Amamentar um bebê pode parecer fácil para algumas mães, mas nem tanto para outras. O ato de nutrir independente de qual fonte de alimento, é uma prova de amor, é saber que um serzinho que ainda não opera por si precisa ser alimentado, é você saber que ele precisa de substâncias nutritivas para se manter vivo, que ele precisa de você, é ele se alimentar de você, e você se alimentar do amor dele. Infelizmente nem todas as mães conseguem amamentar, seja por falta de orientação, por ausência de vinculo afetivo nas primeiras horas, casos de bebês que são encaminhados para UTI, são vários fatores que podem gerar ausência de aleitamento materno.
Independente nutrir é essencial ao ser humano, e quanto ao aleitamento materno os estudos apontam os benefícios da amamentação exclusiva até aos 6 meses e que continue naturalmente até o bebê desmamar.
Nesse post você vai encontrar
O Ministério da Saúde e alguns estudos destacam os fatores de maior importância para incentivar o aleitamento materno.
Vejamos como o aleitamento materno é um ciclo onde: você o alimenta o bebê, o bebê transfere amor, você recebe o amor e produz ocitocina, seu corpo produz o leite, você o alimenta, ele transfere amor…etc:
Alguns fatores podem desfavorecer o aleitamento materno. Itens como ausência de informação, falta de repouso, ausência de apoio prolongado, neonatalidade, complementação, confusão de bicos retorno ao trabalho, mastite, fissuras, hiperlactação, entre outros dificultam o processo de amamentar.
Vou contar o caso da mãe de Miguel que passou por algumas dificuldades na amamentação. Miguel nascera com 36 semanas de gestação, considerado prematuro tardio acabou indo para UTI neonatal com desconforto respiratório. Ficou no oxigênio e os pediatras da neo falaram para mãe que ele não poderia pegar no peito, pois ele precisa usar as suas forças para respirar. Assustadoramente dia após dia essa mãe foi vendo o filho recém-nascido na UTI e ingerindo através de sonda leite das doadoras do banco de leite da maternidade, cada mamada aumentava a quantidade ingerida de leite.
Ainda assustada essa mãe se indagou do porque não poder amamentar, e se preocupou que de seu peito saía apenas colostro e se seu filho saísse da UTI naquele momento seu peito ainda não estaria produzindo a quantidade que ele já estava ingerindo. Ela procurou entender o que poderia fazer, e teve que ir em busca pois ninguém da equipe médica ou técnica a incentivou a fazer nada. Foi aí que estudando sobre essa dificuldade, ela soube que poderia estimular a descida do leite, seja por massagens, seja estar próxima do seu filho, seja por se manter firme sem estresse mesmo diante daquela situação, indo ao banco de leite que ficava na própria maternidade, saía cada vez mais nutrida de informações. Até que um anjo lhe falou que ela poderia no banco de leite armazenar o próprio leite pra dar para seu filho.
Cada ml extraído do seu seio era uma vitória. Pois ela saberia que seu filho iria ter do seu próprio leite. Logo menos, não tão coincidentemente após iniciar o recebimento do leite materno de sua mãe, Miguel ganhou alta da UTI. Mas foi orientado por uma fonoaudióloga a usar bico de silicone para amamentar e pelo pediatra a complementar. Nossa! Mais desafios.
Sem complementar Miguel não ganhava peso, parecia que a produção do leite dessa mãe ainda não estava regular a quantidade que ele já tomava. Então para ganhar alta do hospital a mãe seguiu a orientação de complementar. Antes de complementar a mãe oferecia ambos os peitos, e tentava observar se ao final das mamadas prolongadas Miguel se saciava. Algumas vozes reais falavam a ela “seu filho ainda está com fome, dá complemento pra ele”, “ele está chorando muito pois tu não tens muito leite ele está com fome, dá complemento”. Então durante algum tempo foram levando entre mamadas e complemento e a chupeta que ofereceram na neonatal sem o consentimento da mãe. Neonatalidade, confusão de bicos, complementação, ausência de informação e apoio, depressão pós-parto, quantos fatores influenciaram para interromper a amamentação de Miguel.
Foram quase cinco meses nessa batalha para amamentar Miguel. Quando aos poucos essa mãe percebeu a rejeição. Miguel estava rejeitando o peito, queria apenas o complemento dado em mamadeira. Mesmo assim essa mãe não desistiu, com o apoio que agora tinha, ficou sabendo da relactação, processo feito através de um kit próprio para facilitar a saída do leite e estimular a sucção do bebê na mama.
Infelizmente o processo não foi eficiente uma vez que a mãe se mantinha preocupada que o filho estava tentando e não mamando o quanto deveria, e por sua vez com receio da perda de peso e outras problemáticas que poderia ter se evitasse o complemento para ficar somente na tentativa optou por compreender que esse ciclo se encerrou por ali.
Foi duro para essa mãe aceitar, foi desgastante, foi frustrante, pois ela queria muito amamentar e sabia que isso faria diferença pra nutrição dele. Ela chorou em silêncio, achou que isso iria influenciar no vinculo com seu filho, mas se manteve forte.
Hoje eu sei que essa mãe nutriu com amor, ela foi até onde ela pôde ir, e mesmo depois das tentativas ela continuou nutrindo da melhor forma possível o seu filho. Ela sabe as vantagens de amamentar, ela sabe que fez tudo que estava ao seu alcance. Essa mãe sabe que a amamentação é um dos laços mais lindos entre mãe e bebê, mas por favor não a julguem pois não lhes foi possível amamentar.
As mães que não puderam amamentar não são menos mães por conta disso. Elas apenas precisam ser respeitadas e longe de qualquer culpa que as possa afetar. As mães já carregam muitas culpas desnecessárias, não permita que esse tema seja mais uma culpa para ela carregar. Mães que não amamentam também sabem nutrir e amar.
Vos apresento essa mãe, a mãe do Miguel, essa mãe sou eu.
Referências:
Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências [https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008001400009&lng=en&nrm=iso&tlng=en]
Ministério da Saúde – Cadernos de Atenção básica – SAÚDE DA CRIANÇA
Aleitamento Materno e Alimentação Complementar [http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf]
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Uau que história! Que força você teve, hen Amanda? Eu sinto muito orgulho de você, sério! Você é a melhor mãe que o Miguel poderia ter!!!
Poxa Débora!! Me emocionou de verdade. E venho reforçar aqui o que já tenho te dito. Sou sua admiradora, és uma guerreira de muita força. És uma inspiração para minha próxima amamentação. Tu ás a dominadora da amamentação em tandem e do desmame gentil. Propague por favor tua experiência com outras mães. E em breve entrarás pra esse time de auxiliar as outras mães. Orgulho tenho eu de você!!!!