Será que tenho leite suficiente?

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Imagem do arquivo pessoal

É comum entre as gestantes já se preocuparem com amamentação durante a gestação e sentirem muito medo de não ter leite ou não ter leite suficiente e não conseguirem amamentar seu (s) bebê (s). Muitas vezes esse medo se torna até maior do que o próprio parto ou a dor do parto em si.

Este medo volta a aparecer acompanhado de insegurança e angústia assim que o bebê nasce. Nos vemos com aquele pacotinho fofo e quentinho nos braços e agora não tem volta, a realidade é bem diferente do que sonhamos durante a gestação.  Ele é um bebê real, está ali diante de nós e somos nós as responsáveis por aquela vidinha frágil e totalmente dependente de nós; somos nós que temos a missão incrível e divina de sermos fonte de alimento para esse novo ser e aos primeiros chorinhos surgem o desespero e a cobrança de saber imediatamente atender as necessidades desse bebê.

É aí que também surgem os fantasmas da amamentação, afinal quem nunca ouviu relatos de alguma amiga, vizinha, parente, ou comadre da cunhada do seu primo, dizendo algo do tipo: “queria muito amamentar, mas não tive leite”, “meu leite era fraco”, “tive pouco leite, não sustentava meu bebê. ”

Infelizmente o que acontece na maioria das vezes é a falta de informação e digo mais, não somente com relação a amamentar, mas também quanto ao comportamento do bebê recém-nascido; que faz toda diferença para entender que o choro do bebê e as mamadas frequentes, não estão relacionados somente a fome; antes da mãe se culpar e achar que o problema está sempre nela, que está produzindo “pouco leite” ou que “não está produzindo leite”, ou ainda que seu “leite não desceu”; ela deve se informar e muito sobre esses assuntos.

Outros fantasmas que assombram o desejo da mulher ao amamentar são: a falta de apoio e de incentivo da família, falta de auxílio com a pega correta do bebê ao seio (quando necessário), os muitos mitos e crenças que rondam a amamentação há décadas e que muitas vezes confundem as idéias e minam com a auto-confiança da mulher, e a guerra desleal da indústria para promover a venda do leite artificial, complementos, chupetas e mamadeiras.

Se você chegou até aqui lutando para vencer o sistema para ter seu parto normal humanizado, independentemente do desfecho de seu parto, não baixe a guarda! Se prepare para iniciar o próximo round: Amamentação x Sistema e palpiteiros de plantão.

Amamentação X Desinformação

Amamentação prolongada-bebe-2 anos
por Gian Cornoló

Você não está sozinha, “tamu junto” nessa luta! Então vamos nos preparar pra entrar em combate munidas de muita informação.

Vejamos agora TOP DEZ tópicos para nocautear seus adversários (internos e externos):

#1 – O leite não é produzido somente no peito, mas também na sua cabeça.

#2 – O peito não é estoque, o peito é fábrica e o leite é produzido conforme a demanda.

#3 – A livre demanda estimula a produção de leite e ajusta a produção à demanda do bebê, quanto mais o bebe mama, mais leite a mãe produz; principalmente à noite que é quando se elevam os níveis do hormônio prolactina.

#4 – O bebê não chora só por fome, mas também por frio, calor, colo, sono, medo, ou simplesmente por querer a mamãe.

#5 – Não existe leite fraco, mas baixa produção de leite sim.

#6 – Baixa produção de leite, está relacionada entre outros fatores, também à sucção ineficiente do bebê (pega incorreta).

#7– O uso de bicos de silicone impede e dificulta a drenagem correta do leite pelo bebê, quando ele não ordenha e não esgota a mama corretamente, ele não ingere o suficiente para saciar sua fome.

#8 – Redução mamária ou prótese de silicone não atrapalham a produção de leite.

#9 – O leite materno é um alimento completo, portanto o bebê não necessita de água ou chá, somente aleitamento exclusivo até 6 meses de idade.

#10 – O leite materno é leve, puro e natural e livre de qualquer química, portanto é de rápida absorção e digestão, por isso as mamadas podem ser mais frequentes.

Mas meu leite não desceu! A descida do leite e Apojadura.

