Sabe o que eu escuto de 9 entre 10 clientes de consultoria em amamentação? “Como eu gostaria de ter essas informações quando eu ainda estava grávida”…
Pra te poupar essa dor de cabeça (e no peito) eu resolvi escrever uma série de textos, um por semana, desvendando os “mistérios” do que toda a grávida deveria saber pra amamentar.
Fica ligada aqui no blog pra não perder nenhum, pois tenho certeza que essas informações serão fundamentais pra aumentar (e muito!) as chances de você amamentar com saúde e tranquilidade! Vamos nessa?
Nesse post você vai encontrar
Quando você pesquisa sobre amamentação você pensa “será que alguém está mentindo ou exagerando?”
De um lado você lê e ouve coisas como “amamentar é lindo”, “é a melhor coisa do mundo”, “é amor líquido”.
Do outro, as cenas descritas mais parecem saídas de um filme de terror: é peito que sangra, é mulher que morde toalha pra aguentar a dor, bebê que briga com peito e não pega…
Para além da romantização, a verdade é que até existem as mulheres que colocam o filhote no peito e pimba: tudo flui lindamente de cara! Mas a dura realidade é que para maioria das mães, amamentar pode ser o maior desafio da maternidade!
Então tenha em mente que mesmo quando não se tem dificuldades, amamentar não é fácil e vai exigir de você dedicação, persistência, entrega e confiança. Talvez até o acompanhamento de um profissional qualificado.
Antigamente a orientação era passar bucha vegetal nos seios para preparar a pele do mamilo para o atrito que irão sofrer com a sucção do bebê.
Porém, essa conduta, além de não ser eficaz, também se mostrou prejudicial, já que retira um óleo naturalmente produzido pelas Glândulas de Montegomery, umas pequenas “espinhazinhas” que aparecem quando ficamos grávidas.
O papel dessas glândulas é justamente preparar a pele do mamilo. A natureza não é mesmo perfeita???
Então nada de ficar esfregando buchas no seio, nem mesmo passar cremes ou pomadas “preventivas”. São condutas desatualizadas e prejudiciais à amamentação, pois deixa a pele ainda mais suscetível às temidas fissuras.
Evite o uso de sabonetes e água muito quente diretamente nos mamilos e lembre-se: as únicas coisas que você precisa pra se preparar pra amamentação são informação e apoio.
Agora que você já sabe que amamentar não é fácil, vamos analisar um conceito de “amamentar é natural”. Isso em parte é verdade, já que somos mamíferas, possuímos glândulas mamárias capazes de alimentar nossos filhotes.
Porém, diferente dos outros mamíferos da natureza, somos seres atravessados pela linguagem. Somos BIO-PSICO-SÓCIO-ESPIRITUAIS, ou seja, para além dos aspectos físicos, temos todo um universo de fatores emocionais, sociais e até mesmo energético/espirituais que interferem positiva ou negativamente na amamentação.
Sendo assim, amamentar também é um processo APRENDIDO. Sabendo disso, quando você estiver corrigindo a pega do bebê pela décima vez durante a mamada você não parte do pressuposto que ele ou você estão fazendo algo de errado. Vocês simplesmente estão aprendendo! E isso requer técnica, prática e persistência!
Ok. Pode até ser difícil e não tão natural assim. Mas amamentar tem tantos benefícios que vale muito a pena…
O leite materno é o alimento mais completo do ponto de vista nutricional e imunológico para o bebê, se adequando à fase de crescimento e desenvolvimento que ele está, mudando inclusive sua composição caso ele esteja doente (não é mágico?!).
Bebês amamentados tem menos chance de desenvolver diarreia, otite, obesidade, doenças cardio-vasculares, diabetes, osteoporose, maloclusão dentária e tem uma média de QI (inteligência) maior que os bebês que recebem fórmula infantil. Até mesmo a renda média de pessoas que foram amamentadas costuma ser maior do que aquelas que não foram.
Os benefícios também valem para as mães! À curto prazo amamentar ajuda o útero ao voltar para o tamanho normal, diminuindo significativamente o risco de hemorragia e anemia pós-parto, além de auxiliar na perda do peso extra da gestação, já que amamentar gasta em torno de 500 a 700 Kcal por dia (isso equivale a uma hora de corrida!).
Já a médio-longo prazo, amamentar diminui as chances de desenvolver câncer de mama, útero e ovários, além de diabetes tipo II, hipertensão arterial, doenças coronarianas, osteoporose, artrite reumatóide e depressão pós-parto. Esses benefícios aumentam quanto maior for o tempo de duração, tendo maior impacto a partir de um ano de amamentação.
Você sabia que durante o trabalho de parto é liberado um coquetel de hormônios no corpo da mãe que facilita a descida e a produção do leite materno?
Além disso, o trabalho de parto demonstra que o bebê está pronto para nascer e portanto, mais preparado para mamar.
Sendo assim, se preparar para um parto normal também vai aumentar as chances de conseguir amamentar. Especialmente se você puder contar com uma assistência humanizada, já que a tendência é respeitar mais a hora de ouro do bebê.
Golden hour ou hora de ouro equivale a primeira hora de vida do bebê em que é fundamental que ele esteja em contato pele-a-pele com a mãe e que tenha a oportunidade de mamar.
