Essa é uma pergunta que pode até parecer ter resposta óbvia: “ninguém, oras! A mulher amamenta sozinha”. E falo de amamentação exclusiva e/ou complementar somente com leite materno.
Apesar de parecer uma questão já resolvida, venho aqui para te contar que não é! Vim te mostrar o outro lado. Que na verdade, toda mulher deve ter parceria com sua rede de apoio (companheiro, familiares, profissionais da área, amigos, etc) para desenvolver bem o aleitamento materno com seu filho.
Parir uma criança é algo complexo desde o dar à luz em si, até ao contexto familiar no qual se vive.
Quando o bebê nasce ele precisa exclusivamente da mãe. E a mãe deve estar de corpo e alma para seu bebê. Nos primeiros meses de vida o único alimento para o bebê deve vir de sua mãe. Mas isso não é tarefa fácil. Muitas vezes é cansativo, pode ser dolorido no início e a mulher investe muito tempo já que a orientação da Organização Mundial da Saúde preconiza a amamentação em livre demanda, exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida.
E toda mulher que amamenta seu bebê precisa de muito apoio e incentivo. Seja dos profissionais da saúde que a cercam, seja do companheiro ou do familiar com quem ela reside. Disso depende muito o sucesso da amamentação.
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Todo sucesso do processo que envolve o parto e a amamentação advém do devido preparo com informações atuais e à partir da medicina baseada em evidências, e vem também da decisão tomada antes, muito antes, ao longo da gestação ou até mesmo na fase de planejamento familiar. Porém normalmente a carga fica toda em cima da mulher e essa é uma quebra de paradigma necessária em nossa sociedade. A mulher que está com a amamentar um bebê recém nascido não deve ser preocupar com “as coisas” por fazer e sim, ter alguém ao lado que ampare, a fim de que ela cuide principalmente do bebê. O companheiro, familiares e amigos que dão suporte precisam estar atentos nessa fase inicial principalmente, a fim de tirar a carga de atividades secundárias de sobre a mulher.
Esse é o apoio numero um. E isso fará muita diferença no sucesso da amamentação. Estar próximo para dar suporte e fazer o que outra pessoa pode fazer, pois a relação de lactação entre mamãe x bebê também precisa de uma mente calma e tranquila. O corpo é uma coisa só e se a mente e o coração vão bem, a probabilidade de que a parte física vá muito bem é grande.
Atualmente existem muitos grupos de apoio à amamentação. Os grupos presenciais são muito importantes, mas também existem os virtuais que podem acolher muito bem com apoio e informação.
Como acolher ainda mais a mulher que toma uma das melhores decisões de sua vida, que é a amamentação exclusiva nos seis primeiros meses de vida e complementar nos próximos meses ?
As palavras de incentivo e de apoio vinda dos avós, do companheiro, dos amigos próximos e de outras pessoas podem parecer bobeira, ou pode até mesmo parecer que não foram ouvidas, mas foram sim! Cada palavra positiva e de incentivo aquece o coração.
Não se deve jamais sugerir ou forçar a mãe a dar bicos artificiais para as seus bebês que são amamentados. Sejam chupetas, mamadeiras ou protetores de seio. Esses itens devem ser totalmente extintos do discurso de apoio ao aleitamento materno. Bicos artificiais vão trazer mais dificuldade ao processo e desincentivar ao invés de levar ao progresso.
A mulher que amamenta deve ser sempre tratada com respeito e carinho. Sua opiniões e decisões devem ser amparadas e respeitadas. Amamentar é belo, não é feio. É preciso desvincular este ato de qualquer outro pensamento que não seja o amor materno.
Devemos reconhecer o valor da amamentação. TODA MULHER É CAPAZ DE AMAMENTAR (salvos problemas graves de saúde que devem ser analisados individualmente são a grande minoria, pode acreditar). A mulher é capaz! O leite materno é suficiente em quantidade e qualidade.
Devemos sempre que possível transmitir experiências positivas de aleitamento materno.
