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Meu filho fez dois anos. Será que meu leite virou água?

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Ainda tem leite aí?”. “Esse menino não vai largar esse peito?”. “Quando tu vais desmamar essa criança?”. Essas são algumas das perguntas que uma mãe ouve quando decide por uma amamentação prolongada, e que muitas vezes – apesar de ter tomado uma decisão segura -deixa aquela pulguinha atrás da orelha com a incomoda questão: Será que meu leite virou água?

O recomendado

Fonte: Organização Mundial da Saude – OMS

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde (MS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é a seguinte:  aleitamento materno desde a sala de parto, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais. E é nesse “mais” que aparecem os diversos palpites e julgamentos, muitas vezes em forma de brincadeiras, causando um mal estar  desnecessário para a gente. Sim, porque eu ainda amamento meu filho de quase 3 anos.

O que essas pessoas não sabem é que uma série de estudos científicos comprovam os benefícios da amamentação após os 2 anos de idade. E, só pra registrar, (vai que você também está passando por esses questionamentos) eu vou deixar alguns deles aqui pra quem quiser tomá-los como escudo e seguir na amamentação, como eu. 

As evidências científicas 

Em uma revisão de Hill et al. publicado em 2004, o principal argumento para a promoção do aleitamento materno prolongado é baseado no fato de que, durante o segundo ano de vida da criança, o leite materno é uma possível fonte de vitamina A, cálcio, proteínas e fornece proteção contra agentes infecciosos.

Já no artigo, publicado em 1993 por Taren & Chen, se descreveu um estudo transversal com uma amostra de 2.148 crianças entre 12 e 47 meses de idade, conduzidas na província rural de Hubei, na China. Os autores observaram que aquelas crianças que foram amamentadas por dois anos ou mais, tiveram índices antropométricos melhores do que aquelas que foram amamentadas por menos de doze meses.

E em uma pesquisa realizada em 2009 por Simon et al., em que foi realizado um estudo transversal com 566 crianças de dois a seis anos, em sete escolas particulares de São Paulo, aqui no Brasil, mostrou que a amamentação até os dois anos de idade ou mais foi um fator protetor contra o sobrepeso / obesidade.

Esses estudos e outros, nos mostram que a amamentação, até os dois anos de idade ou mais, é uma estratégia potencial para ampliar a janela de oportunidades de proteção infantil para além do segundo ano de vida, com base no fato de que o leite materno continua sendo uma fonte de fatores imunológicos, nutrientes e micronutrientes. Por isso a recomendação da OMS de continuar a amamentação ao longo do segundo ano de vida, ou mais.

E, embora a quantidade de leite materno diminua de 300-900mL / d no final do primeiro ano para 200-600mL / d no segundo ano, a concentração de gordura aumenta, aumentando assim o valor calórico do leite . O que nos mostra que, apesar do grau de influência da amamentação prolongada sobre o crescimento ou desenvolvimento da criança ainda seja pouco conhecido, é fato que o leite não vira água e que, se for bom para mãe e para o bebê, a amamentação após os dois anos só estende os benefícios para ambos.

O vínculo 

Créditos: Antonita Santana

As evidências científicas também apresentam como ‘muito boa’ a relação entre filhos e mães que amamentam por um período mais longo, devido ao contato íntimo frequente e prolongado que desenvolve um forte vínculo afetivo entre a mulher e seu bebê, enriqueendo esta ligação.

O amor de mãe e filho não é recíproco por natureza, mas é construído aos poucos a cada contato. E a qualidade destes contatos influencia na vida da criança hoje e também no futuro, favorecendo o relacionamento com outras pessoas no decorrer de sua vida e na sua capacidade de ser feliz. Isso não significa que a criança que não foi amamentada será infeliz, pois outro fator importante é a qualidade do sentimento que a mãe tem durante a amamentação. Dificilmente um ser humano poderá ser feliz sendo amamentado por uma mãe indisposta, ansiosa, culpada e deprimida.

O desmame 

Portanto a definição sobre o tempo

Crédito: Carol Rodrigues de Beijer

da amamentação cabe somente ao binômio mãe-bebê e à sua família, considerando o fim do aleitamento materno como o encerramento de um processo, que integra o desenvolvimento do bebê e a evolução da mulher como mãe, e não somente  um evento isolado.

Sendo assim, não há uma resposta exata sobre a idade certa para realizar o desmame da criança. Tudo depende da decisão da família e do quanto essa relação é favorável para todos.

É possível aprofundar a leitura sobre esse assunto nas seguintes referências Bibliográficas:

Family and community practices that promote child survival, growth and development: a review of the evidence.  (Práticas familiares e comunitárias que promovem a sobrevivência infantil, crescimento e desenvolvimento. Uma revisão da evidência) https://coregroup.secure.nonprofitsoapbox.com/storage/documents/CCM/who_keyfamilypracticesevidence.pdf

A positive association between extended breast-feeding and nutritional status in rural Hubei Province, People’s Republic of China. (Uma associação positiva entre amamentação prolongada e estado nutricional na província rural de Hubei, República Popular da China.) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8249868

Aleitamento materno, alimentação complementar, sobrepeso e obesidade em pré-escolares. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102009000100008

The volume and composition of human milk in poorly nourished communities. A review. (O volume e composição do leite humano em comunidades mal nutridas. Uma revisão.) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/343567

Breast milk volume and composition during late lactation (7-20 months)(Volume e composição do leite materno no final da lactação (7-20 meses)) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/6502372

Fat and energy contents of expressed human breast milk in prolonged lactation. (Teores de gordura e energia do leite materno humano expresso em lactação prolongada) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16140689

BERTOLDO, Ingrid Elisabete Bohn; SANTOS, Marcos Leite dos. Benefícios Biopsicossociais do Aleitamento Materno. In: Hugo Issler. (Org.). O Aleitamento Materno no Contexto Atual: Políticas, Práticas e Bases Científicas. São Paulo: Ed. SARVIER, 2008, v.1, p. 263-266.

LANA, Adolfo, P. B. O Livro de Estímulo à Amamentação. São Paulo: Atheneu, 2001.

 

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Doula Fernanda Pacheco (Belém PA)

Relações Públicas, Doula e Mãe do Eduardo, nascido de parto natural quando eu tinha 39 anos. Aos 40 decidi iniciar a carreira de doula, auxiliando mulheres que buscam um parto respeitoso. E trilhei o caminho da humanização, aprofundando meus conhecimentos sobre gestar, parir, nutrir e criar.Em 2017 certifiquei-me como instrutora da metodologia GentleBirth®, que apresentou-me os benefícios da prática de mindfulness, afirmações positivas, e auto-hipnose, e foi um divisor de águas na minha vida e na criação do meu filho.Hoje ofereço os workshops GentleBirth® para casais grávidos, ou que desejam engravidar, e buscam preparar-se para a gestação e parto. Também atuo como doula pós-parto, oferecendo suporte para a amamentação e cuidados com a mãe e bebê.Cidade de atuação: Belém, Pará, BrasilInstagram: @doula.fe__lizFacebook: @FernandaPachecoDoulaContato: (91) 98145-6999 ou fernanda_belem@hotmail.com

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