Amamentação – Por que o leite materno é o alimento ¨ouro¨?

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Fonte Francine Pires

Cada vez que uma mulher engravida é comum começarem a contar os ¨causos¨ e a darem seus muitos palpites. No momento em que o bebê nasce, nasce junto uma infinidade de dúvidas, afinal qual mãe não quer ser uma excelente mãe?

Quando se diz respeito a amamentação não é diferente. Toda mulher sabe que seu filho precisa se alimentar para viver, mas se alimentar de que? Leite, é claro! Qual leite é o ideal? Porque é tao importante o leite materno e como faço para ter sucesso na amamentação?

Tudo começa no pós parto imediato!

A magia começa no contato pele a pele mãe e bebê, pesquisas científicas

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comprovam os benéficos fisiológicos e psicossociais tanto para mães como para os recém nascidos. Esse contato deve se iniciar imediatamente após o nascimento, ser contínuo, sustentado e duradouro com todo binômio mãe/filho saudáveis.

 

O bebê logo após o nascimento, passa por uma fase chamada inatividade alerta, com uma duração media de quarenta minutos, é uma fase de vigia que serve para o reconhecimento das partes, onde deve acontecer a exploração do corpo da mãe pelo bebê. O contato entre ambos deve ser estimulado e os procedimentos de rotina com bebê aguardados para realização sempre que for baixo risco, esse contato faz com que mãe e filho entrem em sintonia impar, acalmando, recebendo auxilio na estabilização sanguínea, nos batimentos cardíacos e respiração da criança.

Além disso, reduz o choro e o estresse do neonato com menor perda de calor, o contato faz com que se mantenha aquecido pela transferência de calor de sua mãe. O bebê sai do útero em uma temperatura de aproximadamente 37 graus para o ambiente extrauterino com temperaturas bem abaixo, nenhum outro lugar, berço aquecido ou cobertor podem ser tão eficientes e benéficos como o seio de sua mãe.

Um importante destaque aos benefícios do contato imediado vai a amamentação, ao tornar a sucção eficiente e perdurável, aumenta a

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prevalência e duração da lactação, além de influenciar positivamente a relação e vinculo mãe e bebê.

A sucção, deglutição e respiração, funções primárias do bebê, são desenvolvidas através de uma correta forma de amamentação, devendo constituir um sistema equilibrado. Mamar não supre apenas a necessidade de alimentação, satisfazendo duas “fomes”: a fome de se nutrir, de se sentir alimentado, como também a “fome” de sucção, que envolve componentes emocionais, psicológicos e orgânicos. Essas duas “fomes” devem estar em equilíbrio, caso contrário, a necessidade de sucção pode não ser alcançada, causando uma insatisfação emocional, e assim a criança buscará substitutos como dedo, aceitará a chupeta, ou objetos, adquirindo hábitos danosos.

Os benefícios param por aí?

Além dos benefícios que citamos acima ainda podemos destacar outros pontos, a amamentação propicia o contato físico entre mãe e bebê, estimulado pela pele e sentidos. Se o ato de amamentar for feito com amor, carinho, sem pressa, sem interferências, o bebê não só será atendido nutricionalmente, mas sentirá o prazer de ser segurado pelos braços de sua mãe, de ouvir sua voz, seus batimentos cardíacos assim como ouvia dentro do útero, sentir seu cheiro, carícias, olhar seus olhos, podendo até ser recompensado por algum estresse no trabalho de parto ou cesária.

oun *-*

No ato de amamentar, é desenvolvida a musculatura e ossatura bucal, proporcionando o desenvolvimento facial harmônico. Respiração, fonação, mordidas cruzadas, abertas, problemas temporomandibulares, diarreias, bronquites, gripes e outros problemas relacionados a microrganismos podem ser evitados devido as propriedades antiinfectivas presentes no colostro e leite materno.

Ainda podemos citar, a eliminação da ictericia, proteção de anemia devido

Fonte própria

ao ferro em alta biodisponibilidade, evitar ou tratar alergias, apresentação de QI elevado em comparação com crianças que foram pouco amamentadas, podemos ainda estender os benefícios até a fase adulta evitando diabetes, doenças cardiovasculares e problemas de visão.

Para a mulher, a amamentação promove inúmeras vantagens, a diminuição e/ou ausência do Baby Blues e da depressão pós parto, contratibilidade uterina, aumento do apetite sexual pós parto mais rápido, redução de estresse e mau humor devido ao hormônio ocitocina que é liberado na corrente sanguínea durante a a amamentação em altos níveis, liberação da placenta, diminuição do sangramento pós parto e consequentemente diminuição de anemia, retardo da volta a menstruar e com isso uma proteção de 98% nos primeiros seis meses e 96% nos demais de uma nova gravidez, desde que amamentação seja em livre demanda, melhor retorno da forma física, diminuição do risco de câncer de ovário e mama, menor risco de desenvolver atrite reumatoide e osteoporose na terceira idade.

Conforme os estudo já comprovaram os benefícios imunológicos, nutricionais e psicossociais tanto para a mulher como para a criança, é de extrema importância que profissionais e instituições de parto proporcionem e estimulem esse contato. Foi lançada em 1991 pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) e adotada por milhares de hospitais em vários países, passos para o sucesso no aleitamento materno e o contato imediado é um deles.

Desromantizando a amamentação

Já sabemos os infinitos benefícios da amamentação,  porém toda mulher nasce sabendo dar de mama e todo bebê sabendo mamar? Não existem dificuldades?

O que vemos nas propagandas perfeitas na televisão, são mulheres lindas e

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maquiadas com seus bebês fofinhos mamando tranquilamente, o tipico ¨Comercial de Doriana¨ da família feliz. Qual é a parte que ninguém conta e faz com que você se sinta um estranho no ninho?