O sorriso, o carinho, o abraço, a palavra positiva de incentivo, a retirada da carga de atividades secundárias… São pequenas atitudes que somadas, podem mudar duas vidas !
Já é mais do que comprovado que as crianças amamentadas com leite materno tem sua imunidade melhorada aumentando a resistência contra doenças da infância, reduzindo excesso de peso e diabetes ao longo da vida. Estudos comprovam que, em países onde há a predominância de baixa e média renda (que infelizmente ainda é nosso caso), se o percentual de crianças amamentadas exclusivamente aumentasse em larga escala poderia-se evitar anualmente a morte de mais de 800.000 crianças menores de 5 anos pelo mundo.
Não ser amamentado tem um impacto direto sobre o QI e resultados educacionais e comportamentais da criança.
Na outra ponta, a mulher, tão importante quando o bebê, quando esta tem o incentivo e a orpotunidade de amamentar, reduz as chances de desenvolver câncer de mama. Estudos apontam que o aumento na escala de mulheres que amamentam, mundialmente poderia-se reduzir em torno de 20.000 mortes de mulheres por câncer de mama. E para as mulheres que amamentam ainda há uma proteção contraceptiva normal, existe a redução de risco de câncer de ovários e diabetes tipo 2.
Amamentar não é só alimentar. Aqui vemos um amplo complexo que envolve saúde hoje e a longo prazo. É a profilaxia para uma vida adulta mais saudável em todos os aspectos. É a economia hoje com latas de fórmulas lácteas extremamente caras e, muito provavelmente amanhã, com medicações igualmente caras.
Amamentar não é só alimentar. É promover uma boa saúde física, emocional e financeira. Você começa hoje com um bebezinho que nada sabe… E colhe amanhã, com um adulto e uma mulher de terceira idade melhores.
Estudos feitos com mais de 56mil mulheres, distribuídas em 21 países diferentes apontam estatisticamente o aumento do sucesso na continuidade da amamentação quando há o apoio de terceiros. Tanto por profissionais quanto pelo círculo familiar. Também aponta que o encontro presencial é muito mais motivador do que o contato virtual ou telefônico e, ainda mais: o apoio deve ser pró ativo e não reativo. Esperar a mulher pedir por ajuda muitas vezes não resulta no sucesso esperado. Os casos apontados com maior índice de sucesso são aqueles onde os profissionais e familiares ou amigos oferecem o apoio necessário através de informações adequadas, palavras de incentivos, alívio da carga de tarefas diárias e incentivo à participação de grupos de apoio presenciais.
Se você que lê é gestante ou tentante, pense a respeito. Informe-se e faça a melhor escolha.
Se você que lê é profissional ou faz parte do círculo familiar da mulher que está amamentando, apoie! É preciso acolher, apoiar e incentivar. O sucesso do processo de aleitamento também depende de você.
De mãos dadas conseguimos transformar a realidade de nossa sociedade aos poucos mas conseguimos. Certamente nossos filhos já poderão usufruir condições muito melhores e favoráveis do que as atuais. Mas precisamos começar hoje!
Conto com seu apoio!
REFERENCIAS :
*Apoio para mães saudáveis que amamentam bebês saudáveis que nasceram a termo
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD001141.pub4/full/pt#CD001141-sec1-0006
*Apoio à Amamentação
http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-da-crianca/aleitamento-materno/apoio-a-amamentacao
*Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673615010247
*OMS e UNICEF lançam novas orientações para promover aleitamento
materno em unidades de saúde de todo o mundo
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5631:oms-e-unicef-lancam-novas-orientacoes-para-promover-aleitamento-materno-em-unidades-de-saude-de-todo-o-mundo&Itemid=820
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Amamentar para mim foi mais que especial!! Foi o maior vínculo que pude criar com meus filhos, foi uma cumplicidade sem comentários. Sentirei falta eternamente!!!💖💖💖💖💖💖
É um privilégio que a gente guarda no coração pra sempre!