Que atire a primeira pedra a mulher que, nos primeiros dias logo após o parto, se viu no meio de uma enxurrada de palpites, mudanças bruscas de humor, privação de sono, seios em plena produção de leite, dificuldade em acertar a pega e de repente, aquele sentimento de desespero misturado com medo, raiva e vontade de chorar aflora e, bem no olho desse furacão todo, um pequeno bebê que chora só de olhar pra ele, nunca teve o momento de se trancar no banheiro, chorar muito e dizer: “O que foi que eu fiz? Eu não devia ter sido mãe! Eu errei!! Sou uma mãe horrível!!
Alguém? Huumm??
Pois eu estou aqui pra te dizer: Amiga, toca aqui!! Tamos juntas viu!! Definitivamente, você não está sozinha!
Nesse post você vai encontrar
Ainda há quem considere o puerpério aquele período do resguardo após o parto. E sabe de uma coisa? Na.na.ni.na.não!
O resguardo (ou quarentena, ou dieta) é o período de 40 dias após o parto em que, culturalmente, a mulher e o bebê se resguardam de contatos externos, de algumas práticas e alimentos que podem interferir na saúde de ambos permanentemente (Esse tema será abordado em outro texto).
O puerpério é um período de adaptação e entendimento de toda a mudança que está acontecendo com a chegada do bebê e (pasme), isso pode durar muito mais que 40 dias. Podemos dizer que, a media de duração do puerpério é de aproximadamente, 2 anos.
Nesse período, a mulher experimenta sentimentos nunca antes vividos e vivencia coisas que jamais imaginou, justamente porque são situações que só acontecem quando você tem um bebê de poucos dias em casa e precisa cuidar dele. Aquela pequena pessoa que acabou de chegar é um indivíduo com sentimento e personalidade única, diferente dos pais, que também está aprendendo a entender o mundo aqui fora. Tudo que é novo, pode causar angústia, medo, euforia, excitação, pânico, curiosidade e alegria e, também para esse bebê, tudo é novo! E essa mesma pessoinha não sabe lidar e nem expressar esses sentimentos. Surge o choro, a birra, o excesso de “grude”, medo de se separar… e não raro, nessas horas, nós mães, nos pegamos pensando: “O que eu estou fazendo de errado, que esse bebê nunca está bem? Nunca está satisfeito?” e chega a culpa, com uma voadora no nosso peito, machucando nosso coração, levando a gente às lágrimas.
Saiba de uma coisa: Isso não é culpa sua!! Você e seu bebê estão aprendendo juntos. E aprendizado, tem dessas… não deu certo desse jeito, vamos tentar de novo, e de novo, e de novo, até que em algum momento, pra aquela situação X, você e seu bebê percebem que algo deu certo. E aí, bola pra frente, para a próxima situação que com certeza, vai surgir!
Não é raro que, nos primeiros 20 dias após o parto, a mãe sinta uma mistura de culpa, medo, tristeza e culpa (sim, culpa de novo, porque ela acompanha a gente mesmo, querendo ou não). Não é de uma hora pra outra que a gente aprende a ser mãe. A gente vai aprendendo devagar, aos poucos, a entender a nova mulher que estamos nos tornando e a entender o novo ser humano que veio fazer parte da família. Há quem nomeie o temido sentimento como “Não sei amar meu bebê!” ou “tenho medo de não estar sendo uma boa mãe”. Acredite, isso é comum de acontecer e, do mesmo jeito que vem, esse sentimento some e as coisas começam a ficar menos confusas. Esse período costumamos nomear como Baby Blues.
O Baby blues é esse período de melancolia, tristeza e culpa que aparece como resultado desse período abrupto de adaptação, logo após o parto. Resultado também da queda brusca de hormônios da gestação e parto e que diminuem rápido no puerpério. Isso é fisiológico. Algumas mulheres passarão com mais tranquilidade, outras sentirão muito mais. E costuma amenizar depois do primeiro mês do bebê.
Acendendo o sinal de alerta: algumas vezes, esse sentimento de tristeza, culpa e medo podem se apresentar mais intensas, somando com outros sintomas que devem ser levadas em consideração: sono em excesso ou falta de sono; falta de vontade de fazer atividades ou de viver, pensamentos de se machucar, de se livrar do bebê ou de si mesma, falta de higiene pessoal, negligenciar os cuidados básicos do bebê. Seja a mãe, seja alguém da família, ao perceber esses sintomas, o ideal é procurar orientação profissional – com obstetra do pré natal para encaminhar para profissional adequado ou, na unidade de saúde, com a equipe de enfermagem ou o clínico geral que atende na unidade, para encaminhamento de serviço especializado, pois indicam que o problema pode ser depressão pós parto.
Posso te dizer uma coisa?
Você é a melhor mãe que o seu bebê pode ter!
Verdade!! Sabia disso? Ninguém será melhor mãe para seu bebê além de você!!
A louça vai estar sempre sendo suja, a roupa também! O chão continuará sendo preciso varrer uma ou duas vezes por dia… a roupa vai continuar se amontoando pra passar…
Mas seu bebê será bebê uma única vez!!
Ele terá 10 dias uma única vez!
Ele terá 1 mês uma única vez!
Ele terá 6 meses, um ano, um ano e meio uma única vez!! E quando isso passar, nunca mais voltará! Nem com outro bebê (porque será uma nova história, outra pessoa, outro indivíduo).
Não fique remoendo aquele pezinho frio no meio da noite, porque a meia se perdeu no meio das cobertas! AS mãozinhas, o outro pé e o tronco estavam quentinhos, não estavam?
Não se culpe pelo cabelinho molhado de suor, logo de manhã, porque o tempo resolveu esquentar do nada e você tinha agasalhado seu bebê pra dormir bem a noite! Acontece com todas!!
Você não é a pior mãe do mundo porque seu bebê esguela no banho! Todos os bebês ficam apavorados na banheira, pode acreditar!!
E você não é nem um pouco horrível porque decidiu amamentar em livre demanda e não dar a bendita mamadeira que sua família tanto insiste, porque seu bebê chora a cada 40 minuto querendo peito de novo!! Seu colo tem amor, calor e mamá, infinitamente melhor que qualquer mamadeira no carrinho mais ultra moderno do mundo, vai por mim!!
Você não é fraca porque passou por uma cesárea! Idealizou outra coisa?… Amiga, aconteceu comigo também! Vamos sacudir a poeira e ajudar outras mães, falando da nossa experiência?
Se você teve uma doula no seu parto, fale com ela. A maioria das doulas que eu conheço fazem atendimento no pós parto, por um período que gira entre 15 a 40 dias após o nascimento do bebê. É ótimo quando a gente pode conversar com alguém que esteja na mesma vibe que a gente, sem julgamentos né??
Como está seu puerpério?
Tem alguém pra conversar?
Pode deixar seu recado, desabafo ou comentário logo aqui abaixo tá! Conta com a gente!!
Nota: no momento da escrita desse texto, estou com minha mãe internada no Hospital do Rim em SP (passou pelo transplante há 3 dias) e minha bebê de 10 meses resolveu que 23h era uma boa hora pra brincar. Marido e outras filhas no 3º sono…
A gente tenta né?
https://aripe.com.br/puerperio-dura-muito-tempo/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002018000400351&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2018000400378&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712019000100085&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852019000200065&lang=pt
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