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Imagem do arquivo pessoal

Calma! Muita calma nessa hora! É muito comum as mães recém paridas acharem que o leite já estaria ali armazenado ou iria descer logo após o bebê nascer e também muito comum essas mães entrarem em desespero quando elas mesmas ou alguns engraçadinhos de plantão começam com as sessões de espremer o seio de hora em hora, pra ver se tem leite e a decepção de não esguichar leite pra todo lado.

Keep calm! Você ainda terá o prazer de esguichar sim, mas tudo ao seu tempo. A descida do leite acontece em média de 5 a 7 dias, nos primeiros dias seu corpo produzirá o colostro, que é um líquido de consistência mais espessa e cor amarelada ou transparente, extremamente rico em anticorpos, a primeira vacina do bebê, produzida em pequenas quantidades perfeitamente suficientes para o estômago do recém-nascido nos primeiros dias de vida.

De 5 a 7 dias o colostro transforma-se no leite de transição, um leite intermediário de cor mais clara e em quantidade mais volumosa e vem com a apojadura, que é o fenômeno que acontece nesta fase; em que as mamas ficam maiores, bem cheias, inchadas e podem gerar desconfortos e dor.

E de 15 a 20 dias o leite de transição passa para o leite maduro, com cor mais esbranquiçada e consistência mais densa e em maior quantidade, com maior teor e gordura e proteínas.

É muito importante conhecer essas fases e entender que tudo tem seu tempo e a natureza do corpo humano é sensacional, então segura ansiedade e confie que seu leite tem tudo que sua bebê precisa.

Como saber se meu bebê está mamando de forma eficiente?

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por Aline Baldassim

Observe os seguintes fatores: Fezes e Xixi estão normais?

Fezes em pequenas quantidades com aspecto seco e duro e xixi em pouca quantidade podem ser sinais de pouco volume de leite ingerido. Se você troca muitas fraldas de xixi (média de 6 a 8 fraldas) por dia as fezes estão com consistência mole e pastosa, fique tranquila, pois ele está bem hidratado.

Como está o ganho de peso?

Calma, não se apavore buscando um X de ganho de peso ideal, pois isso varia de bebê para bebê. Porém ele não deve estar perdendo peso excessivamente (exceto o peso que ele perde após o nascimento com relação ao peso que nasceu, que é totalmente normal em função da eliminação de líquidos, principalmente água até o sexto dia de vida). Geralmente a média de ganho do bebê no primeiro trimestre é 25g ao dia, é somente uma média, mas o baixo ganho de peso pode estar relacionado a ingestão insuficiente de leite e ocasionalmente com a real baixa produção de leite materno.

Outros fatores que devem ser observados antes de ter uma conclusão precoce e equivocada são:

  • Pega está correta e o bebê está bem posicionado.
  • Alívio e sensação de esgotamento das mamas após as mamadas.
  • Você determina horários e duração das mamadas? Espera o bebê determinar o tempo da mamada e soltar o seio quando está saciado ou interrompe as mamadas?
  • O bebê suga o seio num ritmo contínuo sem distrações e sem ficar largando o seio a todo momento?
  • O bebê fica muito sonolento e dorme ao peito sem mamar completamente?
  • Se você utiliza bicos artificiais, como mamadeira e chupeta; saibam que há riscos de confusão de bicos e o bebê pode “desaprender” a ordenha ao seio se acostumando a mamadeira, que é mais fácil e não requer esforço e causar desmame precoce.

Estes fatores acima relacionados podem causar a ingestão insuficiente de leite e consequentemente a perda de peso do bebê e não sendo a falta de leite materno o problema.