Isso quer dizer que as mulheres que tiveram cesárea não vão conseguir amamentar??? De jeito nenhum! As pesquisas nos falam que, com relação ao nascimento, o fator mais importante não é a via de parto (normal ou cesárea) e sim o fato de entrar ou não em trabalho de parto. Até porque, o respeito à hora de ouro pode acontecer inclusive depois da cesariana.
Exterogestação, ou gestação fora do útero, é a teoria antropológica que afirma que a fragilidade do bebê humano se deve ao fato de precisarmos nascer antes do que seria ideal, devido ao grande tamanho do nosso cérebro.
Baseado nessa premissa é desejável que o bebê receba cuidados semelhantes ao que tinha no útero: um ambiente apertado, quentinho, em contato 24 horas por dia com a mãe e com movimentação, ruído e alimentação constantes.
Porque é tão importante uma grávida ou uma recém mãe saber disso? Porque amamentar supre praticamente todas as necessidades de exterogestação do bebê.
Além disso, manter o bebê quentinho, apertado, com muito colinho, ruído branco e movimentação faz com que o bebê cresça mais tranquilo, ajuda muito nas crises de choro e ainda deixa a amamentação mais tranquila e fluída. Não é uma beleza???
Vale a pena pesquisar sobre exterogestação, 5s, sling, banho de ofurô e Shantala. Além da amamentação essas são outras ferramentas excelentes para proporcionar exterogestação para o bebê.
Logo que o bebê nasce você não terá leite. Calma, calma, não se desespere. Não estou rogando uma praga pra você… Isso faz parte da nossa natureza perfeita!
Quando o bebê nasce você tem algo precioso chamado colostro, um líquido transparente a amarelo riquíssimo em imunoglobulinas que o leite artificial nunca vai conseguir chegar nem perto… É considerado a primeira vacina do bebê.
Nosso corpo é tão perfeito que produz só uma pequena quantidade de colostro, que vai aumentando com o passar dos dias.
Esse mesmo aumento acontece na capacidade do estômago do recém-nascido, que é minúsculo ao nascer (5 a 12 ml no primeiro dia) e vai aumentando gradativamente, passando a 45 a 60 ml no final da primeira semana.
De 48 a 72 horas depois no nascimento acontece a apojadura, popularmente conhecido como descida do leite, que é quando o leite propriamente dito dá as caras.
As mamas ficarão ingurgitadas e quentes e você vai parecer uma atriz de filme pornô por alguns dias. Mas não se desespere. Coloque o bebê para mamar, pois ele vai ser sua principal ajuda para tornar os seios macios novamente.
Além disso massagens e ordenha manual podem te auxiliar a não deixar leite parado na mama, que além de poder comprometer a produção, ainda podem causar mastites.
A apojadura irá ocorrer com ou sem bebê mamando, pois é um processo basicamente hormonal. Porém, a produção de leite propriamente dito só será adequada se tiver estímulo correto na mama. Leia-se: bebê mamando correta e efetivamente.
Portanto, não permita que dêem aquele “complementinho” inocente no hospital só para acalmar o choro do bebê. Pouquíssimos bebês realmente precisam dele.
Dar complemento de leite artificial a bebês sem justificativa clínica mexe com todo o equilíbrio da produção de leite e da reatividade do bebê ao seio. Não façam isso, por favor!!!
E pra garantir uma boa produção de leite, ofereçam o peito em livre demanda e cuidem para que a pega do bebê esteja correta e as mamadas sejam efetivas. Isso irá proporcionar um bom esvaziamento da mama e uma amamentação sem dor.
Mas isso será assunto para o próximo texto da série! Só pra lembrar o que você aprendeu até aqui:
Espero você na semana que vem para falarmos sobre a importância e os segredos de uma pega perfeita e de uma mamada efetiva! Nos vemos em breve…
http://www.redeblh.fiocruz.br/media/albam.pdf
http://www.redehumanizasus.net/sites/default/files/de_mae_para_mae.pdf
http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v25n1/Amamentacao2.pdf
http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v25n1/Amamentacao1.pdf
http://www.ibfan.org.br/documentos/mes/doc2_99.pdf
http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v80n5s0/v80n5s0a02.pdf
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/11643/13738
http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/417/1/Regina.pdf
http://vilamamifera.com/depeitoaberto/teoria-da-exterogestacao/
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/mundo_saude/amamentacao_conhecimento_praticas_gestantes.pdf
file:///D:/Larissa/Downloads/febrasgoamamentacao2018manual-181017140601.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf
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Oi, gostaria se possível, me passarem informações da maternidade Octaviano Neves, toda informação que vocês tiverem. Tenho uma parente que terá seu parto lá, tô fazendo quase um multirao de informações (já recomendei o blog aquí e o da Melania), mandei até o plano de parto em PDF. Bom agradeço se responderem.
Oi Mari, tudo bem? Infelizmente eu moro e trabalho em Caxias do Sul/RS e realmente não tenho informações sobre essa maternidade em específico. Você já tentou procurar na busca por doulas que tem no portal se teria uma próxima de você que pudesse fornecer essas informações? Desde já agradeço o contato!