O nascimento de um bebê é sempre motivo de grande alegria a família, é alegria que se renova, é um recomeço. Entretanto algumas vezes, nem tudo vai tão bem, algo inesperado acontece e o bebê vem antes do tempo (prematuro) ou por algum outro motivo precisa de cuidados especiais.
Quando algo acontece de errado e seu filho precisa ficar em uma UTI (unidade de terapia intensiva) neonatal, e agora?
Como fica a cabeça e o coração dessa mãe e dessa família?
O período de gestação e os primeiros contatos após o nascimento são essenciais para a construção do vínculo entre mãe e bebê, há um estilo próprio de interação. Quando se introduz cortes na relação, novos elementos entram em sua constituição. A mãe, que em geral atua em função da identificação com o bebê e da percepção intuitiva de suas necessidade, pode ser impedida de proporcionar e viver sensações para as quais se preparou.
Nesse post você vai encontrar
Ao entrarem na UTI pela primeira vez, os pais de bebe de UTI experimentam um misto de sensações, dentre as quais perplexidade e medo em face de uma realidade tão distante daquela idealizada inicialmente para o bebê. Mesmo aqueles pais que foram previamente informados sobre a necessidade de internação de seus filhos logo após o nascimento, mesmo aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer a UTI antes, experimentam um certo atordoamento, difícil de diminuir ainda nas primeiras visitas.
O volume da aparelhagem, os ruídos dos alarmes, o ir e vir de desconhecidos
profissionais, que utilizam palavras novas e estranhas e a sucessão de berços e incubadoras com crianças aparentemente tão diferentes da maioria dos outros bebês conhecidos (os nascidos a termo e saudáveis) são fatores que contribuem para um sentimento de irrealidade, corroborado por uma vontade muito forte, por parte dos pais, de que tudo isso nada mais fosse do que um pesadelo.
Só quem já teve um filhos nessas situações sabem como dói, dói ver o bebê na incubadora ao invés de estar em seus braços, dói imaginar o que ele possa estar sentindo, dói cada procedimento necessário, dói ir embora para casa de ventre e braços vazios.
Pouco a pouco, os pais e o recém nascido tentam se adaptar a essa realidade não desejada, o emocional dos pais fica bem bagunçado, uma sensação de fracasso, medo de perder o filho amado, esperança e torcida por qualquer sinal de melhora.
Assim, os pais vão descobrindo as competências de seu filho em pequenos comportamentos e expressões, que passam a ser indicadores também de sua saúde e de seu bom desenvolvimento.
Junto com os sentimentos confusos e ambíguos que surgem pelo medo
de perder o bebê, pela culpa (embora sem culpa) e até pela raiva de passar por essa desconfortável situação, os pais se concentram quase que exclusivamente no acompanhamento da evolução clínica, muitas vezes olhando mais para o papel ao lado que contém informações valiosas sobre o quadro da bebê do que o próprio contato com o recém nascido. Para o bebê de UTI também é muito diferente essa nova vida do que ele estava acostumado antes de nascer, então sabiamente ele concentra todas suas energias para sua auto regulação, muitas vezes deixando as pessoas em volta na espera por um sorriso ou um gesto de reconhecimento. O recém nascido se mostra quando está pronto a reagir com o meio.
Algumas mães tem muito medo de passar a mão no bebê na incubadora ou
pegá lo no colo, algumas conseguem superar esse medo que sentem no primeiro contato com seu bebê prematuro ou que tenha cuidados especiais. Com o tempo, elas vão percebendo que do mesmo modo que foram importantes para gerar aquela vida, agora mais do que nunca, são essenciais para mantê-la. Percebem que mesmo não podendo pegar no colo e amamentarem, o simples fato de estarem presentes, conversarem, acariciarem e tocarem significa muito para o RN, ajudando-o na sua recuperação.
A permanência prolongada dentro de um hospital, muitas vezes impede a mãe
de cuidar de si própria, de sua alimentação, cuidados, repouso, sono e também de seu companheiro e outros filhos. Se ela tem uma rede de apoio, é muito importante que estes estabeleçam uma escala de cuidados com a mãe, pois ela dificilmente irá deixar o hospital por muito tempo, sendo assim, necessário que auxiliem e verifiquem se está se alimentando, se hidratando, entre outros cuidados. Além do apoio emocional é necessário muito carinho com essa mulher.
Visto que, a permanência no alojamento materno pode atrapalhar na rotina da casa, em contra partida faz a mãe conviver com outras situações de vida além da sua, como o sofrimento de outras mulheres-mães de bebes de UTI. Nessa situação, ela se identifica com o sofrimento da outra mãe, uma vez que compartilham a situação de hospitalização dos seus filhos no período neonatal. Nesse contexto, as vezes enfrenta a morte de outra criança, ela se depara com as incertezas quanto ao futuro do próprio filho e vive com a outra mãe e consigo, o sofrimento advindo da sua semelhante.
As mães, conhecedoras da dimensão do sofrimento que as envolvem,
constroem uma rede de solidariedade e amizade entre si, motivadas pelas necessidades e experiências em comum. O novo cotidiano é gerador de novas possibilidades de relacionamento e de vínculos. Elas expressaram que, no convívio diário, preocupam-se umas com as outras, e compartilham as alegrias e as tristezas. Elas se ajudam e fortalecem, tornando-as mais corajosas, confiantes, tornando cada dia maior o amor por seus semelhantes e assim mais resistentes a passar por todo o processo.
E finalmente quando recebem a grande notícia de que seu bebê pode ir embora para casa, o sentimento é o melhor que se pode imaginar, é a maior alegria que existe. Mãe de bebe de UTI fica mais forte, mãe de bebe de UTI realmente sabe o que é a expressão ¨ter seu coração fora do peito.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
A Relação entre a mãe e o bebe prematuro internado em UTI neonatal-https://mamamiaamamentar.wordpress.com/2012/03/08/a-relacao-entre-a-mae-e-o-bebe-prematuro-internado-em-uti-neonatal/
Quando a vida começa diferente: o bebê e sua família na UTI neonatal-http://books.scielo.org/id/rqhtt
EXPERIÊNCIA DE PAIS NO CUIDAR DE RN NA UTI-NEONATAL: PASSANDO O MEU AMOR, A MINHA FORÇA E MINHA ENERGIA, ELE SE RECUPERA MAIS RÁPIDO-http://www.pucgoias.edu.br/ucg/institutos/nepss/monografia/monografia_10.pdf
O cotidiano no alojamento materno, das mães de crianças internadas em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal-http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v8n1/09
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Grata demais por esse texto. No dia que meu filho completou um mês fomos parar na uti com o diagnóstico de bronquiolite. Por aí foram 18 dias de internação.
Me faltam palavras pra explicar tudo que vivi dentro do hospital com ele. Um grande aprendizado. Principalmente quando me conectei a outras mulheres lá dentro. Esse texto trás luz vulgo entendimento pros dias que sao cinzas. Ainda bem que tive acesso.
Luíza, fico muito feliz que meu texto te ajudou.
Um abraco e muita saúde para seu bebe.