Curiosidades Importantes:

  • O tamanho do estômago de um bebê recém-nascido é muito pequeno, comparado ao tamanho de uma cereja no 1º dia de vida e vai a aumentando gradativamente; e chega ao tamanho de um ovo grande com 1 Mês de vida, por isso das mamadas frequentes e em curtos intervalos.
  • O leite final da mamada é até 5 vezes mais rico em gordura do que o leite inicial, portanto é preciso deixar que o bebê determine o tempo de mamada em cada seio, e mamem todo o leite que necessitam até estarem saciados.
  • Nenhuma esgotadeira manual ou elétrica e nem mesmo sua ordenha manual se compara a sucção humana de um bebê; sua ordenha é incomparavelmente mais eficiente. Portanto é totalmente normal não conseguir extrair seu próprio leite, pois isso também é uma questão de técnica que se adquiri com o tempo e não quer dizer que você não tenha leite.
  • O tamanho das suas mamas não significa mais ou menos leite.
  • Seios murchos e/ou que não vazam leite também são totalmente normais, pois eles geralmente só ficam bem cheios e vazam durante a fase inicial da apojadura, quando a produção ainda não está ajustada a demanda, ou quando se passa muito tempo sem amamentar.

Tenho pouco leite mesmo e agora?

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Imagem Pixabay

 

Primeiro busque um diagnóstico verdadeiro de hipogalactia através de um profissional que te ofereça compreensão e apoio e avalie a amamentação como um todo em todos os fatores.

Algumas das causas de autêntica hipogalactia são: Hipotireoidismo, Retenção da placenta, Hipoplasia mamária, Síndrome do ovário policístico, entre outras causas bem raras.

Excluindo os casos acima, os principais motivos da baixa produção de leite podem ser emocionais: Como cansaço e exaustão extrema, privação de sono, estresse, descontrole emocional, depressão.

Na maioria das vezes alguns cuidados como buscar descansar, relaxar, ingerir mais água por dia, manter uma alimentação balanceada rica em vitaminas, proteínas e em boas quantidades, realizar atividades que te deem prazer, seja um passeio com suas amigas uma tarde ou outra, ou com seu bebê e sua família para espairecer a cabeça.

Em alguns casos é necessário buscar auxilio profissional, como consultoras / facilitadoras de amamentação, pediatras que incentivem a amamentação e também buscar uma rede de apoio de amigos, rodas de mulheres / casais e familiares que sejam pró amamentação, ajudarão muito a elevar sua confiança e te oferecer acolhimento.

Outros motivos da baixa produção de leite podem ser: baixa ingestão de água, pega e posicionamento incorretos, mamadas muito curtas e ineficientes, mamadas com intervalos muito longos e horários estipulados, ingurgitamento mamário, uso de fórmulas e bicos artificiais, freio lingual curto no bebê; que pode interferir na pega correta causando fissuras e ingurgitamento ou obstrução dos ductos, consequentemente afetando a produção.

Como estimular a produção de leite? Devo complementar?

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por Simone Braga

O estímulo da sucção do bebê ao seio é o único meio comprovado para aumentar a produção de leite materno e na maioria das vezes pode se obter sucesso com a amamentação frequente e em posição correta. Mas é óbvio que quanto mais hidratada e bem nutrida, de corpo e de mente saudáveis a mãe estiver, melhor ela estará para amamentar seu bebê e tudo que for refletir positivamente no seu bem-estar físico e emocional mais uma boa dose de confiança, irá contribuir e muito numa amamentação bem-sucedida.

 

Mas se você já tentou de tudo, está bem informada e orientada, e há necessidade real de complementar; procure um pediatra para encontrar a fórmula de leite artificial ideal para seu bebê, mas esclareça sua vontade de continuar amamentando para que este apoie e respeite sua decisão e te oriente da melhor maneira possível.

Sendo assim, priorize sempre o peito e tente dar mais o peito e apenas complementar com leite artificial e não o contrário, para não correr maiores riscos de desmame precoce.

Você pode ainda, optar pela relactação, que é recomendada em situações que se faz necessário complementar, ou retomar a amamentação exclusiva, até mesmo para estimular a produção de leite e também em lindos casos de adoção em que as mães desejam amamentar e estimular a produção.

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por Bruna Franco

 

Trata-se de um mecanismo onde o leite artificial ou materno é oferecido através de uma sonda que é acoplada a mamadeira e a outra ponta é fixada ao bico do seio, servindo como um canudinho; o bebê suga o “canudinho” e o seio ao mesmo tempo, preservando os estímulos, produção dos hormônios e o vínculo entre mãe e bebê.