O leite não desce imediatamente após o nascimento do bebê, no entanto não é necessário dar formula pois o colostro supre perfeitamente as necessidades do recém nascido, o leite costuma desce de 48 a 72 horas após o parto, porém esse processo é uma adaptação a demanda e oferta, normalmente nesse período vem bastante leite muitas vezes causando desconforto, inchaço, peito jorrando leite e certa dor, com a pega correta e o bebê mamando bem tudo se normaliza.

Alguém falou em pega??

Tem bebês que vem com uma boquinha econômica, causando fissuras nos mamilos e consequentemente muita dor. Essa dor acaba sendo um dos maiores desafios da amamentação e a causa de muitos desmames precoces. Muitas mulheres pensam que é normal sentir dor ao amamentar, que precisa insensibilizar, que vai se acostumar, não tem que esperar, não tem que sofrer, dor não é normal ao amamentar, sim a amamentação com dor está errada, a amamentação é sim muito prazerosa.

Existem profissionais capacitados a darem auxílio na amamentação, ajudam na correção da pega do bebê, no posicionamento do bebê no corpo da mãe e no conforto dessa mulher.

Passados todos os ¨perrengues¨ do início como o peito rígido, leite jorrando, bico ferido, tem a parte em que mulheres se sentem prisioneiras dentro de suas próprias casas, pois tem ainda o fardo de que ¨o bebê não pode sair¨, ¨não tomou vacina¨, ¨se a mãe sair e o bebê quiser mamar¨, ¨seu bebê é magrinho demais¨, ¨seu leite é fraco¨, ¨o bebê só chora, dá chupeta para acalmar¨, ¨não tem leite¨, ¨seu peito é muito pequeno¨, ¨seu peito é grande demais para o bebê¨, ¨tenho mamilo plano, invertido ou grande demais¨. Deus não daria a capacidade de gerar, mas não a de nutrir!

E agora?

Ilustração de bebê chorando

A principal ¨dica¨ é aprenda a conhecer seu filho, bebês choram, todos choram, é o único meio de comunicação que eles tem, então não se desespere pois ¨meu filho só chora¨, vamos ir por eliminação. Ele está com a fralda limpa, está com roupa confortável a temperatura, nem muita e nem pouca, está com sono, o ambiente não está com som ou luz excessiva para uma criança que acaba de chegar a esse ¨mundão¨, possíveis dores, não está com fome, essas e muitas outras peguntas devem ser feitas ao reconhecer a necessidade de seu filho .

O bom posicionamento do bebê e a pega correta vai muito além das fissuras, trata se de uma boa transferência de leite, fazendo mamadas efetivas irá ganhar mais peso, crescer, dormir melhor, ficará mais tranquilo e saudável, as mamas terão um bom esvaziamento e uma produção adequada.

Ah, mas eu não posso sair pois o bebê não tem vacinas, o aleitamento é uma potente ¨vacina¨, além disso você pode sair a lugares abertos, em horários de sol fraco, boa ventilação, sem um número exagerado de pessoas no mesmo ambiente, isso fará bem a mãe e estimulará o bebê vendo outras paisagens.

Quanto aos tamanhos e formatos de peitos e mamilos, não interferem na amamentação, pois o bebê deve abocanhar a aréola e a produção é feita nas glândulas mamárias independente do tamanho do seio.

A industrialização e a urbanização crescentes implantaram novas rotinas e hábitos na alimentação, atingindo também mães e filhos. Em meados do século XX, a indústria moderna introduziu o leite em pó que, através de

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intensas campanhas de incentivo, foi conquistando o mercado com sua facilidade e praticidade. Este fato, associado a fatores sociais (aumento de números de mães trabalhando fora) e culturais (falta de informação sobre os benefícios da amamentação, causas referidas como “a criança não quis mais”, “tenho pouco leite” ou crenças “leite é fraco”), além do medo em relação à estética do seio, ocasionaram a falta de estímulo à prática da amamentação. Hoje, esses fatores continuam existindo exceto em relação à informação, que é bem divulgada por ser um assunto em voga, porém a indústria bate forte na cabeça da população, mesmo muitas vezes sendo subliminar.

Puxa, mas meu relacionamento não é mais o mesmo, gostaria de sair sem o bebê e se eu sair e ele quiser mamar? Pode se ordenhar o leite e deixar congelado para ser ofertado por outras pessoa, porém é importante que o leite seja armazenado de maneira correta, deixado descongelar na geladeira, aquecido ao banho maria e ofertado ao bebê em um copinho, para que mamadeiras e bicos artificiais não interfiram na amamentação, causando a tão famosa ¨confusão de bicos¨ e seus infinitos malefícios.

Bom, mas isso é papo para um outro texto…

E para fecharmos sem deixar uma ¨luz¨ para quem precisa de uma ajuda maior, fica a dica, uma consultora em aleitamento irá esclarecer todas as suas dúvidas, medos, inseguranças, auxiliar no posicionamento, abocanhamento, ordenha, técnicas de alívio, armazenamento e oferta do leite ao bebê, auxiliar em todos os processos desde o inicio até ao desmame gentil que deve ocorrer quando a mãe desejar, lembrando que a OMS preconiza que o aleitamento materno deve acontecer até os dois anos ou mais.

 

Referencias Bibliográficas

Contato pele a pele – https://www.redalyc.org/html/2670/267019463020/

Amamentação natural como fonte de prevenção em saúde – https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232008000100015&script=sci_arttext&tlng=pt

Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde – Saúde da Criança – Aleitamento Materno e Alimentação complementar (caderno 23)- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf

Apoio ao aleitamento materno pelos profissionais de saúde: revisão integrativa da literatura – http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n3/0103-0582-rpp-33-03-0355.pdf

 

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