espantar que por essa razão, costumam gostar muito de banhos de imersão4 como aqueles de balde ou ofurô. Eles também ajudam a diminuir a sensação de amplidão.
Uma outra maneira dele retornar ao útero é com o som dele. Os bebês se acalmam quando ouvem algo familiar, então ouvir o som do útero de novo acalma o choro na hora.
Existem diversos aplicativos que possuem sons parecidos com o do útero, como som de chuveiro, secador de cabelo (o preferido da minha filha) e aspirador de pó. Tem também vídeos na internet com o som de útero por horas. Vale experimentar!
Todas essas saídas ajudam o bebê com o desconforto de não estarem mais no útero. E para o desconforto do intestino que ainda está amadurecendo, você pode usar e abusar do calor. Ele ajuda a diminuir a sensação de incômodo e dor das cólicas, além de facilitar a saída dos gases e cocô. Você pode usar uma bolsinha de água quente, sementes ou gel; banho de chuveiro ou banheira; compressas mornas ou até o pele a pele com você, criando um momento gostoso de carinho.
Supostamente, por volta dos 3 meses. É mais ou menos nessa idade que o intestino amadurece, as cólicas vão embora, o choro diminui e os bebês começam a perceber o mundo lá fora. E os novos desafios que o amadurecimento trás.
Uma coisa é certa. Você vai sobreviver. Vai passar. E talvez até sentir saudades.
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1 Sobre Exterogestação
Peters, E.H. (1994), Is Colic a By-product of Exterogestation? Pre- and Peri-natal Psychology Journal, v. 8, n. 4; 249-258.
2 Sobre Livre Demanda
Siqueira, F.P.C & Santos, B.A. (2017), Livre demanda e sinais de fome do neonato: percepção de nutrizes e profissionais da saúde. Revista Saúde e Pesquisa, v. 10, n. 2, 233-241.
3 Sobre Sling
Almeida M., Lopes M. (2018), O sling como objeto mediador da relação mãe e filho sob a ótica do design emocional: Case report. J Business Techn., v. 5, n. 1, 65-98
4 Sobre Banho de imersão
Ramos, N.M.C.G. (2002), A balneoterapia como processo terapêutico facilitador da relação mãe-filho no caso de crianças com alterações do espectro do autismo. Tese de Mestrado. Programa de Mestrado em Psicologia. Universidade do Porto. Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, Porto.
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