A individualidade do binômio Mãe & bebê 

Amamentação prolongada-bebê-2anos-seio-leite materno
por Gian Cornoló

Cada mãe e seu bebê tem sua forma de amamentar e mamar… Mães   que têm imenso prazer de oferecer o peito o tempo todo e outras nem tanto; e isso é algo íntimo, único e deve ser respeitado. Como há bebes que demandam mais o seio e outros menos… veja alguns exemplos:

Bebês 220 V: Bebês elétricos, muito ativos e agitados e por isso queimam mais energia e mamam mais.

Bebês soneca: São os bebês dorminhocos e passam boas horas do dia na soneca e que não querem nem acordar pro Tetê… São tão preguiçosos, que as vezes é necessário tirar a roupinha toda e passar um algodãozinho nos pezinhos pra mamarem.

Bebês bolotinhas: Que ganham peso rápido e viram uma bolotinha fofa delícia e todo mundo te pergunta: Tá só no leite materno???!!

Bebês fitness: Que ganham menos peso e são mais magrinhos, pequeninos e delicadinhos porém, totalmente saudáveis e fortes dentro da sua natureza esbelta.

Bebês piercing de mamilo: Bebês de alta demanda que são chegados meeesmo num tetê e podem ter acabado de almoçar que querem um tetezinho de sobremesa e não perdoam nem os seios do manequim nas lojas.

Bebês temperamentais: Que só mamam quando ou onde querem, as vezes fazem graça ou greve e ainda escolhem um seio preferido e recusam o outro… cheios de querer.

Ou seja, não; seu bebê não veio com uma bula de amamentação indicando a posologia e não há contra-indicação! E lembre-se que os efeitos colaterais, são amor, amor e mais amor, então na dúvida: Tetê, tetê e mais tetê! Cuidado pode causar dependência! Só pra não dizer que eu não avisei.

Antes de tudo a mãe precisa despir-se de qualquer crença, pudor e expectativa com relação ao seu corpo, seu bebê e com relação a amamentação. Precisa verdadeiramente e intimamente se olhar lá dentro e de forma profunda, se sentir, compreender seus desejos e como quer conduzir essa experiência, ouvir-se e se deixar levar pelo instinto, pelo natural.

Creia firmemente na sua capacidade de nutrir seu bebê, creia na perfeição do seu corpo e na natureza divina e sábia. Confie em seu bebê, ele sabe o que fazer, ele aprenderá como fazer, vocês estão aprendendo… teu corpo também sabe, tua mente também precisa saber, vocês sabem e aprendem juntos e só vocês, de novo SÓ VOCÊS se conhecem e se nutrem mutuamente.

Referências Bibliográficas:

  • Manual Prático de Aleitamento Materno, Dr. Carlos Gonzáles – 2018

 

  • Posição e pega correta ao peito

http://www.acpam.org/la-posicion-al-pecho/

http://biologicalnurturing.com/assets/articles/Colson%202005%20PM%208%2011%2029-32.pdf

  • 10 Fatos sobre Aleitamento Materno

http://www.who.int/features/factfiles/breastfeeding/facts/en/

  • Aleitamento Materno

http://www.bvsam.icict.fiocruz.br/

http://pesquisa.homolog.bvsalud.org/aleitamentomaterno/?output=site&lang=pt&from=0&sort=&format=summary&count=20&fb=&page=1&filter%5Bdb%5D%5B%5D=BVSAM&q=&index=tw

  • Atualidades em Amamentação

http://www.ibfan.org.br/site/documentos/atualidades-amamentacao/atualidades-em-amamentacao-as-vantagens-desvantagens-e-riscos-dos-alimentos-prontos-para-o-consumo-56-e-57.html

http://www.ibfan.org.br/site/documentos/outras-publicacoes/tendencia-de-indicadores-do-aleitamento-materno-no-brasil-em-tres-decadas.html

  • Industria e o Leite Materno

http://www.ibfan.org.br/site/noticias/industria-muda-tatica-para-competir-com-o-leite-materno.html

  •  Benefícios do Aleitamento Materno para a mulher e a criança

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008001400009

  •  Hábitos prejudiciais à amamentação

http://www.scielo.br/pdf/jped/v79n4/v79n4a04

 

 

 

 

 

 

 

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